Para o J.P. Morgan, inflação e política fiscal podem reduzir prêmio da bolsa dos EUA

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O ano de 2024 foi bom para as ações americanas e, se depender da perspectiva dos analistas do J.P. Morgan, 2025 também será um ciclo de ganhos, podendo aumentar a dominância do país em relação às outras nações do mundo.

Nos últimos 11 meses, o índice S&P 500 subiu 26% em 2024, atingindo recordes históricos ao longo do ano, impulsionado pelo boom das empresas de inteligência artificial, como a Nvidia, e também pela valorização das “Sete Magníficas”. No mesmo período, o índice MSCI World, que exclui os resultados dos Estados Unidos, teve um retorno de 3,5%.

“A fase atual de desempenhos regionais positivos provavelmente continuará”, afirmaram os analistas do banco no relatório divulgado na quarta-feira, 27 de novembro.

“Os múltiplos dos mercados internacionais não têm sido excessivos, enquanto os números dos EUA permanecem esticados, o que faz com que a diferença relativa possa continuar elevada por mais tempo”, complementaram os especialistas.

Além da valorização dos índices, as avaliações de mercado das ações americanas foram negociadas a um prêmio recorde de 60% em relação aos pares internacionais, com base nas estimativas de preço/lucro futuros feitas pelo banco.

Nesse cenário, estão incluídas perspectivas econômicas mais positivas, apesar da incerteza em relação ao novo ciclo de liderança de Donald Trump. No primeiro momento, sua vitória reforçou a preferência por ativos americanos, em meio a perspectiva de novas tensões internacionais por parte do novo presidente, que já apresenta planos para taxar importações do México, Canadá e China.

A taxa de juros em trajetória de baixa por parte do Federal Reserve (Fed) também favorece esse cenário mais otimista.

Para 2025, o membro mais conservador do Fed prevê que apenas mais dois cortes de 25 pontos percentuais podem ser suficientes, enquanto os membros mais moderados esperam reduzir as taxas em mais 1,75 ponto percentual até o fim do ano.

“Os cortes nas taxas de juros pelo Fed tendem a levar a uma maior volatilidade, como evidenciado em ciclos anteriores de redução de juros. Além disso, vemos o extremo longo da curva sendo influenciado pelas discussões sobre a política fiscal do próximo ano, bem como por potenciais impactos inflacionários”, afirmam os especialistas no documento.

Esse pode ser um potencial risco para a dominância do mercado acionário americano, mas, na visão do J.P. Morgan, não é uma grande questão. O desenrolar dos conflitos geopolíticos existentes, por sua vez, pode fazer a situação mudar ao longo do ano, com outras nações ganhando força.

Os especialistas destacaram que há potencial para uma convergência de cenário, dado o posicionamento extremo em ações dos EUA. “No entanto, continuamos acreditando que é necessário obter mais clareza sobre as questões comerciais e geopolíticas antes de realizar essa mudança de visão,” disseram.

Além do J.P. Morgan, analistas de outros bancos e gestoras de Wall Street também compartilham da visão mais positiva para 2025, prevendo uma extensão dos ganhos do S&P 500, em meio ao crescimento dos lucros das empresas americanas.

O Goldman Sachs, por outro lado, acredita que as “Sete Magníficas”, grupo responsável por boa parte da valorização do índice neste ano, já atingiram o teto de seu potencial de valorização.

Em relatório, o banco prevê que as ações das sete gigantes de tecnologia – Amazon, Alphabet, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla – deverão perder a grande vantagem em relação a outros papéis do índice S&P 500 no ano que vem.

“Embora a história de crescimento dos lucros ‘micro’ apoie o desempenho superior contínuo das ‘Magnificent 7’, fatores mais ‘macro’, como crescimento econômico e política comercial, inclinam se a favor do S&P 493”, escreveu David Kostin, estrategista-chefe de ações do Goldman Sachs nos EUA, .

Apesar do “pessimismo” em relação a esses papéis, o banco também se mostrou positivo com o cenário econômico do país no geral.

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