04/01 – Dia da Abreugrafia

 

Em 1922, ao voltar para o Brasil depois de uma temporada de sete anos trabalhando como médico em Paris, Manoel Dias de Abreu encontrou a cidade do Rio de Janeiro acossada por uma dramática epidemia de tuberculose. O que ele viu reforçou sua crença de que o controle da doença só seria possível por meio do diagnóstico em massa da população.

Os doentes chegavam aos hospitais em estado grave, quando o tratamento e o isolamento eram inúteis para conter a morte iminente. Abreu pouco pôde fazer naquele momento, mas retomou o trabalho iniciado na França para desenvolver uma técnica de diagnóstico precoce da tuberculose, de uso amplo e baixo custo.

No antigo Hospital Alemão, onde chefiava o serviço de radiologia, com um aparelho que havia criado, ele conseguiu finalmente em 1936 as primeiras imagens nítidas que lhe permitiam ver sinais de tuberculose ainda não detectados por outras técnicas de diagnóstico.

Combinando as técnicas de radiologia e de fotografia, a máquina emitia um feixe de raios X, que sensibilizava uma tela que se tornava fluorescente e produzia uma imagem visível a olho nu, captada por uma câmera fotográfica.

 

Paulista nascido em 1891, Abreu viveu em Lisboa e Paris depois de se formar pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. No Nouvel Hôpital de la Pitié, ele desenvolveu novas técnicas para fotografar peças cirúrgicas e, usando os então recém-descobertos raios X, identificou um caso de tuberculose.

A abreugrafia permitiu o diagnóstico e o tratamento precoce de pessoas com tuberculose que, embora sem sintomas, poderiam transmitir a doença para outras, desse modo ajudando a conter sua disseminação, controlada efetivamente com o uso de antibióticos, a partir da década de 1950.

Quem tem mais de 40 anos talvez ainda encontre sua própria abreugrafia perdida em alguma gaveta ou entre os documentos pessoais dos pais, porque durante muitas décadas esse era um exame obrigatório para matricular as crianças nas escolas e ao ingressar em um emprego novo.

Chamado pelo próprio Abreu de roentgenfotografia, o novo método ganhou o nome oficial de abreugrafia em 1939, em sua homenagem, como decisão unânime dos médicos que participavam do I Congresso Nacional de Tuberculose.

O exame, por ser simples, de baixo custo e permitir também a identificação de sinais de câncer e doenças do coração, rapidamente se disseminou e foi incorporada pelos serviços públicos de saúde do Brasil e de outros países. Seu uso intensivo foi criticado e limitado, até que a exigência da abreugrafia para matrícula escolar e emprego foi abolida no fim da década de 1970.

Muito homenageado e indicado três vezes para o Prêmio Nobel, Abreu publicou livros de poesias, alguns ilustrados por Di Cavalcanti e outros por ele próprio. Por ironia, tratando-se de um pneumologista, morreu de câncer de pulmão em 1962. Era um fumante incorrigível!

 

Em 1958, o Decreto nº 42.984, instituiu no País, o Dia da Abreugrafia, em homenagem ao Professor Manoel Dias de Abreu, por sua relevante contribuição prestada ao combate à tuberculose e às afecções torácicas.

 

Fontes:

Carlos Fioravanti: Revista Pesquisa Fapesp
Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (Rede TB/UFRJ)

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