Estudo do HC de Ribeirão Preto indica relação entre obesidade do pai e baixo peso do bebê ao nascer


Resultado é apontado como avanço, porque mostra que não são apenas as condições de saúde da mãe interferem no desenvolvimento do recém-nascido. Pesquisa analisou 86 pares de pais e filhos entre 2018 e 2022. Excesso de peso do pai pode afetar desenvolvimento do bebê, aponta estudo
Um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) descobriu uma associação entre o excesso de peso do pai com o baixo peso do bebê ao nascer. A pesquisa analisou 86 pares de pais e filhos para entender qual a influência paterna no desenvolvimento da criança.
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O trabalho foi realizado em sete unidades de saúde de Ribeirão Preto e revelou que quanto maior o Índice de Massa Corporal (IMC) do pai, menor o peso do recém-nascido.
Para a pesquisadora Mariana Rinaldi Carvalho, responsável pelo estudo, isso pode influenciar no crescimento das crianças.
“O excesso de peso paterno pode estar influenciando na restrição de crescimento desse bebê, mesmo que a gestação ocorra da forma esperada, que essa mulher esteja fazendo o pré-natal, esse bebê pode vir a ter essa restrição de crescimento por conta do excesso de peso paterno.”
Estudo do HC de Ribeirão Preto indica relação entre a obesidade do pai e peso do bebê ao nascer
Reprodução/EPTV
Segundo ela, o baixo peso ao nascer pode implicar em diversos fatores ao longo da vida da criança, como complicações respiratórias ou dificuldade na amamentação.
O resultado é considerado um avanço, porque mostra que não são apenas as condições de saúde da mãe interferem no peso do bebê.
“Se pensarmos que somos metade nosso pai e metade nossa mãe, a gente vê que, nesta equação, o pai também tem um ponto relevante a ser considerado. Na literatura, a gente tem poucos estudos que consideram o pai, então achamos importante que ele fosse considerado”, diz a pesquisadora.
Estudo do HC de Ribeirão Preto indica relação entre a obesidade do pai e peso do bebê ao nascer
Reprodução/EPTV
Tal pai, tal filho?
A pesquisa, que começou em 2018 e teve em 2022 o fim da fase de coleta de dados, acompanhou mulheres grávidas e os parceiros delas durante todo o período gestacional.
Ao nascer, os bebês foram avaliados para entender a influência do peso paterno no desenvolvimento. As informações obtidas no período foram analisadas nos últimos dois anos.
Para Mariana, manter um estilo saudável ajuda o homem a preservar qualidade de vida e saúde dos filhos futuramente.
“Quando a gente considera o processo de formação do bebê, essas informações genéticas vem a partir do espermatozoide. Quando esse homem tem um estilo de vida que não é adequado, tem excesso de peso, não tem alimentação adequada, tudo isso pode influenciar na qualidade dos genes que estão no espermatozoide. Assim, no momento da fecundação, quando ele passa sua informação genética, acaba trazendo toda essa influência”.
Além de influenciar no desenvolvimento do filho, o impacto do estilo de vida do pai pode afetar até três gerações futuras, ainda segundo a pesquisadora.
Pesquisdora do HC em Ribeirão Preto, Mariana Rinaldi Carvalho, fala sobre estudo que relaciona o peso do pai com o do bebê
Reprodução/EPTV
Próximos passos
Segundo a professora Daniela Sartorelli, orientadora do estudo, o resultado ainda precisa ser aprofundado. Isso porque, como a coleta de dados foi realizada durante a pandemia, o desenvolvimento da pesquisa pode ter sido afetado.
“Nós precisamos de estudos futuros que com um maior número de pais, mães e crianças que sejam prospectivos para se confirmar essa hipótese. Esse será o próximo passo do nosso grupo de pesquisa.”
Caso confirmado os resultados do estudo, no futuro será possível ampliar a pesquisa para além da relação com o IMC do pai e fatores como a dieta também serão levados em conta no momento da análise.
Daniela Sartorelli é coordenadora da pesquisa realizada no HC em Ribeirão Preto que relaciona o peso do pai com o do bebê
Reprodução/EPTV
O objetivo é identificar de maneira mais completa a influência do estilo de vida do pai na vida do bebê. Desta forma, é possível que a mãe e o pai se preparem para uma gravidez.
“A gente tem de fazer o planejamento familiar, não só cuidando do estilo de vida da mãe, mas o pai também, tendo hábitos de vida saudável, não fumar, não consumir álcool em excesso, um peso adequado, fazer atividade física, alimentação saudável, assim como a mãe.”
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