MT: Governador sugere câmeras em todos os juízes e judiciário reage: ‘lamentável’

Mato Grosso – O governador Mauro Mendes (União) voltou a criticar a sugestão da instalação de câmeras nas fardas dos policiais militares e para encerrar a discussão sugeriu estender o debate para monitoramento de juízes e desembargadores, citando denúncias de vendas de sentença, além da implementação da vigilância em políticos e membros do Ministério Público. A declaração foi rebatida pelo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que considerou a fala
um ataque inadmissível. Em nota de esclarecimento, Mendes disse que falou de “forma genérica”.

“Então vamos colocar câmera em todo mundo para vigiar todo mundo. Então tá bom, vamos colocar câmera em todos os políticos, em todos os governadores, em todos os prefeitos, em
todos os deputados estaduais. Ei, mas tem juiz que também vende sentença, que foi agrado
vendendo sentença, desembargador vendendo sentença, então vamos botar câmera em todos
os juízes, desembargadores. Ei, tem gente do Ministério Público também, então vamos colocar
câmera em todo mundo do Ministério Público. Então existem algumas discussões às vezes,
que elas são muito atravessadas”, disse Mauro, em entrevista a Rádio CBN de Cuiabá, na
segunda-feira (13).

A fala de Mendes ocorre em um momento em que o uso de câmeras em policiais militares
voltou a ganhar força como ferramenta essencial para reduzir a violência e abordagens
seguras para cidadãos inocentes. No entanto, para o governador, a discussão é atravessada
por abordagens seletivas e deve incluir outros setores igualmente passíveis de escrutínio.
Para ele, se forem continuar a levar a frente o debate sobre a implementação de câmeras no
uniforme de policiais, isso deveria fazer parte de um debate mais amplo sobre transparência,
controle e combate a irregularidades em todas as áreas do serviço público.

Inadmissível

O presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, José Zuquim Nogueira, classicou como
inadmissível as falas do governador. Em nota à imprensa, ele armou que Mauro Mendes
desprestigia a Justiça de forma gratuita. Ele ainda disse que faltou responsabilidade às falas
do governador.

“A partir de uma falsa simetria e de forma irresponsável, o governador atacou gratuitamente as
instituições do Sistema de Justiça, o que não é compatível com a posição a qual ocupa. O
agente político, seja de que esfera for, deverá sempre se pronunciar com esmero e equilíbrio,
diferentemente do lamentável episódio protagonizado pelo governador”, consta da nota.

Leia abaixo a nota na íntegra:

“Em relação à declaração dada pelo governador de Mato Grosso nesta quarta-feira (15),
durante um programa de Jornal local, o Presidente do Poder Judiciário de Mato Grosso,
desembargador José Zuquim Nogueira, recebe com espanto as armações do chefe de Estado
e se manifesta a seguir:

A partir de uma falsa simetria e de forma irresponsável, o governador atacou gratuitamente as
instituições do Sistema de Justiça, o que não é compatível com a posição a qual ocupa.

O agente político, seja de que esfera for, deverá sempre se pronunciar com esmero e equilíbrio,
diferentemente do lamentável episódio protagonizado pelo governador.

Quanto ao uso de câmeras pelos policiais militares, é necessário que se faça um estudo prévio,
se a medida atingirá os ns almejados e quais serão seus efeitos.

Sobre a extensão a juízes e desembargadores, armo que o Poder Judiciário prima pela
observância do devido processo legal, com amplo direito de defesa para, anal, concluir pela
existência de desvio de conduta.

Não se pode admitir que o Chefe do Poder Executivo, em uma entrevista pública, coloque em
dúvida a honra e honestidade de todos os membros do Poder Judiciário do Estado de Mato
Grosso, como ocorrido.

Por m, mais uma vez, registro meu total repúdio à lamentável declaração, que desprestigiou
todo o Sistema de Justiça e principalmente a magistratura mato-grossense.”

Nota Mauro Mendes

Em relação à fala do governador Mauro Mendes na entrevista à rádio CBN sobre câmera nas
fardas de policiais, a Secretaria de Estado de Comunicação esclarece que:

O governador Mauro Mendes não atacou a magistratura estadual ou qualquer outra categoria,
fato que ca evidente em sua declaração.

Ele falou de forma genérica que casos de erros cometidos por prossionais da segurança
podem ocorrer, mas também em diversas prossões e na classe política – a qual o próprio
governador pertence.

Infelizmente, a frase foi interpretada de forma equivocada, pois circulou uma versão com
corte. Segue a íntegra da fala do governador e o vídeo em anexo.

“Quando a gente discute esse negócio das câmeras aí, das fardas, botar câmeras nas fardas
policiais. Se nós vamos botar câmeras porque um ou dois policiais, ou um por cento, dois por
cento, comete alguma coisa errada, vamos colocar a câmera em todo mundo, para vigiar todo
mundo, então tá bom. Vamos colocar a câmera em todos os políticos, em todos os governadores, em todos os prefeitos, em todos os deputados estaduais. Ei, mas tem juiz que também vende sentença, foi agrado vendendo sentença, desembargador vendendo sentença. Então vamos botar câmera em todos os juízes, em todos os desembargadores. Ei, tem gente do Ministério Público também, então vamos colocar câmera em todo mundo do Ministério Público. Então, existem umas discussões às vezes, que elas são muito atravessadas, né?”

 

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