Nairo Linck: uma vida dedicada ao teatro em Arroio do Meio

Na Sexta-Feira Santa, a comunidade de Arroio do Meio será presenteada com mais uma atuação memorável do arroio-meense Nairo Linck, que interpretará Caifaz na 27ª encenação da Via Sacra na localidade de Forqueta. Com uma carreira de mais de 30 anos no teatro, Linck é um exemplo de dedicação e paixão pela arte.

A história de Linck com o teatro começou há 32 anos, mas há três ele assume o papel do sumo sacerdote na apresentação. Experiente, Linck diz que foi convidado pelo organizador do evento, Paulo Haas. Além de atuar, ele também dá algumas dicas para o grupo que conta com cerca de 70 atores do município, principalmente, do mesmo local em que a programação ocorre. Os ensaios estão a todo o vapor desde fevereiro para contar os dias finais de Jesus Cristo, sua morte na cruz e ressureição.

Para ele, encarar o papel é especial e com um grande significado, pois estudou no seminário por três anos e foi catequista por nove. “Essa história que contaremos na encenação está no meu sangue. Poder fazer parte disso é uma emoção muito grande, algo incrível. A Páscoa é a renovação da vida, principalmente, pelo lado espiritual e emocional. Então, durante a apresentação vivemos tudo isso. O grupo incorpora a energia daquele momento, pois tudo é ao vivo e com microfone, nada é gravado. Enquanto quiserem que eu faça parte do elenco, eu farei.” Ele considera a interpretação de Caifaz como um dos mais importantes relacionados com a religiosidade, pois em anos anteriores já encarou papéis de peças teatrais e encenações sobre o nascimento de Cristo no período natalino. Na encenação da Via Sacra de Forqueta, a esposa Lisneia Beatriz Schrammel também participa e faz parte do povo.

TUDO COMEÇOU EM 1992…

Lá na década de 1990, mais precisamente em 1992, tudo começou e Linck despertou o seu talento nos palcos. Antes disso, atuava nos bastidores como técnico de som e luzes do Grupo de Teatro Elenku. No entanto, o rumo de sua vida mudou quando foi convidado para atuar, pois faltaram pessoas no elenco de ‘A Maldição do Vale Negro’ de Caio Fernando Abreu e Luiz Arthur Nunes. Na primeira vez, encarou o papel do protagonista, o Conde Maurício De Belmont da peça. Dali em diante, Linck não parou mais de atuar no teatro.

Depois de um período, entre o fim dos anos 90 e início dos anos 2000, o grupo em que ele começou se dissolveu, mas Linck não parou com a carreira de ator, pois realizou alguns trabalhos publicitários e comerciais na TV. Ao mesmo tempo, conciliava a carreira artística com a de bancário no Banco do Brasil. Como o teatro já estava enraizado em sua alma, começou a fazer parte do Grupo Foice Acena que existe até os dias atuais em Arroio do Meio.

Por falar mais alto em seu interior, Lincke, atualmente, professor de teatro da comunidade católica Bela Vista e em Lajeado na Escola Sinodal Conventos e com alunos da Univates do curso de Medicina e Psicologia com a realização de simulações.

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UM CAMINHO NO TEATRO

Ao longo de mais de 30 anos de carreira, Nairo Linck atuou em inúmeras peças e viajou para vários municípios com os grupos para se apresentar. Muitas delas são clássicos da Literatura e foram escritas há muitos anos ou séculos.

Entre elas, a peça Máscaras de Menotti Del Picchia, Édipo de Sófocles, uma tragédia grega, O Avarento de Molière, uma comédia, que atuou como o protagonista. Além disso, o monólogo O Primeiro Milagre também foi sucesso por onde passou. “Considero O Primeiro Monólogo e o Avarento as duas peças mais importantes de toda a minha carreira. Demandaram muito esforço e me deram reconhecimento. Aprendi muito com esses dois trabalhos. No monólogo, interpretei 16 personagens e fui reconhecimento no Rio Grande do Sul e em um festival de São Paulo onde ganhamos o júri popular. Eu contei várias histórias sem cenário, pois era apenas eu no palco.”

A sua caminhada com o grupo do teatro levou o seu nome para fronteiras além do Vale do Taquari. Ela conta que uma Esquete de Jô Soares chamada de Flagrante de Adultério permitiu que o grupo participasse em festival em Novo Hamburgo. Como resultado, veio uma boa premiação.
Em Foi-se a Cena, o ator marcou presença em peças que contavam a história de Romeu e Julieta de William Shakespeare. No ano passado, esteve em cartaz As Distintas, peça apresentada em Arroio do Meio.

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ENSINAMENTOS

Após tantos anos de experiência nos palcos, ele diz que o maior ensinamento é que todos podem viver e desenvolver essa arte chamada Teatro. “Eu era muito tímido e tinha vergonha de falar em público. Com o teatro, isso mudou e agora consigo me expressar melhor com as pessoas e com o microfone. Fazer peças ajuda a falar melhor e com a dicção. Enfim, auxilia no desenvolvimento como um todo. Vale muito a pena, é algo surpreendente que ganho mais gosto e paixão a cada dia.”

Para Linck, o teatro é vida e luz. “Podemos colocar para fora o que no cotidiano do dia a dia não é possível. O palco permite liberdade e que você seja qualquer coisa. Você é capaz de fugir de uma realidade e criar outra. O teatro aceita tudo, mas você precisa interpretar bem para convencer o público. Você se sente livre ao mostrar em um papel um fato real de alguém. Uma peça desperta muita coisa em nós. Não consigo mais me ver longe da área. Me realizo a cada dia. Se eu parar, parece que vai faltar algo na minha vida. O teatro preenche meu coração e me ensina a cada dia.”

A dica do ator para quem gosta é de começar sem medo. “Você deve se desafiar. Depois que pega o aprendizado, só vai. É uma das melhores e maiores formas de expressões que há. Comece, vale muito a pena e você vai ver como vai evoluir. Acredite em você e no seu sonho, siga em frente.”

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