Prefeitura de Salvador inicia demolição de imóveis afetados por deslizamentos com duas mortes; cidade tem 171 áreas de riscos

Localidades foram mapeadas pela Defesa Civil após levantamento realizado entre 2016 e 2024. Um dos pontos fica exatamente onde aconteceu a tragédia. Salvador tem 171 áreas de risco mapeadas
Salvador tem 171 áreas de risco para deslizamentos e alagamentos em dias de chuvas. Os detalhes foram divulgados nesta segunda-feira (2), cinco dias após os estragos das chuvas matarem dois jovens no bairro de Saramandaia.
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Segundo apurou a TV Bahia com a Defesa Civil (Codesal), o levantamento foi feito entre 2016 e 2024, após os deslizamentos de terra no Bom Juá e Barro Branco deixarem 16 pessoas mortas em 2015. Uma das áreas listadas no mapeamento é a chamada Poligonal da Horta, exatamente no bairro da tragédia da semana passada.
À reportagem, o diretor-geral do órgão, Sosthenes Macedo, detalhou que as principais ações adotadas na região foram para resolver problemas de alagamentos. No entanto, as mortes aconteceram por causa de deslizamento de terra.
“Saramandaia passa por uma grande intervenção de risco hídrico. Naquela localidade, o que mais chamava atenção eram os alagamentos constantes. A prefeitura já está na fase de finalização da primeira etapa desta drenagem de toda a região”, disse Sosthenes Macedo.
“A área de deslizamento de terra, que, embora acompanhado pelos nossos técnicos, era uma área de cobertura vegetal. Era uma área que não estaria elencada, diante de outras áreas que têm risco ainda mais graves na capital”, concluiu.
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Na tragédia que aconteceu na semana passada, além dos dois mortos, outras três pessoas ficaram soterradas em dois pontos diferentes do bairro. O primeiro a ser soterrado foi Gerson Alexandrino Santos Júnior, de 23 anos. O corpo dele foi encontrado horas depois, nos escombros do quarto onde dormia.
Gerson e Paulo morreram por deslizamento de terra em Salvador na última semana
Reprodução/TV Bahia
No outro deslizamento, quatro pessoas ficaram debaixo da terra, sendo três delas da mesma família. O pequeno Marcelo Heitor Andrade Mesquita, de 6 anos, a mãe, Diane Andrade, de 32 anos, e o vizinho Adriano dos Santos, de 30 anos, foram resgatados com vida. Já Paulo Andrade, de 18 anos, só foi localizado dois dias depois do deslizamento, sem vida.
A imagem do local onde essas pessoas ficaram soterradas chamam atenção pela quantidade de barro que desceu e atingiu as casas. Parte da terra que atingiu os imóveis deslizou da rua Amargosa, em Pernambués, bairro vizinho a Saramandaia.
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Um ponto do endereço precisou ser interditado pra evitar que a movimentação de carros causasse novos deslizamentos. Um estudo do solo está sendo realizado e uma contenção de encosta deve ser construída no local. O que ficou de pé nas casas soterradas segue em processo de demolição.
“A Sedur [Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo] já iniciou esse procedimento de demolição, já estão no local fazendo esse trabalho. A área vai ser isolada e neste intervalo as equipes da Seinfra [Secretaria de Infraestrutura da Bahia] e da Sucop [Superintendência de Obras Públicas de Salvador] estão preparando um projeto executivo para a estabilização daquela encosta”.
Em entrevista à TV Bahia, uma professora de geografia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) defende que ações dos órgãos responsáveis sejam intensificadas na cidade, para evitar situações como essas.
“Se a gente não agir no problema, que é o problema da vulnerabilidade social, a gente não consegue sair ou tirar essas pessoas de uma situação de risco”, pontuou Grace Bungenstab Alves.
Em nota, a Prefeitura informou que os trabalhos na área do deslizamento em Saramandaia devem durar 70 dias. Já o Governo do Estado e a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) pontuaram que trabalham com a administração municipal na realização de obras de contenção de encostas, e que nos últimos dois anos foram 37 intervenções deste tipo na cidade.
Buscas seguem em Saramandaia
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