“A cada revelação ficamos mais surpresos com a frieza e a manipulação”, diz delegada sobre suspeita de envenenar família

A Polícia Civil segue investigando uma série de crimes relacionados a envenenamentos em Torres, no Litoral Norte, atribuídos a uma mulher que está presa preventivamente. A suspeita teria envenenado três pessoas da família com um bolo contaminado no dia 23 de dezembro, além de ter provocado a morte do sogro em setembro do ano passado. Os desdobramentos foram apresentados em uma coletiva realizada nesta sexta-feira (10), em Capão da Canoa.

Segundo a Polícia, há fortes indícios de que a mulher também tentou envenenar outras pessoas da família. A operação foi denominada “Aqua Tofana”, em referência a um veneno histórico do século XVII, utilizado para matar pessoas sem deixar rastros.

Detalhes do caso

A investigação começou após a morte de três mulheres que consumiram o bolo contaminado: Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47. Outras três pessoas, incluindo uma criança de 10 anos, também passaram mal, mas sobreviveram após receber atendimento médico.

Posteriormente, o caso foi ampliado com a exumação do corpo do sogro da suspeita, que morreu em setembro. Exames periciais confirmaram a presença de arsênio em altas concentrações nos órgãos do homem. De acordo com os investigadores, a morte teria sido causada por alimentos contaminados, como banana e leite em pó, oferecidos pela nora dois dias antes de seu falecimento.

Planejamento e execução dos crimes

Conforme a delegada Sabrina Deffente, a mulher teria comprado arsênio pela internet em quatro ocasiões diferentes ao longo de cinco meses, sendo uma antes da morte do sogro e as demais antes do caso do bolo. Ela teria pesquisado receitas de venenos inodoros e insípidos, capazes de se misturar facilmente a alimentos como farinha e leite em pó.

“A cada revelação do inquérito, ficamos mais surpresos com a frieza e a manipulação envolvidas. É um caso que mostra um padrão de crimes em série”, destacou a delegada.

Além de planejar cuidadosamente os envenenamentos, a suspeita teria buscado encobrir os rastros dos crimes. Após a morte do sogro, ela tentou obter autorização para cremar o corpo, mas o pedido foi negado. Mensagens enviadas a familiares mostram que ela sugeriu hipóteses como intoxicação alimentar ou negligência médica para justificar os sintomas das vítimas.

Outras vítimas em potencial

A Polícia trabalha com a possibilidade de que a suspeita tenha tentado envenenar outras pessoas próximas. “Ainda estamos apurando relatos de outros episódios em que familiares apresentaram sintomas compatíveis com intoxicação”, afirmou o delegado Marcos Veloso.

Em mensagens recuperadas, a mulher escreveu: “Quando eu morrer, cuida do meu filho e reza por mim, porque é provável que eu não vá para o paraíso.” Os investigadores acreditam que essas mensagens reforçam o caráter manipulador da suspeita, que buscava desviar as atenções enquanto planejava novos crimes.

Defesa da suspeita

A defesa da investigada afirmou que as acusações são preliminares e ainda não foram judicializadas. Em nota, o advogado de defesa declarou que aguarda o acesso completo ao inquérito para se manifestar sobre as provas.

Próximos passos

A investigação seguirá apurando outras possíveis vítimas e levantando provas adicionais para a conclusão do inquérito. Os crimes chocaram a comunidade de Torres e seguem sendo acompanhados com grande atenção pelas autoridades e pela população local.

Entenda o caso:

  • Mortes confirmadas: quatro pessoas da mesma família, entre setembro e dezembro, em casos associados ao consumo de alimentos contaminados com arsênio.
  • Sobreviventes: três pessoas, incluindo uma criança de 10 anos, hospitalizadas após consumir o bolo envenenado em dezembro.
  • Compras de veneno: realizadas pela internet ao longo de cinco meses.
  • Motivações investigadas: ainda não esclarecidas, mas sugerem um padrão de crimes premeditados e tentativas de ocultação.

O caso segue em andamento, e novas atualizações serão divulgadas conforme o avanço das investigações.

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