MP vai investigar caso de pacientes que ficaram cegos após mutirão de catarata no interior de SP


Pelo menos 12 pessoas tiveram a visão comprometida após mutirão no Abulatório de Especialidades Médicas (AME) de Taquaritinga (SP). Causas do problema serão esclarecidas nos próximos dias, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES). Dona Josefá e seu Mauri foram pacientes que perderam a visão após mutirão de catarata no AME de Taquaritinga
Reprodução/Acervo Pessoal
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) vai investigar o caso de 12 pacientes que ficaram cegos após um mutirão de cirurgias de catarata realizado no Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) de Taquaritinga (SP), administrado pela Santa Casa de Franca, uma Organização Social (OS) que faz a gestão dos procedimentos.
Em nota, o MP informou que “instaurou um processo para apuração dos fatos e já está aguardando os esclarecimentos dos responsáveis para a tomada das providências cabíveis, cíveis e criminais”.
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O mutirão ocorreu no dia 21 de outubro de 2024 e atendeu 24 pacientes de diversas cidades da região que aguardavam pela cirurgia.
Doze deles passaram a sentir sintomas durante ou logo após o procedimento, como dor intensa, vermelhidão, visão embaçada e piora progressiva do quadro, evoluindo para cegueira parcial ou total. Em alguns casos, houve infecções graves, com risco de perda do globo ocular.
O g1 conversou com sete pacientes, que relataram ter sido informados pela equipe médica, inicialmente, de que a reação seria normal e que a visão voltaria em poucas semanas. Por isso, muitos só perceberam que algo estava errado meses após o procedimento, quando constataram que a visão não retornaria.
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Pacientes que ficaram cegos após mutirão de catarata foram informados por médicos que quadro pode ser irreversível
Tarcísio diz que cobrará OS e estuda indenização para pacientes que ficaram cegos após cirurgia de catarata em SP
Pacientes que retornaram ao AME reclamando de dor e sintomas como náuseas foram medicados e mandados para casa em mais de uma ocasião, segundo os relatos. Alguns já foram informados por médicos de que o quadro pode ser irreversível, mesmo com um possível transplante de córnea.
Ainda não há uma causa confirmada para as complicações. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que uma resposta oficial deve ser divulgada em até duas semanas.
Benedito Donizete Lavezzo perdeu parte da visão do olho direito após cirurgia de catarata no AME de Taquaritinga, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Durante uma visita técnica, as vigilâncias sanitárias estadual e municipal identificaram inadequações na sala de materiais e esterilização do AME. O setor foi interditado, e a equipe responsável pelo mutirão de cirurgias foi afastada.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve em Ribeirão Preto no fim de semana e afirmou que a Santa Casa de Franca, OS responsável pelo atendimento, será responsabilizada. A organização recebe R$ 1,3 milhão por mês pela prestação do serviço, que inclui as cirurgias.
Tarcísio também declarou que o governo estuda a possibilidade de uma indenização administrativa para os afetados. Todas as cirurgias no AME de Taquaritinga estão suspensas.
Alguns pacientes já estão buscando advogados e avaliam entrar na Justiça para cobrar indenizações e responsabilização dos envolvidos.
Benedito Donizete Lavezzo perdeu parte da visão do olho direito após cirurgia de catarata no AME de Taquaritinga, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
O que diz a SES
“A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) lamenta profundamente o atendimento prestado aos pacientes e abriu investigação para apurar rigorosamente o caso ocorrido no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Taquaritinga, em 21 de outubro de 2024.
Uma comissão especializada do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) irá acompanhar os pacientes. A Ouvidoria Geral do SUS, ligada à SES-SP, também foi colocada à disposição das famílias para coletar todas as manifestações, por meio do canal ouvidoria.saude.sp.gov.br, ou diretamente na Ouvidoria do AME Taquaritinga, presencialmente e pelo telefone (16) 3253-8142.
A Pasta ressalta que todos os profissionais que atuaram nos atendimentos foram afastados e os pacientes estão recebendo suporte em unidades de referência por equipe especializada, incluindo tratamento e medicamentos necessário”.
Pacientes relatam terem ficado cegos após mutirão de cirurgias em Taquaritinga
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