Trump mira consumidor e prevê baratear energia nos EUA com exploração de petróleo e gás


Presidente norte-americano retirou o país do Acordo do Clima de Paris. Governo diz que nova política irá reduzir preços, reabastecer reservas estratégicas e ampliar exportação de energia. Trump anuncia primeiras medidas após tomar posse
Melina Mara/Pool via Reuters
O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em seu discurso de posse nesta segunda-feira (20) que o país irá ampliar a exploração de petróleo e gás, combustíveis fósseis.
“A América será mais uma vez uma nação industrial. Temos algo que nenhuma outra nação jamais terá: a maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país da Terra. E vamos usá-la”, declarou o republicano.
Trump afirmou que, com a nova política, o país irá baixar os preços de energia e reabastecer reservas estratégicas “até o topo”. Declarou também que os EUA passarão a exportar energia “para todo o mundo”. A ideia é que, com a maior oferta, o custo de energia caia.
A medida pretende atingir, principalmente, o consumidor. Um documento intitulado “primeiras prioridades”, publicado pelo novo governo nesta segunda, afirma que as mudanças darão maior “capacidade de escolha” aos norte-americanos.
“As ações energéticas do presidente Trump capacitam a escolha do consumidor em veículos, chuveiros, vasos sanitários, máquinas de lavar, lâmpadas e lava-louças”, diz a publicação.
A ideia é colocar em pé de igualdade, por exemplo, veículos a combustão e elétricos, sem a imposição de tarifas maiores para aqueles que poluem mais.
Welber Barral, ex-secretário do comércio exterior e sócio-fundador da BMJ Consultores Associados, lembra que o ex-presidente Joe Biden havia adotado uma série de medidas de incentivo ao uso de energia limpa. Entre elas, beneficiando carros elétricos, energia solar e energia renovável.
“Isso gerava um custo a mais para o consumidor no curto prazo. E é o que Trump está revogando agora”, diz.
Além de anunciar a saída dos EUA do Acordo do Clima de Paris nesta segunda-feira (leia mais abaixo), Trump disparou contra os veículos elétricos, cujo principal mercado mundial está na China.
“Revogaremos o ‘mandato dos veículos elétricos’, salvando a nossa indústria automóvel e mantendo os meus compromissos sagrados aos nossos grandes trabalhadores do setor automóvel americanos”, disse o presidente.
Veja algumas das medidas listadas entre as primeiras prioridades do republicano:
O presidente impulsionará a energia americana encerrando as políticas climáticas extremas de Biden, simplificando os processos de licenciamento e revisando para revogação todos os regulamentos que impõem encargos excessivos à produção e uso de energia, incluindo a mineração e o processamento de minerais não combustíveis.
As ações para o setor de energia do presidente Trump permitirão que os consumidores escolham livremente seus veículos, chuveiros, vasos sanitários, máquinas de lavar, lâmpadas e lava-louças.
O presidente Trump declarará uma emergência energética e usará todos os recursos necessários para construir infraestrutura crítica.
As políticas de energia do presidente Trump acabarão com o arrendamento de grandes parques eólicos que degradam nossas paisagens naturais e não atendem aos consumidores de energia americanos.
O presidente Trump se retirará do Acordo de Paris sobre o Clima.
Todas as agências tomarão medidas de emergência para reduzir o custo de vida.
O presidente Trump anunciará a Política Comercial “America First”.
A América não estará mais sujeita a organizações estrangeiras para nossa política tributária nacional, que pune as empresas americanas.
Trump revoga ‘mandato do veículo elétrico’ e diz que vai ‘perfurar’
Fim do Acordo de Paris
Em um de seus primeiros atos de governo, Trump assinou a saída dos EUA do Acordo do Clima de Paris. O presidente já havia retirado o país do acordo durante seu primeiro mandato.
À época, ele alegou que o tratado prejudicava a economia norte-americana e beneficiava outros países às custas dos Estados Unidos. O processo levou anos e foi imediatamente revertido pela presidência do democrata Joe Biden, em 2021.
Agora, com a nova saída confirmada em decreto presidencial assinado por Trump, os Estados Unidos devem se juntar a países como Irã, Líbia e Iêmen, os únicos fora do acordo de 2015. A medida, contudo, só deve ser oficializada após confirmação da ONU (Organização das Nações Unidas).
O principal objetivo do tratado assinado durante a COP21, a 21ª cúpula do clima da ONU em Paris, é manter o aquecimento global do planeta abaixo de 2°C até o final do século. e buscar esforços para limitar esse aumento até 1.5°C.
Apesar disso, no ano passado, pela primeira vez, a temperatura média global aumentou 1,6ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.