Para melhorar os serviços urbanos

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Quando comecei a trabalhar como engenheiro civil no início da década de 60, as cidades brasileiras passavam por um explosivo processo de crescimento da sua população e adensamento em alguns bairros decorrentes da construção de arranha céus residenciais e comerciais. Generalizou-se na época, certamente visando a rapidez em iniciar construções, a prática de se enviar o projeto de arquitetura para a obra de forma simultânea ao envio para calculista das estruturas de concreto, para o projetista das instalações elétricas, para o projetista das instalações hidráulicas e sanitárias e para outros escritórios especializados, quando a complexidade da obra em questão assim demandava.

Na medida em que estes projetos especializados ficavam prontos, eram enviados para a obra, onde havia um engenheiro residente incumbido de compatibilizar os vários aspectos técnicos – às vezes já com as obras em andamento. Isso ocasionava inúmeros problemas hoje perceptíveis em colunas engrossadas para esconder tubulações, paredes que não se pode demolir por terem pilares de concreto em seus interiores e limitação da ampliação do uso de eletricidade, pois aparelhos como os de ar-condicionado eram pouquíssimos empregados.

Tive a sorte de trabalhar na Severo e Villares, do Rio de Janeiro, empresa sucessora do escritório técnico Ramos de Azevedo, este um engenheiro construtor do Viaduto do Chá e do Theatro Municipal de São Paulo, algumas das complexas obras civis realizadas no país. Na Severo era dogma só se iniciar a construção após uma etapa chamada “coordenação de projetos”, onde no escritório se conciliava os diversos projetos especializados de forma que houvesse o mínimo de necessidade de adaptações, nem sempre as mais felizes, no canteiro de obras.

Um exemplo da importância desta coordenação se viu no processo de construção/reconstrução dos diversos estádios de futebol necessários para recebermos a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Um dos poucos onde a obra transcorreu sem sustos, atrasos ou imperfeições foi o Mineirão, cujo arquiteto, Gustavo Penna, filho de um grande engenheiro da geração de meus mestres, me falou da coordenação prévia de 37 projetos de engenharia especializada efetuada por seu escritório de arquitetura antes que plantas fossem enviadas para a obra.

Estas reflexões, importantes em uma construção individual, quando levadas ao que ocorre no plano do crescimento urbano das cidades brasileiras são preocupantes e, de certa forma, explicam o caos reinante da sua adaptação à vida atual. Basta imaginar que, em muitos centros urbanos e bairros mais tradicionais, o automóvel não era de uso generalizado; os edifícios não possuíam garagens; as redes de eletricidade – seja em postes ou canalizações subterrâneas – não existiam; as redes de água, que só começaram a ser instaladas no final do século XIX, serviam prédios de dois ou três andares no máximo, sendo mais comum servir casas; o gás encanado só tem se generalizado muito recentemente; e os dutos de internet e fibras óticas mais recentemente ainda. E o que falar da telefonia, cujos cabos poluem visualmente todos os bairros da cidade?

O estado de obras permanentes que desde a década de 50 a maioria das cidades vem experimentando tem também na arborização inadequada um sério problema, pois a interferência dos galhos ou das raízes impõe constantes reparos, perdas ou vazamentos em muitos destes serviços. A isto tudo somamos os transportes públicos com suas vias dedicadas e os particulares, onde além de competir entre si automóveis, motos, ônibus e bicicletas, invadem calçadas e locais dedicados a pedestres, causando incontáveis acidentes.

Quando a Light era concessionária de eletricidade, gás, transporte e telefonia no Rio de
Janeiro, ela chegou a manter um excepcional cadastro das vias urbanas e do subsolo carioca, trabalho que demandava a ocupação de centenas de desenhistas no primeiro e no segundo andar de sua sede no Rio de Janeiro. Com o desmembramento da companhia, tais serviços foram descontinuados e passou a imperar o “cada um por si”, combinado com a omissão da prefeitura no tocante ao planejamento urbano que disciplinasse a expansão da cidade. O resultado aí está na forma de uma região metropolitana com mais de 20% de suas habitações em condições sub-humanas, sujeitas a riscos de vida em épocas de chuvas mais fortes, além de toda série de disfuncionalidades que sabemos: perdas elétricas e vazamentos de água elevados, enorme tempo de transporte em vias super congestionadas, poluição, gastos excessivos de manutenção de serviços urbanos e sua congênita precariedade.

Os problemas do Rio de Janeiro e de São Paulo não serão resolvidos pela ação individual de suas prefeituras ou qualquer uma de suas concessionárias, havendo necessidade em cada uma dessas cidades de uma forte liderança na questão da implantação de soluções urbanísticas e cumprimento das posturas e ordenações urbanas.

O grande problema que este artigo aponta se manifesta diariamente na vida dos habitantes que levam tombos nas calçadas, têm o pneu de seus carros furados por tampas de bueiros fora do nível, vêem a companhia de águas rasgar o asfalto para colocar uma tubulação e, tão logo ele é reparado, ser rasgado de novo pela companhia de gás ou eletricidade, com inevitáveis sobrecustos e prejuízos ao trânsito. Tudo isso é fator de queda na produtividade brasileira e dos altos custos, proibitivos mesmo, que estão atingindo a prestação de serviços públicos no Brasil.

José Luiz Alquéres foi professor da PUC-RJ, da FAU-UFRJ e dos cursos de MBA da FGV e IBMEC.

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Fonte

Diario do Poder

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