Fernanda Torres ‘sempre foi a alma do set’, diz preparadora de elenco de ‘Ainda estou aqui’ após indicação ao Oscar


Pernambucana, Amanda Gabriel contou que produção foi ‘incansável’ e falou sobre relação com a protagonista, diretor e outros atores do longa. Preparadora de elenco Amanda Gabriel e Fernanda Torres
Reprodução/Instagram
“Totalmente indicada”, a atuação de Fernanda Torres se tornou a grande esperança do Brasil conquistar a estatueta do Oscar na categoria de Melhor Atriz, pela primeira vez na história. Pernambucana, a preparadora de elenco Amanda Gabriel contou em entrevista ao g1, como foi o trabalho com os atores do longa.
“Ainda estou aqui” foi indicado à principal categoria do Oscar 2025, de Melhor Filme, e se tornou a primeira produção brasileira a disputar essa estatueta. Além dessa e de Melhor Atriz, outra categoria à qual o filme concorre é a de Filme Internacional.
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Apesar da sobriedade exigida para o papel e entregue por Fernanda Torres durante os ensaios e atuação, Amanda contou que a descontração pessoal da atriz era uma fonte de motivação e energia para o restante do elenco.
“Ela sempre foi a alma do set. Era impossível para qualquer pessoa dizer que estava cansada enquanto aquela atriz, que estava carregando o filme nas costas em praticamente todos os planos, era capaz de fazer todo mundo rir no último horário do dia”, contou ao g1.
De acordo com a preparadora de elenco Amanda Gabriel, “nenhuma cena foi para o set sem ser ensaiada antes”. A fala, bem enfatizada pela preparadora, traduz o processo pelo qual todos os artistas passaram.
Foram 18 meses de ensaios e preparação para que todas as atuações seguissem o tom conceituado com a direção do filme.
Para a preparadora de elenco, a escolha de não ter cenas de choro de Fernanda Torres foi acertada com o diretor, Walter Salles, para se adequar à personalidade de Eunice Paiva.
Isso porque a protagonista, mesmo tendo que lidar com o sumiço do marido durante a ditadura, nunca foi vista chorando em público.
“Eu lembro de falar para o Walter: ‘Não pode colocar essa mulher para chorar numa tela gigante para milhões de pessoas verem, quando essa mulher nunca chorou em público. A gente precisa ser digno dela, a gente precisa respeitá-la’. Esse conceito adotado para a construção da Eunice e do tom do filme é algo que vem da própria Eunice”, compartilhou Amanda Gabriel.
“Ainda estou aqui” é uma adaptação do livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva. No filme, o público acompanha a transformação da mãe do escritor — uma dona de casa dos anos 1970, mãe de cinco filhos — em uma das maiores ativistas dos Direitos Humanos do país após o assassinato do marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello), pela ditadura militar.
A preparadora de elenco explicou que o processo de imersão e ensaios do elenco principal foi longo e perfeccionista por parte da direção e dos artistas.
O período mais denso dentro do set, para Amanda, foi durante a gravação das cenas que se passaram no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), onde presos políticos eram torturados durante a ditadura militar.
“Ela [Fernanda Torres] passava por mim com a cadeirinha em cima da cabeça e dizia: ‘Vou ali no meu cantinho ficar deprimida’”, relembrou a preparadora.
“Quando a gente filmou a última cena do DOI-Codi, ela estava junto da câmera. Nem era uma cena em que ela estava, era só do corredor, ela estava atrás da câmera. Quando filmou o último take e o Walter falou ‘acabou DOI-Codi’, ela começou a sambar, rodar e cantar: ‘Posso ficar feliz de novo!’”, disse Amanda, lembrando uma fala de Fernanda Torres.
Ensaio geral na locação de ‘Ainda Estou Aqui’ com a preparadora de elenco Amanda Gabriel
Valentina Herzage/Divulgação
Amanda Gabriel também contou que Fernanda Torres, como atriz, é “bastante estudiosa, incansável e obsessiva”.
“Um pouco como a mãe, como eu e como Walter. Então, temos quatro pessoas completamente obsessivas. Lembro que num dos primeiros dias do set, fazendo uma cena, Walter falou ‘está bom, né?’. E eu respondi ‘está bom, mas a gente não gosta de bom, a gente gosta de ótimo’. E ele falou ‘então vamos lá, o que está faltando?’. Eram pessoas que gostavam do ótimo, ainda que a gente não soubesse o que era o ótimo. Era um processo muito incansável”, disse.
Para dar vida aos filhos do casal Paiva, Amanda Gabriel contou que cerca de mil crianças foram “vistas” pela equipe do filme. Isso porque, segundo ela, não houve testes individuais com os pequenos atores. Em vez disso, foram feitas oficinas com os candidatos.
“As meninas viram quase mil crianças, a gente tinha reuniões e ia pré-selecionando a partir das primeiras entrevistas, e eu acho que nós selecionamos cerca de 60 e poucas crianças e adolescentes. Eu fiz algumas oficinas de atuação com eles e, a partir dessas oficinas, a gente foi escolhendo e chamando, até chegar em Cora [Mora] e Guilherme [Silveira]. Paralelamente, estávamos fazendo testes com as outras profissionais”, contou.
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