Cresce média de devedores de condomínios no estado de SP, e índice de outubro é o recorde do ano, aponta levantamento


Média de inadimplentes chegou a 12,53% em outubro. Antes, junho detinha esta marca, com 9,95%. Especialistas apontam falta de organização financeira da população como um dos motivos da alta. Prédios em São Paulo
NurPhoto via AFP/Arquivo
A inadimplência da taxa de condomínio em São Paulo atingiu em outubro, em média, 12,53%. Este é o nível mais elevado registrado para o estado em 2024, segundo levantamento de uma empresa especialista em mercado condominial e imobiliário divulgada neste mês.
Economistas entrevistados pelo g1 afirmaram que duas hipóteses podem explicar os atrasos de pagamentos: a falta de organização financeira da população e as taxas que estão subindo acima da inflação em todo o país.
“Os consumidores preferem quitar dívidas mais caras em detrimento da taxa de condomínio, que cobra multa por atraso menor do que as taxas de juros de empréstimos, por exemplo”, afirmou Antonio Correa Lacerda, economista e professor do programa de pós-graduação em Economia Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Antes do valor de outubro, o mês de junho havia registrado o índice mais elevado de inadimplentes em taxas de condomínio no estado, com 9,95%. O menor percentual do ano, segundo a empresa Superlógica, foi em setembro: 8,06%.
Porém, não é São Paulo que lidera a lista de devedores da taxa de condomínio do país. Goiás aparece em primeiro lugar, com 17,64% de inadimplentes, seguido de Alagoas, com 15,85%, e Rio Grande do Norte, que tem 14,85%.
Relatório
A pesquisa foi feita pela empresa Superlógica, que analisou aproximadamente 70 mil condomínios em todas as regiões do Brasil. A metodologia do relatório considerou como inadimplentes os boletos que foram pagos com mais de 30 dias de atraso ou que estão vencidos há um mês. Além disso, o tipo de imóvel e sua localização também foram considerados.
O valor da taxa de condomínio é decidido em assembleias, entre síndico ou administradoras dos prédios com os moradores, e não segue necessariamente um índice específico. Porém, a pesquisa revelou que as taxas estão acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país.
Segundo o levantamento, entre janeiro e outubro, o valor da taxa de condomínio no Brasil, em média, aumentou de R$ 828,03 para R$ 901,74, uma elevação de 8,9%, ou 5,02 pontos percentuais a mais do que o IPCA do período (3,88%).
As maiores altas de taxas aparecem no Rio de Janeiro (16,75%), no Espírito Santo (13,46%) e no Distrito Federal (12,48%). No caso de São Paulo, o reajuste foi menor, de 6,66%: passou de R$ 669,54 em janeiro para R$ 714,12 em outubro, em média.
Na terça-feira (3), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, chegando ao 13º resultado positivo consecutivo, e um dos maiores entre países emergentes, empatado com a China.
“Estamos numa situação de PIB crescendo e de pleno emprego. Teoricamente, as pessoas não deveriam estar inadimplentes”, disse Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.
Economia brasileira cresce 0,9%, no terceiro trimestre
Riscos
A falta de pagamento da taxa de condomínio pode prejudicar o gerenciamento de manutenção e investimentos que poderiam ser feitos no prédio.
“Um condomínio tem direitos e deveres proporcionais a sua área útil. Então, você tem que pagar o rateio das suas despesas ordinárias e extraordinárias. Se você está com problema sério [financeiro], procure o síndico antes”, alerta o professor do Insper.
“Muita gente que morava em casa, passa a morar em condomínio e não é muito claro para a pessoa que a manutenção é constante. Tem que ver [taxa de condomínio] como despesa e que impacta no orçamento”, completou.
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