Calor intenso e explosivos: entenda como funciona técnica de implosão que irá demolir resto de ponte entre o Tocantins e o Maranhão


Queda do vão central da estrutura deixou mortos e desaparecidos em dezembro de 2024. Destruição do que sobrou está marcada para domingo, 2 de fevereiro. Acima a estrutura da ponte recebe buracos para explosivos e abaixo a ponte após a queda do vão central
TV Mirante/Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera
Está marcada para domingo (2) a implosão da estrutura que sobrou após a queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na BR-226, entre o Tocantins e o Maranhão. Os últimos preparativos estão sendo feitos e o que restou do local que servia como travessia entre os estados, passará pelo procedimento de implosão.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou que a demolição usará uma técnica que utiliza o calor intenso e explosivos posicionados de forma estratégica para fragmentar formações rochosas. Esse tipo de trabalho é feito quando não é possível utilizar maquinário pesado sobre a estrutura, como é o caso do que restou da ponte (veja nota na íntegra no fim da reportagem).
O vão central se rompeu na tarde do dia 22 de dezembro de 2024. Dez veículos passavam por cima da ponte quando ocorreu o desabamento. Dezoito pessoas estavam em carros, motos, caminhonetes e carretas e foram parar no Rio Tocantins. Do total de vítimas, 14 morreram, três estão desaparecidas e uma sobreviveu.
Para explicar melhor como funciona a técnica de calor intenso e explosivos, o g1 ouviu o engenheiro civil e professor do IFTO e doutor em Estruturas, Moacyr Salles Neto. Ele comentou de forma geral que para esse tipo de trabalho, os locais onde cada explosivo vai ser colocado são determinados para que, depois de acionados, façam uma ‘linha de fratura’ provoque o desmonte da estrutura. O procedimento geralmente é usado para implosão de rochas.
“Isso é a técnica de fogo. O fogo é a explosão. Não é que a gente vai tacar fogo, o fogo é o processo de desmonte. E controlado porque a gente não coloca esses explosivos a esmo. A gente determina o correto posicionamento dos explosivos de forma que, quando eles forem detonados, a linha de fratura provocada faça com que aquela estrutura seja desmontada e venha abaixo, na direção que a gente tenha intenção e que provoque uma quantidade de danos menor”, detalhou.
O engenheiro afirmou que, geralmente, faz parte da preparação do procedimento o isolamento do local após a inclusão dos explosivos e dos detonadores nos pontos determinados.
“É feita a linha de segurança, normalmente de 150 metros, mas depende muito do potencial do explosivo que vai ser empregado. Basicamente toca um alarme duas vezes, que é para se afastar, e depois o alarme final, quando é feita a detonação”, disse, sobre as ações de segurança que costumam ser empregadas neste tipo de implosão.
O DNIT informou que a logística da ação só vai ser confirmada após a conclusão desta etapa de planejamento e que assim que os detalhes da operação de implosão forem determinados, a população local será comunicada e todas as medidas de segurança serão adotadas para evitar o trânsito de veículos e pessoas no perímetro.
Imagem mostra veículos que caíram com ponte que ruiu entre o Tocantins e Maranhão
Reprodução
Além de técnicas que incluem a implosão, o engenheiro também afirmou que estruturas como a parte remanescente da ponte também podem ser demolidas com maquinário. Mas esse tipo de opção não foi escolhida possivelmente pela fragilidade da estrutura.
“Tem as máquinas com uma ponta vibratória, ela faz o desmonte localizado. A gente utiliza isso muito para fazer o desmonte de edifícios em regiões mais densamente ocupadas, quando não vai poder fazer o desmonte do edifício com explosivo. Então, ele vai vibrando, vai quebrando a estrutura aos pouquinhos, e a gente vai carregando e colocando nos caminhões”, lembrou o especialista.
Ele também explicou que a implosão é a ação de fazer com que os escombros caiam para dentro do perímetro determinado, evitando assim que estilhaços sejam jogados para fora do local. “A intenção é que ela caia para dentro e, de forma geral, a quantidade de dano menor”, completou.
A etapa de implosão da ponte está dentro do cronograma para a construção da nova estrutura. O Consórcio Penedo – Neópolis, constituído pela Construtora A. Gaspar S/A e Arteleste Construções Limitada está responsável pela obra, que tem a prazo para entrega de um ano.
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Relembre o desabamento
Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda
A ponte caiu por volta das 14h50 do dia 22 de dezembro de 2024. No desabamento caíram no rio Tocantins três motos, um carro, duas caminhonetes e quatro caminhões, sendo que dois deles carregavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e outros 22 mil litros de defensivos agrícolas.
Segundo o DNIT, a causa do colapso ainda está sendo investigada, de acordo com o órgão. A Polícia Federal também abriu uma investigação para apurar a responsabilidade da queda da estrutura.
A ponte foi completamente interditada e os motoristas devem usar rotas alternativas.
O momento em que estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Em entrevista ao g1, ele contou que estava no local para gravar imagens sobre as condições precárias da ponte.
Começou na segunda-feira (27) a travessia de pessoas entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito. O serviço será ofertado por dez embarcações de forma gratuita. A princípio, o aporte financeiro dado pelo Governo do Estado vai garantir a travessia sem custo pelo período de 30 dias, mas esse prazo poderá ser ampliado conforme necessidade.
A Agência Tocantinense de Regulação (ATR) vai ficar responsável pela fiscalização da travessia entre as margens do rio. Já o Corpo de Bombeiros vai manter uma equipe fixa no local e dará apoio na fiscalização do serviço, informou o governo.
Ainda não foi definida a situação da travessia de veículos entre as cidades do Tocantins e do Maranhão. No dia 23 de janeiro o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou que a dispensa de licitação que contrataria a PIPES Empreendimentos LTDA seria revogada por descumprimento das obrigações contratuais.
A empresa LN Moraes Logística LTDA foi autorizada a realizar o serviço no local pela Agência Nacional de Transporte Aquaviários (Antaq). A medida foi publicada no Diário Oficial da União no dia 21 de janeiro. Esse serviço deverá ter cobrança à população, mas ainda não teve início.
Por serem rotas de desvio para os veículos, os municípios de Tocantinópolis e Axixá publicaram decretos proibindo o tráfego de veículos pesados dentro das cidades. Conforme as gestões, o trânsito ficou intenso após o desabamento da ponte e tem causado danos às pavimentações.
Íntegra da nota do DNIT:
O DNIT infelizmente não tem disponibilidade de porta-voz para entrevista. Contudo, com relação à implosão da estrutura remanescente da ponte JK sobre o Rio Tocantins, na BR-226/TO/MA, o DNIT informa que as tratativas para a execução da ação estão em andamento com os órgãos competentes.
A previsão do DNIT é de que a demolição aconteça no próximo domingo (2) por meio de fogo controlado – técnica que utiliza o calor intenso e explosivos estrategicamente posicionados para fragmentar formações rochosas. Ela é empregada quando o acesso a maquinário pesado é limitado. Contudo, detalhes como a confirmação da data e a logística da ação só poderão ser confirmados após a conclusão desta etapa de planejamento. Tão logo estejam definidas datas e com se dará a operação para a implosão, a população local será comunicada e todas as medidas de segurança serão adotadas para evitar o trânsito de veículos e pessoas no perímetro do trabalho.
No momento, estão em andamento os trabalhos de pré-furação da estrutura, com monitoramento para que tudo seja realizado com segurança. Também estão em execução os caminhos de serviços para a locomoção e atuação dos equipamentos e das equipes que farão a retirada do material implodido.
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