Um dos maiores cogumelos do mundo aparece na Botânica da UFSC, em Florianópolis

Uma espécie rara de fungo, que produz um dos maiores cogumelos do mundo, com o chapeu podendo chegar até 80 centímetros de diâmetro, está crescendo no Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no bairro Trindade, em Florianópolis. O cogumelo pode ser visitado no local, desde que os visitantes respeitem as faixas de segurança e evitem tocá-lo. A espécie, denominada Kusaghiporia talpae, foi encontrada na base de uma árvore, próxima à composteira do departamento.

Fungo pode chegar a 80 centímetros de diâmetro. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

O fungo pertence à família Laetiporaceae, conhecida por abrigar espécies parasitas de plantas. Elisandro Ricardo Drechsler dos Santos, professor e pesquisador da UFSC,  estuda essa espécie desde 2011 e participou de um artigo científico que, em 2022, descreveu essa e outras espécies da mesma família. O artigo, publicado em inglês, pode ser acessado pelo link.

Cogumelo nasceu no Departamento de Botânica, provavelmente por conta de depósito de material orgânico. Foto: Gustavo Diehl/Agecom/UFSC

“Essa é uma das maiores e mais intrigantes espécies de fungos que ocorrem no Brasil! Inclusive, já viajei centenas de quilômetros para coletar essa espécie em outras cidades”, comenta o pesquisador. Ele alerta que, rapidamente, o cogumelo atinge a maturidade e entra em estado de decomposição. “É difícil determinar o tempo exato, mas, em poucas semanas, ele já desaparece.”

Ricardo explica que ainda há pouco conhecimento sobre a fenologia e a biologia do Kusaghiporia talpae. “É muito provável que, por pertencer a uma família de parasitas, ele esteja associado às raízes de alguma planta do departamento”, afirma. O pesquisador também destaca que, em suas observações, o fungo tende a aparecer apenas em determinados períodos do ano.

Acompanhe o crescimento do fungo nas fotos:




A espécie ocorre naturalmente no bioma da Mata Atlântica. Ricardo teoriza que, como a área da Botânica é um pequeno fragmento desse bioma, o fungo tenha encontrado os recursos necessários para seu esporo se desenvolver. “A Botânica é uma área bastante antropizada [que sofreu muito a ação humana], mas vem recebendo muita matéria orgânica. Toda a poda e os cortes de grama feitos no campus são levados para lá”, explica. Ele acredita que esse acúmulo de matéria orgânica pode ter enriquecido o ambiente e favorecido o desenvolvimento do fungo.

 

Professor Ricardo ao lado de um fungo Kusaghiporia talpae completamente crescido. Foto de 2014. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

 

Mateus Mendonça |[email protected]
Estagiário da Agecom | UFSC

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