Relatório indica ‘provável vazamento’ de informações policiais para traficantes e milicianos durante confronto em Rio das Pedras


Documento foi encaminhado para a pm, que prendeu 9 milicianos horas após tentativa de invasão de traficantes na comunidade. Nos últimos dias, tiroteios intensos também foram registrados no Catiri, em Bangu; na Carobinha, em Campo Grande; e no Jardim Paraíso, em Nova Iguaçu. Um relatório da Polícia Civil sobre recentes ações policiais em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, aponta para o “provável vazamento” de informações da Polícia Militar para traficantes do Comando Vermelho que tentaram invadir a região no último sábado (23).
Outros trechos do documento também indicam que um miliciano de Rio das Pedras determinou a um comparsa que indicasse a um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) onde estava o corpo de um traficante morto na operação, assim como uma casa onde os invasores estariam escondidos.
À tarde, uma operação do Bope prendeu nove suspeitos de integrar milícia e apreendeu oito fuzis na localidade conhecida como Sertão, de onde partiu a ofensiva do CV. Em 2017, policiais do batalhão foram condenados por vazar informações de operações a traficantes da mesma facção.
A polícia suspeita que a ordem dos ataques à comunidade tenha partido dos traficante Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, e Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, o Zeus.
As informações do relatório indicam que o Zeus pode ter tido acesso a atualizações em tempo real da atuação das forças policiais na região. Segundo o documento, fotos mostrando a movimentação de carros da PM foram enviadas ao criminoso.
Há investigações em andamento sobre o envolvimento de agentes públicos com as organizações criminosas envolvidas em confrontos por tomadas de território.
Procurada, a Polícia Militar disse que não comenta ações de inteligência.
Bope prende nove suspeitos e apreende 8 fuzis em Rio das Pedras
No dia seguinte, domingo (24), um miliciano foi morto por traficantes, em uma possível retaliação ao criminoso morto na tentativa de invasão da comunidade.
Outros pontos de confronto
Suspeitos de integrar milícia no Catiri, em Bangu, foram presos pela Draco
Reprodução
A Polícia Civil monitora os confrontos entre o tráfico e milícias de outros pontos da Zona Oeste e da Baixada Fluminense. O g1 apurou que os “soldados” do tráfico destacados para as tentativas de tomada de território são fortalecidos financeiramente pela cúpula da facção.
As movimentações confirmam a tentativa de expansão da facção, como aconteceu neste ano em várias áreas de Jacarepaguá, que durante anos foram pontos importantes com atuação de milicianos.
No mesmo dia, traficantes tentaram invadir a comunidade do Catiri, em Bangu, na Zona Oeste, poucas horas depois que quatro suspeitos de integrar a milícia foram presos pela Polícia Civil. No entanto, o plano de invasão foi fracassado. A polícia investiga quem é o atual chefe da milícia local.
A favela da Carobinha, em Campo Grande, é alvo de investidas do Comando Vermelho desde o início do ano. Em março, quando a polícia prendeu 15 milicianos da região, os criminosos já enfrentavam problemas com o avanço de traficantes.
No sábado (23), duas pessoas foram baleadas durante um confronto entre milicianos e traficantes na região. A Polícia Civil investiga o caso. A região é atualmente controlada pela milícia chefiada por Paulo David Guimarães Ferraz Silva, o Naval.
Paulo David, conhecido como Naval, é apontado por informações da Polícia e MPRJ como novo chefe da maior milícia do Rio
Reprodução
A milícia chefiada por Gilson Ingrácio Júnior, o Juninho Varão, também foi alvo de ataques da facção criminosa na região do Jardim Paraíso, em Nova Iguaçu. No dia 22 de novembro, houve confronto entre as facções criminosas.
Gilson Ingrácio de Souza Junior, o Juninho Varão, suspeito de chefiar milícia em Nova Iguaçu e Seropédica
Reprodução
Atualmente, Varão é um dos principais alvos da polícia por chefiar a milícia que controla várias partes de Nova Iguaçu e também de Seropédica, na Baixada Fluminense.
Varão tem diversas passagens por homicídio, tortura e organização criminosa, e era responsável pelo controle financeiro da quadrilha, além de participar diretamente da compra de armas e munições.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.