Braga Netto trocou mensagens e telefonou para pai de Mauro Cid para saber sobre delação; PF vê obstrução

Perícia realizada no celular de Mauro Lorena Cid, pai do ajudante de ordens de Bolsonaro, mostra “intensa troca de mensagens” por whatsapp e ligação telefônica. Delator confirmou intenção de ex-ministro em saber o que ele tinha falado à PF.
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que autorizou a prisão do general Braga Netto neste sábado (14) mostra que o ex-ministro do governo Bolsonaro falou com o pai de Mauro Cid por telefone para obter informações sobre sua delação premiada.
Mauro Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal.
Na decisão, Moraes transcreve parte das conclusões da PF e um trecho da delação de Cid em que ele confirma a tentativa de Braga Netto de obter informações sobre sua colaboração a junto a seus familiares.
Para Moraes, os elementos permitem concluir que o general agiu para impedir ou embaraçar as investigações em curso.
“Basicamente isso aconteceu logo depois da minha soltura, quando eu fiz a colaboração naquele período, onde não só ele como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado. Isso fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa, ele não era oficial, e tentando entender o que eu tinha falado”, afirmou Cid.
Segundo o delator, o contato “normalmente era por telefone” e que não sabe se houve encontro dos dois pessoalmente.
Na decisão, Moraes diz que a investigação da PF demonstra que os contatos telefônicos realizados com o pai de Cid tinham a finalidade de obter dados sigilosos, controlar o que seria repassado à investigação e informar aos demais integrantes da organização criminosa.
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