Estresse no mercado se intensifica e já aponta para Selic de 17,5% em 2025

Nem mesmo as intervenções do Tesouro Nacional no mercado, com o anúncio de um leilão de recompra de NTN-Bs, surtiram efeito no mercado de juros e as taxas voltaram a disparar já nos primeiros minutos da sessão desta quinta-feira. Na curva de juros, o mercado já precifica uma taxa Selic de 17,50% ao fim do ciclo de aperto monetário do Banco Central, em dezembro de 2025.

Para a reunião de janeiro do Copom, as apostas se dividem entre alta de 1,75 e 2 pontos percentuais, o que levaria os juros básicos brasileiros ao patamar de 14% ou 14,25%, o que foi indicado pelo Copom para acontecer até março.

No mercado de opções digitais de Copom, porém, as apostas ainda se concentram em uma alta de 1 ponto percentual da Selic em janeiro, seguindo a indicação da comunicação oficial do colegiado. No fechamento de ontem, o mercado de opções mostrava 58% de chance para aumento de 1 ponto, 14% para aumento de 1,25 ponto, 18% para alta de 1,5 ponto e apenas 2,5% para elevação de 1,75 ponto.

A diferença entre a precificação da curva de juros futuros e do mercado de opções digitais indica que há um prêmio de risco relevante nas taxas dos contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI), que têm tocado seus maiores níveis desde o começo de 2016, mesmo nas de curto prazo.

Nesta manhã, o Tesouro anunciou que irá recomprar até 12 milhões de NTN-B para quatro vencimentos. No entanto, o efeito prático do edital do leilão extraordinário durou poucos minutos e, logo depois, as taxas voltaram a subir.

Participantes do mercado notam que, como no leilão de NTN-F de ontem o Tesouro só recomprou 10% dos títulos em relação ao que propôs adquirir, apesar de haver ordens, existe a percepção de que será difícil o Tesouro recomprar a quantidade total de NTN-Bs — algo que mantém os prêmios de risco elevados no mercado de juros.

Na avaliação do economista de uma importante gestora de recursos brasileira, somente uma “mudança na mentalidade política em Brasília” em relação à gestão das contas públicas pode resultar em uma pausa na deterioração dos ativos locais.

“Mas a barra da crise para gerar alguma mobilização política parece bem mais alta do que no passado. Parece que é preciso piorar para, depois, melhorar”, diz o profissional, ao notar a desidratação do pacote de revisão de gastos e a dificuldade para uma aprovação das propostas. (Valor)

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