Orçamento paralelo de Itaipu com eventos controversos provoca rombo milionário

Após frustrar a expectativa de uma conta de energia elétrica mais barata no bolso do brasileiro, a Itaipu Binacional vai fechar o ano no vermelho sob a administração do governo federal petista.

Ao invés da economia prevista após a quitação do bilionário financiamento de 50 anos para a construção da hidrelétrica em Foz do Iguaçu (PR), na divisa do Brasil com o Paraguai, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou o saldo negativo de R$ 333 milhões na conta da Itaipu Binacional em 2024.

Para o setor elétrico, o direcionamento de recursos da usina para eventos controversos e convênios com fins político-partidários pesam no cofre da empresa sob administração do governo federal e desequilibra o orçamento da Itaipu Binacional, que deveria manter o princípio de fornecimento da energia elétrica com o menor custo possível para o desenvolvimento econômico nacional.

Caso a situação não seja revertida por meio de um aporte financeiro, o prejuízo milionário pode chegar na conta de energia elétrica com reajuste da tarifa cobrada do brasileiro para cobertura do rombo.

Conforme o documento da Aneel, foi previsto mais de 301 milhões de dólares para compensação do impacto tarifário na conta de energia do brasileiro em 2024 após a assinatura do novo acordo entre Brasil e Paraguai em maio deste ano. O Custo Unitário do Serviço de Eletricidade (Cuse) foi fixado em US$ 19,28/kW mês até 2026.

Atualmente, a tarifa de repasse da potência contratada está no valor de US$ 17,66/kW mês com prorrogação até 31 de março. No entanto, a previsão de aporte para 2025 é de 293,8 milhões de dólares para compensação tarifária, montante considerado insuficiente pela Aneel para manter o mesmo patamar sem impacto no custo da energia para o consumidor final.

Na avaliação do presidente do instituto Acende Brasil, Claudio Sales, o cenário é resultado da atual política do governo federal que direciona os recursos da Itaipu Binacional para uma série de eventos sob a justificativa que leva à rubrica de “custos socioambientais”.

“Isso se constitui em um orçamento paralelo gigantesco, que no caso do Brasil é operado pelo governo sem nenhum controle das instituições que, normalmente, atuam sobre o uso do orçamento público, como o TCU [Tribunal de Contas da União] ou o Congresso Nacional. A Itaipu é uma empresa binacional e as decisões tomadas pelos dois países são implementadas”, diz Sales.

Ele lembra que a consequência das negociações do novo tratado Brasil-Paraguai após a quitação do financiamento para construção da usina é uma tarifa mais alta aos consumidores nacionais. “Isso é que faz o brasileiro pagar uma conta de energia absurda para inflar esse orçamento paralelo”, acrescenta o presidente do Acende Brasil. Segundo ele, estudos apontavam para uma tarifa técnica entre US$ 12 e US$ 14/kW mês no novo acordo binacional.

Em nota enviada à Gazeta do Povo, a Itaipu Binacional respondeu que a alegação de prejuízo de R$ 333 milhões no ano “carecem de fundamentos válidos e revelam desconhecimento sobre o regramento e a legislação aplicável”.

“A gestão da ‘conta de comercialização de Itaipu’ possui regulação e fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A composição da ‘tarifa de repasse de Itaipu’, supostamente indicada como a causa para um déficit na conta de comercialização, tem componentes adicionados ao Custo Unitário dos Serviços de Eletricidade de Itaipu (Cuse) que não são geridos ou administrados por Itaipu. Logo, superávit ou déficit da ‘conta de comercialização de Itaipu’ não impactam no resultado patrimonial da empresa”, argumenta a atual gestão.

A diretoria de Itaipu também confirmou que irá realizar aportes para compensar a diferença de tarifa de 16,71 dólares para 19,28 dólares junto à ENBPar e garantiu a disponibilidade orçamentária para a compensação nos anos de 2025 e 2026. (Gazeta do Povo)

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