Galípolo prevê juros em nível historicamente elevado e inflação acima da meta

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O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta quarta-feira (12) que a taxa básica de juros, a Selic, deverá permanecer em um patamar historicamente elevado para conter a inflação. Durante um evento do Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (Iepe/CdG), no Rio de Janeiro, ele reconheceu que esse cenário é “desconfortável”, mas necessário para trazer a inflação à meta.

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Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano e o Banco Central já sinalizou que elevará a taxa para 14,25% em março. O mercado financeiro projeta que o juro básico pode chegar a 15% ainda em 2025, o maior nível desde 2006.

A decisão do Banco Central visa controlar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que acumulou alta de 4,56% nos últimos 12 meses — acima da meta de 3% e do teto permitido de 4,5%. Galípolo afirmou que a política monetária está sendo conduzida de forma preventiva, mas admitiu que o BC não deve cumprir a meta de inflação em junho.

“Se o Banco Central deve ser mais agressivo no momento de altas, deve ser mais parcimonioso e cauteloso no momento de fazer qualquer movimento para baixo”, explicou Galípolo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira que confia em Galípolo para “consertar” os juros, mas destacou que o processo levará tempo. Antes, Lula criticava abertamente o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acusando-o de manter os juros elevados artificialmente.

Galípolo afirmou que o Banco Central está tomando decisões com segurança, observando o impacto da política monetária na desaceleração da economia.

“A inflação deve seguir num patamar desconfortável, fora da meta, repercutindo todos os eventos do passado. A política monetária vai fazendo efeito gradativamente, apresentando um processo de desaceleração”, afirmou.

Galípolo destacou que a economia brasileira cresceu acima do esperado em 2024, com expansão estimada em 3,5%, superando as projeções do mercado. Ele apontou que as reformas estruturais recentes podem ter contribuído para esse desempenho, mas ressaltou que não há evidências concretas de ganhos de produtividade além do setor agrícola.

O presidente do BC também chamou atenção para o impacto dos precatórios — pagamentos de dívidas judiciais pelo governo — na economia. Sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), esses valores foram adiados, enquanto a gestão Lula retomou os pagamentos fora do teto de gastos, o que, segundo Galípolo, gerou um efeito fiscal significativo.

“Os precatórios tinham um efeito de impulso fiscal significativo”, declarou Galípolo, destacando que o aumento na liquidez pode ter reforçado as pressões inflacionárias.”

Outro fator que impulsionou o consumo, segundo o Banco Central, foi a política de distribuição de renda, como o Bolsa Família. Galípolo explicou que esse tipo de programa direciona recursos para pessoas com maior propensão ao consumo, o que fortalece a demanda e, consequentemente, influencia a inflação.

“A política de distribuição de renda acaba colocando dinheiro na mão de quem tem uma propensão a consumir mais elevada, o que gera um impulso maior na demanda e contribui para as pressões inflacionárias”, explicou.

O Banco Central agora aguarda novos dados econômicos até a próxima reunião do Copom, em março, para avaliar os próximos passos na política monetária. A expectativa do mercado é que a autoridade monetária continue elevando os juros até ter certeza de que a inflação está controlada.

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Fonte : Hora Brasilia

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