Ministro, senador, federação: o futuro ainda incerto de Lira após deixar a Presidência da Câmara


Depois de sua última sessão como presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP) tem futuro incerto. Ele tem dito a pessoas próximas que quer se dedicar a seu estado, Alagoas, até o fim do atual mandato e trabalhar por uma federação partidária que unirá PP, União Brasil e Republicanos.
Lira já confidenciou que pretende ser candidato ao Senado nas próximas eleições, em chapa com prefeito reeleito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), para o governo de Alagoas. Questionado, porém, ele diz que não mantém expectativas para não se frustrar.
Aliados de Lira cogitam uma aliança com Renan Calheiros (MDB-AL), um de seus mais ferrenhos adversários, que deve ser candidato à reeleição ao Senado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já chegou a dizer em uma reunião que essa seria a “chapa dos sonhos”.
“Sonho do presidente. Para muitos seria um pesadelo”, reagiu Lira.
Nos bastidores, cogita-se a possibilidade de Lira virar ministro do governo Lula na reforma ministerial esperada para o início de 2025. Aliados do presidente da Câmara dizem que ele nega, mas age como quem deseja um espaço na Esplanada. As pastas de Saúde e Agricultura estariam na mira.
Presidente da Câmara, Arthur Lira
Câmara dos deputados
Lula teria demonstrado atenção com o que Lirá fará depois de deixar o comando da Câmara. O alagoano desconversa sobre um possível ministério e diz que só se preocupa em fazer seu sucessor na Câmara — Hugo Motta (Republicanos-PB).
Mudanças no governo Lula
Lira também tem defendido nos bastidores uma reforma nos ministérios. “O governo precisa de uma reforma ministerial para ele e para os partidos. Tem partido que apoia e está se sentindo desprestigiado, e partido prestigiado que não apoia”, disse a interlocutores.
O atual presidente da Câmara vê a reforma como um modo de o governo diminuir as disputas internas entre ministros do PT e, também, de contemplar mais os partidos da base.
Um exemplo é o PSD, que tem questionado o governo porque sua bancada Câmara é uma das mais fiéis nas votações, mas a sigla só comanda o Ministério da Pesca, com o ministro André de Paula.
Lira tem avaliado que a reforma é fundamental para facilitar a tramitação de propostas de interesse do governo no Parlamento e tem dito que a representação dos partidos no Executivo está desigual.
Em conversas, o parlamentar diz que o PT está super representado no governo, enquanto tem uma bancada pequena na Câmara (80 deputados, considerando a federação com PV e PCdoB).
Todos os ministros palacianos (Casa Civil, Relações Institucionais, Secretaria de Comunicação e Secretaria-Geral da Presidência) são do partido de Lula. “O governo terá que se debruçar sobre isso. No tempo dele.”
Lira também tem dito que, para o governo melhorar sua articulação política, é preciso que Lula entre mais em campo para atender e conversar com os parlamentares.
Na visão do deputado, segundo relatos, até a ex-presidente Dilma Rousseff, muitas vezes criticada por sua articulação, se encontrava mais com parlamentares do que Lula em seu terceiro mandato. “Você não fica o tempo todo na relação pragmática. Na política, o importante é o carinho.”
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