J.D. Vance, vice de Trump, causa espanto entre aliados europeus em encontro sobre segurança


O vice-presidente dos Estados Unidos manifestou apoio à extrema direita e acusou os governos europeus de não defenderem os valores democráticos o suficiente. Vice-presidente dos EUA choca aliados europeus com críticas em conferência internacional
Nesta semana, uma decisão de Donald Trump abalou as relações dos Estados Unidos com parceiros europeus. Ele optou por dialogar sozinho com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre o fim da guerra na Ucrânia. Nesta sexta-feira (14), em uma conferência internacional, o vice de Trump causou ainda mais espanto entre os aliados históricos.
O objetivo do encontro é discutir desafios à segurança do planeta. Todo ano tem. Mas, desta vez, as cartas estão bastante embaralhadas. Os Estados Unidos enviaram o vice-presidente. J.D. Vance chocou o público com o tom nada diplomático das críticas que fez aos próprios aliados. Ele declarou que tem um novo xerife na cidade – se referindo ao chefe dele, o presidente Donald Trump. Disse que os europeus são aliados importantes, mas cobrou que eles aumentem os investimentos na área de defesa e assumam um papel maior na segurança do próprio continente.
O auditório em Munique esperava alguma palavra sobre a proposta americana para acabar com a guerra na Ucrânia – que é o grande elefante na sala desde que Trump telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, para negociar o fim do conflito. Nesta sexta-feira (14), o vice-presidente preferiu tratar de liberdade de expressão. Disse que a ameaça à Europa não é a Rússia ou a China, mas uma ameaça que vem de dentro. Acusou os governos europeus de não defenderem os valores democráticos o suficiente.
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J.D. Vance manifestou apoio a políticos anti-imigração e criticou a estratégia de outros partidos de isolar a extrema direita. Autoridades da Alemanha interpretaram como uma referência direta à campanha eleitoral em curso no país. O ministro da Defesa alemão colocou os pingos nos “Is” e rebateu o vice-presidente. Boris Pistorius declarou:
“Ele questionou a democracia na Alemanha e em toda a Europa. Ele falou em fim da democracia. Se eu o entendi bem, ele comparou a situação em partes da Europa com a de regimes autoritários. Isto não é aceitável”.
O ministro afirmou que a visão de Vance não corresponde ao que ele vive no continente e destacou que, no país dele, todas as opiniões têm voz e que partidos de extrema direita fazem campanha como qualquer outro.
J.D. Vance também rompeu com o tom sóbrio da conferência ao usar ironia para falar sobre a relação da Europa com o bilionário Elon Musk – que é contra as regulações do continente para as redes sociais e que tem declarado apoio à extrema direita. Vance disse:
“Se a democracia americana sobreviveu a dez anos de críticas da ativista ambiental Greta Thunberg, vocês conseguem sobreviver a alguns meses de Elon Musk”.
No discurso, o vice-presidente driblou a questão ucraniana, mas nos bastidores se reuniu com Volodymyr Zelensky. Logo antes da reunião, o presidente da Ucrânia disse que não acredita que os Estados Unidos tenham um plano pronto para acabar com a guerra. Ele afirmou:
“Só vou me encontrar com um único russo, Putin, e só depois de chegar a um plano comum com a Europa e Trump”.
Depois do encontro com Vance, Zelensky disse que a reunião foi boa, mas que é preciso conversar mais. Donald Trump tem demonstrado impaciência com o conflito na Ucrânia. O governo dele sinalizou que os ucranianos talvez precise ceder território aos russos. A posição preocupa os europeus, que querem participar das negociações de paz, e não querem que o conflito se encerre de qualquer jeito. Eles exigem um acordo justo, que garanta a segurança dos ucranianos. A presidente da Comissão Europeia deu, nesta sexta-feira (14) um aviso:
“Um fracasso na Ucrânia enfraqueceria a Europa, mas também enfraqueceria os Estados Unidos”.
J.D. Vance, vice de Trump, causa espanto entre aliados europeus em encontro sobre segurança
Reprodução/TV Globo
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