Motoboy morto por linha com cerol era pai e trabalhava em pizzaria há oito anos: ‘Estava indo levar lanche pro filho’


Acidente ocorreu em Indaiatuba (SP) na noite de sábado (4). Chefe foi o primeiro a chegar no local da ocorrência e a avisar a família da vítima. Motoboy morre após ter pescoço cortado por linha de pipa com cerol em Indaiatuba
O motoboy de 37 anos morto após ter o pescoço atingido por uma linha de pipa com cerol em Indaiatuba (SP) estava levando um lanche para o filho de 9 anos no momento do acidente. Segundo informações apuradas pela EPTV, afiliada da TV Globo, Amilton Antônio da Silva tentou pedir ajuda na portaria, mas não resistiu.
“Ele estava indo levar um lanche pro filho dele. Ele sempre tratava o filho dele acima de tudo. se a gente fizesse algo diferente, ele [falava]: ‘ah, vou levar um pouco pro meu filho também’. No trajeto acabou acontecendo essa fatalidade”, contou o pizzaiolo e colega de trabalho Gabriel Rodrigues.
O caso foi na noite de sábado (4), na Avenida Horst Federico Heer, no Parque Campo Bonito. O chefe Darlan Angelo, sócio da pizzaria, foi o primeiro a chegar no local do acidente e a avisar a família da vítima. O estabelecimento, que funciona em duas unidades, está fechado por luto e sem previsão de reabertura.
“A atendente atendeu o telefone, falou que alguém se cortou no condomínio. Falei: ‘beleza, estou indo lá’. na minha cabeça, assim, pensei que cortou a perna, alguma coisa, sei lá, ‘vou chegar e ajudar’. Na hora que eu cheguei lá, foi um baque enorme. A cunhada dele mora no condomínio. Foi muito doloroso falar pra eles”.
Amilton Antônio da Silva, de 37 anos, era motoboy e morreu após ter pescoço atingido por linha com cerol
Reprodução/EPTV
Pai e profissional dedicado
Amilton trabalhava há mais de oito anos no mesmo local, onde construiu grandes amizades. Além do filho, ele também deixa a esposa e será lembrado pela alegria e generosidade. “Ele era um ótimo amigo. Ele que treinava, ele que ensinava tudo”, comentou a entregadora Janine Costa.
Colega da vítima, a jovem não esconde a revolta com a insegurança provocada pelo uso do cerol. Assim como ela, outros motociclistas da cidade também se manifestaram. No domingo (5), dezenas de profissionais se reuniram em protesto no bairro Morada do Sol, onde fizeram um buzinaço.
“A primeira coisa que eu pensei é que, tanto eu, quanto meu namorado, trabalhamos como motoboy. Podia ser um de nós dois. Era uma pessoa que estava trabalhando. Ele estava ali na profissão para alimentar a família dele. O tempo todo ele sempre falava disso, da família, da esposa, do filho”, completa.
Segunda morte em duas semanas
A morte de Amilton foi a segunda em menos de duas semanas na cidade pelo mesmo motivo. No dia 23 de dezembro, outro motociclista, de 25 anos, morreu ao ser atingido no pescoço com uma linha de pipa com cerol. O fio estava cruzando a avenida por onde ele passou. O caso foi registrado como homicídio culposo.
A Guarda Municipal informou que tem intensificado operações para apreender materiais utilizado na fabricação do cerol. No final de semana, os agentes inspecionaram uma loja cujo o dono já havia sido atuado anteriormente por conta da venda deste material.
“Vidro moído, cola, linha chilena. uma mistura com cola acrílica, que dá essa liga, fica uma faca. É bastante material que, misturado, faz o cerol e essa prática criminosa. As ações serão mais efetivas e serão mais presente daqui para frente. vamos endurecer para que outras vidas não sejam ceifadas”, disse o guarda Oziel Henrique.
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