Novas regras da Meta, dona do Instagram e do Facebook, devem afetar 97% da moderação contra discurso de ódio, diz estudo


Em janeiro, Meta anunciou que postagens com violações de menor gravidade deverão ser denunciadas pelos usuários para passarem por revisão. Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH) disse que mudança pode resultar em onda de 277 milhões de publicações com conteúdo prejudicial. Facebook e Instagram
AP Photo/Richard Drew
A nova política de moderação da Meta, dona do Instagram e do Facebook, deve afetar 97% das ações de revisores em áreas como discurso de ódio e incitação à violência, disse na segunda-feira (24) um estudo do Centro de Combate ao Ódio Digital (CCDH, na sigla em inglês).
O CCDH, organização não governamental que atua contra a desinformação na internet, afirmou que o fim da checagem de fatos nos Estados Unidos e dos sistemas de detecção de discurso de ódio pela Meta pode ajudar a aumentar a “desinformação e o conteúdo perigoso” nas redes da empresa.
Em 7 de janeiro, o presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, disse que a checagem de fatos nos EUA seria substituída pelas “notas das comunidade”, modelo usado no X em que os próprios usuários fazem as correções.
As novas regras definem ainda que os sistemas de detecção proativa devem agir somente em casos considerados pela empresa como violações legais e de alta gravidade. Os casos de menor gravidade dependerão de denúncias feitas por usuários.
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“Nossa análise mostra que, em todas as áreas de políticas onde a Meta poderia interromper a revisão proativa, mais de 97% das ações de revisão da Meta foram proativas no ano passado, com menos de 3% feitas em resposta a denúncias de usuários”, diz o CCDH.
“Estimamos que a Meta tomou medidas proativas contra 277 milhões de postagens corretamente identificadas como prejudiciais no ano passado. Isso abrange áreas de políticas nas quais a Meta pode interromper a revisão proativa, como discurso de ódio”.
A organização diz que a moderação da Meta também deve ser afrouxada em postagens ligadas a bullying e assédio, ódio organizado, suicídio e automutilação, e conteúdo violento e gráfico.
A mudança foi anunciada pela Meta dias antes da posse do presidente dos EUA, Donald Trump. Na ocasião, Zuckerberg disse acreditar que a eleição marcou um “ponto de inflexão cultural” que dá “prioridade à liberdade de expressão”.
A empresa acrescentou que deseja “simplificar” suas regras e “abolir uma série de limites em questões como imigração e gênero, que não fazem mais parte do discurso dominante”.
Na última quinta-feira (20), foi a vez do bilionário Elon Musk anunciar uma mudança de política em sua rede social X. Colaborador do governo Trump, Musk prometeu “consertar” um recurso que permite aos usuários rejeitar ou classificar publicações potencialmente falsas.
Para o chefe da CCDH, Imran Ahmed, ainda que as classificações da comunidade sejam “uma adição bem-vinda às medidas de segurança da plataforma”, o modelo baseado na participação do usuário “não pode e nunca substituirá totalmente as equipes de moderação dedicadas e a detecção de inteligência artificial”.
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