Dólar fecha a R$ 5,91 e registra recorde histórico com possível anúncio de isenção de Imposto de Renda

A alta da moeda norte-americana reflete incertezas do mercado financeiro diante de rumores sobre medidas econômicas

O dólar fechou em alta nesta quarta-feira (27), atingindo o maior valor nominal da história: R$ 5,9124. O recorde anterior, de maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19, era de R$ 5,9007.

A valorização expressiva foi impulsionada por rumores de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, poderá anunciar a autorização do Imposto de Renda (IR) para quem ganhar até R$ 5 mil a partir de 2026, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Expectativa de pacote de cortes de despesas

O mercado financeiro aguardava o detalhamento de um pacote de redução de despesas públicas para cumprir a meta de déficit zero em 2024. No entanto, a notícia sobre a autorizada do IR gerou apreensão entre os investidores, que tem impacto negativo no cumprimento das metas fiscais do governador.

Atualmente, estão isentos do IR os contribuintes que recebem até R$ 2.259,20 mensais. Caso a mudança seja inovadora, haverá uma renúncia fiscal estimada em R$ 40 bilhões por ano, o que pode dificultar o equilíbrio das contas públicas no médio e longo prazo.

Fernando Haddad fará um pronunciamento em cadeia nacional nesta quarta-feira, mas o governo não detalhou o tema. A expectativa era de que o foco fosse o anúncio de cortes de gastos.

Impactos no mercado financeiro

O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, também refletiu como incertezas, encerrando o dia em queda de 1,73%, para 127.669 pontos. Já o dólar teve variação de 1,80% no dia, acumulando:

• Alta de 1,70% na semana;
• Ganho de 2,27% no mês;
• Avanço de 21,84% no ano.

No preço anterior, a moeda norte-americana havia fechado a R$ 5,8080, com alta de 0,04%.

Desafios econômicos e leitura do mercado

A possibilidade de autorização de IR foi interpretada como uma vitória da política do governo, em detrimento da equipe econômica, que teria sugerido cautela em relação ao momento do anúncio.

Segundo Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, o impacto da medida pode ofuscar os esforços de contenção de despesas. “Se o financiamento da isenção vier do pacote de cortes, o montante de R$ 70 bilhões será insuficiente. Isso ampliou o movimento defensivo do mercado”, explicou.

A repercussão inicial incluiu aumento do dólar, elevação de juros futuros e queda nas ações da bolsa brasileira, em um cenário que reforça as dúvidas sobre a condução das contas públicas e o cumprimento das regras do arcabouço fiscal.

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