Israel fica de luto após confirmação da morte de família de reféns com devolução dos corpos; FOTOS


Em comunicado, o chefe de direitos humanos das Nações Unidas disse que a forma como o Hamas fez devolução de quatro corpos a Israel nesta quinta-feira (20) vai contra o direito internacional. Com a bandeira de Israel nas mãos, homem consola companheira
REUTERS/Ammar Awad
O grupo extremista Hamas entregou, na manhã desta quinta-feira (20), os restos mortais de quatro reféns israelenses que morreram na Faixa de Gaza, entre eles o do bebê Kfir Bibas, que tinha apenas 9 meses quando foi levado durante o ataque que deu início à guerra com Israel e era o mais novo do grupo sequestrado.
Os quatro corpos, que estavam em caixões pretos, foram exibidos em um palco em Gaza antes de serem devolvidos e levados pela Cruz Vermelha.
Em Israel, o clima é de luto com a entrega dos corpos, que confirma as mortes da família Bibas.
Israelenses se alinharam na estrada, debaixo de chuva, perto da fronteira com Gaza, para prestar suas homenagens enquanto o comboio que transportava os caixões passava.
“Estamos aqui juntos, com o coração partido, o céu também chora conosco e rezamos para ver dias melhores”, disse uma mulher, que se identificou apenas como Efrat à agência de notícias Reuters.
Em Tel Aviv, pessoas também se reuniram, algumas chorando, no que ficou conhecido como Praça dos Reféns, em frente ao quartel-general da Defesa de Israel.
O presidente israelense, Isaac Herzog, pediu desculpas pelos reféns mortos em publicação no X:
“Agonia. Sofrimento. Não há palavras. Nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino minha cabeça e peço perdão. Perdão por não proteger vocês naquele dia terrível. Perdão por não trazê-los para casa com vida”.
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Sequestrado mais novo, símbolo dos reféns: quem era a família Bibas, que Hamas devolveu a Israel em caixões pretos
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O chefe de Direitos Humanos das ONU condenou a forma como o Hamas fez a devolução dos quatro corpos de reféns israelenses em um comunicado à imprensa. Volker Turk disse que o desfile de corpos em Gaza foi abominável e vai contra o direito internacional.
“Segundo o direito internacional, qualquer entrega dos restos mortais de pessoas falecidas deve obedecer à proibição de tratamento cruel, desumano ou degradante, garantindo o respeito à dignidade do falecido e de suas famílias”, afirmou.
Três dos restos mortais devolvidos nesta quinta são da família Bibas, símbolo em Israel do sofrimento dos reféns mantidos em Gaza: Shiri Bibas, de origem argentina, dos filhos dela Kfir Bibas, de oito meses, e Ariel Bibas, de 4 anos.
O idoso Oded Lifschitz, de 83 anos, é o quarto corpo entregue.
A entrega, que faz parte do acordo de cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro, aconteceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. O governo israelense confirmou a entrega dos corpos.
Shiri Bibas, que foi sequestrada e levada para Gaza em 7 de outubro de 2023, com o filho caçula, Kfir, de oito meses.
Hostages Family Forum via AP
As vítimas tinham sido feitas reféns no ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1,2 mil pessoas em Israel. Outras 251 foram sequestradas pelo grupo terrorista. A retaliação israelense, que lançou uma guerra contra o grupo terrorista, deixou cerca de 48 mil mortos e destruiu cidades inteiras no território palestino.
No momento da entrega dos corpos, o Hamas estendeu uma mensagem no pano de fundo do palanque. Nela, o grupo terrorista alegou que os quatro reféns foram mortos por um ataque aéreo israelense durante a guerra, e estampou uma imagem do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, com dentes de vampiro e sangue saindo de sua boca.
O marido de Shiri, Yarden Bibas, e pais das crianças, também era mantido como refém pelo grupo palestino. Ele estava entre os que foram libertados em 1º de fevereiro. A família Bibas tinha sido sequestrada na comunidade agrícola de Nir Oz, que fica próximo à Faixa de Gaza e perdeu cerca de um quarto de seus habitantes, entre mortos e sequestrados, durante o ataque de 7 de outubro.
“Shiri e as crianças se tornaram um símbolo”, disse Yiftach Cohen, morador do kibutz da família Bibas.
O Hamas já havia afirmado em novembro de 2023 que os meninos e a mãe haviam sido mortos em um ataque aéreo israelense, mas as mortes nunca foram confirmadas pelas autoridades de Israel. Os corpos passarão por exames de DNA.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou em uma breve declaração em vídeo que esta quinta-feira seria “muito difícil para o Estado de Israel. Um dia angustiante, um dia de luto.”
Netanyahu foi alvo de protesto de familiares de reféns que ainda estão em poder do Hamas, na segunda-feira (17), quando foram completados 500 dias de cativeiro. Com fotos dos reféns, dezenas de pessoas marcharam até a casa do premiê entoando palavras de ordem.
Até esta quinta, 19 reféns israelenses foram libertados pelo grupo terrorista como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo, além de cinco tailandeses. Em troca, mais de 1,1 mil palestinos que estavam presos em cadeias israelenses foram soltos.
Na primeira fase do acordo, o Hamas concordou em liberar um total de 33 reféns israelenses —e já havia avisado que alguns deles estavam mortos— em troca de 2 mil prisioneiros palestinos. No sábado (22), o grupo terrorista prometeu libertar mais seis reféns vivos.
Caixões pretos contendo restos mortais de quatro reféns israelenses, incluindo três integrantes da família Bibas, entregues pelo Hamas a Israel em 20 de fevereiro de 2025.
REUTERS/Stringer
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2ª fase do acordo em negociação
Segundo a agência de notícias, as negociações para uma segunda fase do cessar-fogo, que deve garantir o retorno a Israel de cerca de 60 reféns restantes. A Reuters informou que menos da metade deles são considerados vivos.
A trégua deverá contemplar também a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza para possibilitar o fim da guerra. No entanto, as perspectivas para um acordo permanecem incertas.
Na quarta-feira (19), o Hamas informou que está disposto a libertar todos os reféns que permanecem na Faixa de Gaza durante a segunda fase do acordo, conforme declaração de Taher al-Nunu, um líder do grupo terrorista palestino.
“Informamos aos mediadores de que o Hamas está disposto a libertar todos os reféns de uma só vez durante a segunda fase do acordo, e não por etapas como na primeira fase em curso”, disse ele à agência de notícias AFP.
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