Correios atrasam parte dos salários de janeiro

Em meio ao risco de “insolvência”, os Correios atrasaram salários referentes ao mês de janeiro de parte dos funcionários, especialmente em São Paulo, levando o sindicato que representa os servidores do estado a protocolar um ofício cobrando a direção da estatal.

“Diversos trabalhadores procuraram esta entidade sindical, relatando a falta de pagamento no último dia do mês e os prejuízos que isso acarretou aos empregados. Muitos atrasaram seus aluguéis, financiamentos, contas de energia e água, todas essas contas gerando multas e juros”, afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo, Elias Cesário de Brito Junior, no documento.

“Além disso, algumas trabalhadoras relataram que não conseguiram comprar os remédios para seu filhos com necessidades especiais, demonstrando uma verdadeira falta de respeito com essas famílias”, acrescentou.

O Sintect-SP cobrou “providências urgentes” para a regularização da situação e cumprimento dos prazos contratuais e legais, “garantindo que os trabalhadores recebam seus salários de forma pontual, evitando, assim, prejuízos e possíveis medidas administrativas e judiciais cabíveis”.

Por que os pagamentos atrasaram?

A estatal alegou a existência de “inconsistências” em algumas rubricas e dados bancários desatualizados, que provocaram o atraso de 124 pagamentos.

Ao contestar o número, o sindicato prometeu entrar com uma ação contra o descumprimento do acordo.

A entidade também criticou a centralização dos serviços de RH dos Correios em Minas Gerais, embora São Paulo e Rio de Janeiro sejam os estados com maior número de servidores.

Risco de “insolvência” dos Correios

Os Correios registram o maior prejuízo de sua história para o período de janeiro a setembro de 2024. Os 2 bilhões de reais em déficit estão prestes a superar o pior desempenho anual da história, de 2,1 bilhões de reais, registrados em 2015, no governo… Dilma Rousseff.

O problema é tal que a estatal decretou em outubro um teto de gastos, de 21,96 bilhões de reais, que prevê encerramentos de contratos e suspensão de contratação de terceirizados.

“Tais medidas visam, fundamentalmente, a recompor o saldo do orçamentário/caixa para retomada do equilíbrio econômico-financeiro e evitar que a empresa entre em estado de insolvência”, diz documento interno que detalha a medida.

Os Correios são comandados pelo advogado Fabiano Silva dos Santos, indicado pelo grupo de advogados anti-Lava Jato Prerrogativas para a presidência da empresa e conhecido como o “churrasqueiro de Lula”.

O rombo se explica, em parte, pela desistência dos Correios em ações trabalhistas que somam cerca de 1 bilhão de reais. Mas a estatal culpa seu “sucateamento” no governo Jair Bolsonaro e a famigerada “taxa das blusinhas”, que taxou compras abaixo de 50 dólares e teria impactado negativamente em 1 bilhão de reais a receita do ano, ao reduzir o número de encomendas ao Brasil.

A receita projetada para 2024 foi reduzida de 22,7 bilhões de reais para 20,1 bilhões de reais, o que representa um crescimento de 1,5% em relação a 2023. As medidas administrativas adotadas reduziram a projeção de despesa de 22,5 bilhões de reais para 21,9 bilhões de reais, representando uma redução de 1,8% (600 milhões de reais) em relação a 2023”, justificou a estatal.

 

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