Vídeos retirados de sigilo expõem Moraes pressionando Mauro Cid com ameaças durante delação premiada

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Em uma audiência marcada por pressões explícitas, o ministro Alexandre de Moraes conduziu pessoalmente o interrogatório do tenente-coronel Mauro Cid, fazendo ameaças diretas sobre possível prisão e revogação dos benefícios concedidos ao delator e sua família.

Segundo documento da PF enviado ao Supremo, investigações teriam revelado um suposto plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que objetivaria atentar contra as vidas do presidente Lula (PT), do vice Alckmin (PSB) e do próprio ministro Moraes. A polícia também menciona ter identificado ações de monitoramento contra Moraes, informações sobre as quais Cid teria sido inicialmente omisso.

Em tom de clara intimidação, antes mesmo do início da oitiva do dia 21, Moraes fez questão de “avisar” Cid sobre as consequências de não colaborar como esperado: “Se não houver efetividade da colaboração, se a colaboração em nada auxiliou, não há por que, dentro dessa ideia de justiça colaborativa, a justiça premial, se dar os benefícios”.

O ministro chegou a declarar, em tom que sugeria coação, que aquela seria “a última chance do colaborador dizer a verdade sobre tudo”, acrescentando ter em mãos um relatório da PF sobre a suposta tentativa de golpe. “Porque, depois, eu quero, aqui, não dizer que não avisei”, ameaçou.

Entre os benefícios que Moraes ameaçou retirar estavam: o teto de dois anos para a pena de Cid, a restituição de bens apreendidos e a extensão de benefícios ao pai, esposa e filha maior de idade do ex-ajudante de ordens.

Em tom ainda mais incisivo, Moraes prosseguiu com as ameaças: “Já há o pedido da Polícia Federal, já há o parecer favorável da Procuradoria-Geral da República pela imediata decretação de prisão, do retorno à prisão do colaborador”. O ministro ainda advertiu que não só Cid poderia voltar à prisão, como sua família também poderia perder os benefícios: “[…] sob pena não só da decretação de prisão, como também da cessação e consequente rescisão da colaboração. E eventual rescisão engloba inclusive a continuidade das investigações e responsabilização do pai dos investigados, de sua esposa e de sua filha maior”.

Antes dessas pressões, Cid havia declarado não ter participado de planejamentos ou execuções com outros militares para ações clandestinas visando um golpe de Estado. Também afirmou que nas reuniões de 12 e 28 de novembro de 2022 não foram planejadas ações golpistas, havendo apenas manifestações de insatisfação com a situação política do país.

Como resultado dessa audiência controversa, Moraes determinou a interceptação telefônica de Cid e o monitoramento de suas visitas, alegando necessidade de garantir esclarecimentos “sem interferência de terceiros” – decisão que levanta ainda mais questionamentos sobre os métodos empregados na condução do caso.

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Fonte:
Paulo Figueiredo

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