Medicamento contra o câncer pode frear avanço do Parkinson, dizem pesquisadores

Uma recente pesquisa identificou como as proteínas Aplp1 e Lag3, presentes na superfície das células cerebrais, colaboram para a propagação de aglomerados prejudiciais de alfa-sinucleína, proteína chave no desenvolvimento do Parkinson.

De acordo com o Science Alert, cientistas descobriram que um medicamento aprovado pela FDA para tratar melanoma, contendo um anticorpo contra Lag3, pode bloquear esse processo em modelos animais, abrindo possibilidades para uma terapia inovadora contra essa doença neurodegenerativa.

Descoberta e Potencial Terapêutico

O estudo, publicado na revista Nature Communications, foi liderado por especialistas da Universidade Johns Hopkins e contou com uma equipe internacional de pesquisadores. Eles identificaram que a interação entre Aplp1 e Lag3 facilita a entrada dos aglomerados de alfa-sinucleína nas células cerebrais, acelerando a progressão do Parkinson.

“Ao entender como Aplp1 e Lag3 interagem, temos uma nova perspectiva sobre como a alfa-sinucleína contribui para o avanço do Parkinson”, explicou Xiaobo Mao, neurocientista da Universidade Johns Hopkins.

O medicamento investigado, que combina os anticorpos nivolumabe e relatlimabe, demonstrou eficácia em bloquear essa interação, reduzindo drasticamente a formação de aglomerados tóxicos nas células cerebrais de ratos.

O Papel da Alfa-Sinucleína e as Proteínas Aplp1 e Lag3

O Parkinson, que afeta mais de 8,5 milhões de pessoas em todo o mundo, é caracterizado por sintomas como tremores, rigidez muscular e dificuldades motoras. A doença está associada ao acúmulo de corpos de Lewy, formados principalmente por alfa-sinucleína mal dobrada, que pode ser tóxica para os neurônios.

Pesquisas anteriores já haviam identificado que Lag3 se liga à alfa-sinucleína e facilita sua propagação. No entanto, mesmo eliminando Lag3 em modelos animais, o processo não era totalmente interrompido. Isso levou os cientistas a investigar Aplp1, outra proteína da superfície celular.

Usando ratos geneticamente modificados, os pesquisadores descobriram que, embora Aplp1 e Lag3 possam atuar de forma independente na absorção da alfa-sinucleína, a ausência de ambas reduziu em 90% esse processo, destacando a importância de sua interação.

Próximos Passos e Esperança para o Futuro

Apesar dos resultados promissores, os cientistas enfatizam que ainda são necessárias mais etapas antes que a abordagem possa ser aplicada em humanos. O próximo passo será testar o anticorpo anti-Lag3 em modelos animais de Parkinson e Alzheimer, já que estudos anteriores também sugeriram Lag3 como alvo potencial para esta última doença.

“Este anticorpo mostrou ser mais eficaz do que apenas eliminar Lag3, devido à relação estreita entre Aplp1 e Lag3”, afirmou Ted Dawson, outro neurocientista envolvido no estudo.

Com mais avanços, esta descoberta poderá representar um marco significativo na busca por tratamentos eficazes contra o Parkinson, trazendo esperança para milhões de pessoas que enfrentam essa doença atualmente incurável.

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