Olhar no espelho

Em dezembro passei por um perrengue no trabalho que me tirou a paciência, o humor e a saúde. Por semanas estudei tanto para resolver o assunto que me sinto preparado para os próximos 10 anos, com excelência.

Com esse resultado sou testemunha viva de provérbio “O que não te mata, fortalece”. 

Contando para um amigo minhas peripécias ele me sugeriu acender uma vela para Santa Rita, na busca de ajuda espiritual, porque ela é a santa das causas impossíveis. 

Não sabia nada sobre ela, e descobri que seu nome de beatificação é Santa Rita de Cássia.

Cássia é o nome da cidade onde nasceu, que fica na região de Roccaporena na Itália. Nascida em 1381, foi casada e teve dois filhos. 

O marido e os filhos morreram antes dela, em situações distintas que acabaram por permitir que seguisse seu desejo em viver uma vida em Cristo, porque acreditava no amor pela Sagrada Família. 

Como não conseguiu entrar no monastério das irmãs agostinianas porque só aceitavam jovens solteiras, ficou refugiada na casa do sogro por um tempo, mas iniciou os cuidados com leprosos e enfermos dando início à sua dedicação religiosa. 

Quem ajudou seu ingresso no mosteiro foram os Santos Agostinho, Nicolau e João Batista, que surgiram uma noite à sua frente e levaram-na para dentro do monastério. 

Estando lá, as freiras não puderam negar sua entrada, e Rita viveu ali por quarenta anos. 

Àquela época a Peste Negra dizimou a Europa, e como não havia cura, bastava o diagnóstico para isolar o doente até sua morte. 

Um dos milagres de Rita foi salvar seu cunhado da Peste através das orações, cuja intensidade e dedicação resultaram em um gesto nobre com resultado obtido através de sua preparação para atingir aquele objetivo.

Assim como eu, Rita de Cássia foi agraciada pelo mesmo resultado que Louis Pasteur pode observar em seus estudos e nos deixou por escrito: “A sorte, favorece a mente preparada”.

Nosso livre arbítrio dá o estímulo necessário para que muito aconteça ao nosso redor, em benefício de todos envolvidos que o desejo escolheu. 

Decidir dessa forma é se desprender da vaidade e do sentimento de que somos alguém muito especial e que por isso deveríamos ter sido tratados com privilégios, com mais atenção, quase como um bebê quando chega na família, que se torna o centro das atenções. 

Se desprender disso é viver sem odiar, muito mais leve e humano, é compreender as limitações e necessidades para ser bem melhor ao se olhar no espelho.

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