Estado líder na produção de chuchu do Brasil descarta mercadoria devido à baixa demanda; entenda


Além da procura pequena, preços de produção estão altos, o que inviabiliza até a contratação de mão-de-obra para colheita do legume. ES é o maior produtor de chuchu do Brasil; veja vantagens e desafios da produção
Quem vê as parreiras lotadas de chuchu verdinho, no ponto certo para a colheita, nas propriedade de Santa Maria de Jetibá, Região Serrana do Espírito Santo, não imagina que os produtores estão amargando prejuízos ao longo do ano, e chegaram ao momento de maior desvalorização do preços dos últimos meses.
De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o preço do quilo do chuchu custa, em média, R$ 1,50, ao longo do ano. Entretanto, a última cotação da Central de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa), apontou o valor em R$ 0,50.
Além do preço baixo devido à demanda pequena, os custos de produção se mantiveram, agravando a situação para os produtores.
Agricultores que lideram produção de chuchu no Brasil descartam mercadoria devido à baixa demanda. Espírito Santo
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O estado é o maior produtor de chuchu do Brasil, de acordo como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2023, foram 197.921 toneladas. Somente Santa Maria de Jetibá, produziu 192 mil, no período, o que representou cerca de 97% do total. Depois de colhida, a produção capixaba é vendidas para 16 estados do país.
Dificuldade até para o descarte ou doação
Entre as principais dificuldades no cultivo do chuchu estão o controle de doenças e pragas e mão de obra para trabalhar em um terreno inclinado. As doenças com maior relevância nesta cultura estão a antracnose, a mancha zonada e o oídio.
“Você tem o gasto com a tobata, irrigação, bomba, veneno, várias coisas, aí acaba ficando caro. Só a caixa de madeira já custa quase os seus R$ 7, e o preço hoje tá, na média, de R$ 8 a caixa”, pontuou o produtor rural, Jonathan Seick.
Chuchu é jogado no chão da propriedade em Santa Maria de Jetibá.
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Jonathan administra com a família 30 hectares de parreiras de chuchu e teve que descartar 20% da última produção. Para o produtor, o preço adequado deveria ser mais do que o dobro do atual. Na propriedade, o legume que sai do pé tem ido direto para o chão e apodrece no mesmo solo onde foi plantado.
“O preço, para ficar bom, teria que ser uns R$ 20. Porque, atualmente, com R$ 1 de lucro é até difícil arrumar gente para tirar o chuchu do pé e jogar no chão. Quem tiver alguma criação cata de novo e joga para as galinhas, porco, boi. É ruim mesmo. Não tem saída, até se a gente quiser dar o chuchu os outros não querem”, lamentou.
O produtor rural Yuri Seibert, compartilha o momento de baixa. Nas últimas semanas, mais de 500 caixas de chuchu foram descartadas dentro do próprio terreno.
“Não está tendo venda, é 100% de descarte, muito triste. A gente tem essas parreiras novas, cultivadas com muito custo, e eu não vendi nenhuma caixa dessas parreiras ainda. Tem uns quatro meses e meio que estou investindo e, por enquanto, sem retorno. […] Até para doar é difícil, quando você oferece a pessoa quer que você leve até ela, e a gente já está tendo prejuízo. Nós pedimos vir buscar, aí já acaba a conversa”, relatou.
Para tentar contornar a situação e não ficar no prejuízo com os seis hectares de plantação de chuchu., Yuri fez um novo investimento em uma estufa para a produção de tomate.
“Como preço baixo do chuchu, a gente pensou em ter uma outra renda, e apostamos na produção de tomate. Começamos este ano, a produção tá boa mas o preço também não está ajudando”, comentou.
Esperança para os próximos meses
Esperança é que o preçodo chuchu melhore no verão.
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Mesmo com o trabalho minucioso na cultura, evitando pragas e garantindo uma produção de excelência, de acordo com especialistas, o atual problema com os preços se explica na própria regulação do mercado. Embora a oferta seja abundante, a procura pelo chuchu está escassa.
“Além do preço ruim, não tá vendendo. A demanda não existe e é muito ruim quando se chega a uma situação como essa. O produtor rural tem que ser meio camaleão, tem que ir se adaptando às situações. Aqui em Santa Maria, os produtores que foram observando os altos e baixos do mercado já ajustaram a questão de poda e replantio para tentar pegar o pico de produção no pico do preço”, falou o extensionista do Incaper, Iosmar Manks.
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Entretanto, há esperança de que a situação melhore nos próximos meses. Segundo Iosmar, no verão a produção cai, a oferta diminui e os preços tendem a melhorar.
“A expectativa que a gente tem é que, agora em janeiro, com muita lavouras podadas e cortadas, quando entrar o verão mais pesado a produção vai cair por causa da temperatura alta. Aí você diminui a oferta e consegue um preço um pouco melhor”, explicou.
Cultura do chuchu
Sistema de condução dessa planta é por parreira ou “jural”, de maneira que os frutos fiquem suspensos.
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A cultura do chuchu no município tem safras com intervalos de quatro e dois meses. Do plantio até a primeira colheita, são quatro meses. Depois da poda, são mais dois meses até a segunda safra. Então, a planta é cortada e o plantio recomeça.
O chuchuzeiro é uma planta herbácea que produz frutos durante todo o ano, desde que conduzido e manejado da forma adequada. O sistema de condução dessa planta é por parreira ou “jural”, de maneira que os frutos fiquem suspensos. No chão, os frutos perdem a qualidade, ficam brancos e com grande incidência de doenças, devido ao excesso de umidade.
O chuchu plantado em Santa Maria de Jetibá é de uma variedade verde claro, que tem maior aceitação no mercado por ser mais macia, ter menos espinhos e sulcos mais rasos, o facilitar para descascar, além de ser mais resistente a pragas.
Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), existem poucos estudos sobre o cultivo de chuchu, o que fez com que os produtores de Santa Maria desenvolvessem as próprias técnicas.
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