População em situação de rua cai de 416 para 48 pessoas em Chapecó, diz prefeito

A população em situação de rua no município de Chapecó baixou de 416 para 48 pessoas em dois anos, segundo o prefeito João Rodrigues, que está licenciado do cargo. Ele associa o resultado ao internamento involuntário, por meio do Programa Mão Amiga, lançado em 2022.

Programa Mão Amiga acolhe moradores de rua em Chapecó (Foto: Divulgação)

O prefeito disse que a medida foi adotada pela administração após inúmeros pedidos de famílias que sofriam com pessoas em dependência química vivendo na rua.

“Chapecó foi um dos poucos municípios do Brasil a criar uma política pública para a população em situação de rua. Nós envolvemos a Secretaria de Assistência Social na época, a Secretaria de Saúde, Guarda Municipal e outras forças de segurança, abordando quem estava na rua e oferecendo tratamento em clínicas de saúde e comunidades terapêuticas. Foi uma das prioridades da gestão e conseguimos bons resultados, com o retorno de muitos para o convívio familiar e para um emprego”.

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais, divulgado nesta semana, aponta que a população de rua em Santa Catarina quase dobrou em dois anos, passando de 5.678 mil em 2021 para 9.989 em 2023. Os dados são do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua.

Crescimento da população de rua em SC:

  • • Criciúma: 175,74% (de 136 para 375)
  • • Florianópolis: 109,23% (de 1.314 para 2.749)
  • • Palhoça: 102,80% (107 para 217)
  • • Balneário Camboriú: 94,55% (de 220 para 428)
  • • Itajaí: 92,81% (de 334 para 644)
  • • São José: 82,70% (de 185 para 338)
  • • Lages: 59,44% (de 249 para 397)
  • • Joinville: 56,47% (de 713 para 1.116)
  • • Tubarão: 51,67% (de 180 para 273)
  • • Blumenau: 25,09% (de 403 para 504)

Diretora de Acolhimento e Apoio de Dependentes Químicos da Secretaria da Família e Proteção Social de Chapecó, Paula Gai atuou na coordenação do internamento involuntário e diz que a redução da população em situação de rua no município se deve a um conjunto estruturado de ações que ofertam outras possibilidades de vida.

“É um trabalho articulado entre Assistência Social, Saúde e Segurança Pública. Atualmente, temos 48 pessoas mas que não permanecem na rua, ficam entre a Casa de Passagem e a rua e são atendidos pelas nossas equipes”, informa.

‘Já estava desistindo de mim’

Renan Garcia é um dos beneficiados pelo Programa Mão Amiga (Foto: Divulgação)

O pintor Renan Garcia é um dos beneficiados pelo internamento involuntário e diz que o programa foi decisivo para a mudança de vida. “Fui usuário de drogas durante 15 anos e morava na rua. Há dois anos conheci o Programa Mão Amiga, procurei a Paula [Gai] e o prefeito e eles me ofereceram o internamento e o tratamento gratuito, bancado pela Prefeitura”, comenta.

“Fiquei um ano e seis meses no Rio Grande do Sul, com todo o suporte do município, e agora estou há dois anos limpo. Voltei a constituir família com minha esposa e minha filha de nove anos e reabri a empresa de pintura. Quando eu já estava desistindo de mim, eles me ajudaram. Agora tenho uma vida saudável e tenho orgulho da pessoa que me tornei”, completa.

O Programa Mão Amiga já atendeu 524 pessoas em todo o município de Chapecó, com 268 já consideradas bem, 6 em desintoxicação e 119 em comunidades terapêuticas.

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