Carnes, açúcar e mais: veja alimentos que devem pressionar a inflação em 2025

A alimentação deverá ficar mais cara para os brasileiros durante o ano, especialmente os produtos agropecuários que compõem a cesta básica, que devem pressionar a inflação em 2025. Carnes, café e açúcar são as commodities que mais preocupam os analistas de mercado, enquanto grãos e itens soft devem se manter estáveis

Carnes e outros itens da cesta básica devem pressionar a inflação em 2025

Carnes e outros itens da cesta básica devem pressionar a inflação em 2025 – Foto: Freepik/ND

As commodities consideradas softs, como o leite, devem ter pressão intermediária sobre a inflação em 2025, enquanto os grãos tendem a ter impacto neutro em virtude da perspectiva de preços estáveis

O movimento tende a repetir o que já foi observado em 2024, com a alta de alimentos resistente, o que preocupa o governo em virtude da pressão sobre a inflação geral e, consequente, atraso no ciclo de corte de juros. Os números mais recentes, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que os preços de alimentação e bebidas aumentaram pelo quarto mês seguido.

O grupo Alimentação e Bebidas saiu de uma elevação de 1,34% em novembro para uma alta de 1,47% em dezembro, resultando numa contribuição de 0,32 ponto porcentual para a taxa de 0,34% registrada pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) no último mês.

Café e açúcar devem contribuir para alta da inflação, projetam analistas de mercado

Café e açúcar devem contribuir para alta da inflação, projetam analistas de mercado – Foto: Beatriz Rohde/ND

Carnes devem puxar inflação em 2025, diz analista

O principal impacto da aceleração da inflação de alimentos deve vir das proteínas, conforme apontou ao R7, a analista da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, economista responsável por agropecuária e biocombustíveis. “A inflação em 2025 será impulsionada pelo aumento expressivo dos preços das carnes, estimado em pelo menos 16,6% no valor pago ao produtor, com repasse à indústria e ao consumidor”, diz.

Café e açúcar também devem contribuir com uma inflação de alimentos mais forte com produções limitadas, segundo a economista. Em contrapartida, o efeito dos preços sobre a inflação em 2025 tende a ser neutro no setor de grãos, sem expectativa de altas acentuadas nas cotações de soja e milho.

A Tendências Consultoria projeta aumento de 9,1% no IPCA alimentos de 2024 e de 6,2% para 2025, com viés de alta. Faria cita também o óleo de soja, leite e as commodities softs como itens de atenção quanto a potencial inflacionário neste ano, além de hortaliças, frutas e verduras, com maior suscetibilidade a variações climáticas e peso relevante na cesta básica.

Setor de hortifruti foi afetado pela seca que atingiu lavouras em 2024

Setor de hortifruti foi afetado pela seca que atingiu lavouras em 2024 – Foto: Prefeitura de Itajaí/ND

Seca afetará preço de legumes e verduras

O momento atual é de atenção também sobre o desenvolvimento das lavouras de hortifrútis, afetadas pela seca histórica do ano passado, destaca o gerente da consultoria Agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves.  “É preciso observar o acumulado de chuvas nos próximos dois meses e os efeitos sobre a produção de hortifrútis que, apesar da rápida recuperação das lavouras, podem ter pressão momentânea sobre inflação em caso de perdas nas lavouras”, destaca Alves.

Ele concorda com os demais analistas de que as proteínas e as commodities softs são os produtos mais preocupantes para a inflação em 2025. “A alta do café ainda não foi repassada ao varejo e poderemos ter novas máximas históricas. Dos produtos básicos, o trigo vai depender muito do dólar, já o arroz tende a ter uma ótima safra e o feijão deve ficar com produção dentro da média”, acrescenta.

O sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht, observa que o câmbio será determinante para a inflação em 2025, principalmente, de alimentos. “Se o dólar se mantiver acima de R$ 6, a pressão sobre a inflação de alimentos será maior, levando a uma política monetária mais restritiva. Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo, gerando incerteza, e somado aos preços sustentados de commodities agrícolas reflete em maior pressão sobre inflação”, avalia

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