‘Só países em guerra têm déficit tão alto quanto o Brasil’, diz Stuhlberger

Luis Stuhlberger, diretor da Verde Asset e um dos principais nomes do mercado financeiro, afirmou em uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que o “grande problema do Brasil” é a política fiscal. De acordo com o gestor, o déficit nominal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é comparável ao de países que necessitam financiar guerras.

“Só Ucrânia, Rússia e Israel, países em guerra, têm déficit tão alto quanto o Brasil”, afirmou Stuhlberger ao Estadão. “A gente está com déficit de quem está em guerra.”

O executivo também afirmou que a proposta do governo de isentar o Imposto de Renda até R$ 5 mil resultará em um custo anual de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões, um risco que pode obscurecer os benefícios do pacote de redução de gastos a ser apresentado pelo governo Lula.

“Por isso o mercado está tão cético, mesmo com pacote de R$ 30 a R$ 40 bilhões, mesmo que se aprove uma PEC [Proposta de Emenda à Constituição] rápida, que tudo caiba no [teto de] 2,5%”, acrescentou. “O problema é que ainda tem os R$ 70 bilhões da ideia da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil. O gasto vai ficar controlado, mas a arrecadação vai cair. E aí, o que dizem Haddad e Lula?”

Embora Stuhlberger se classifique entre os “super-ricos” do país, ele declarou que a proposta em desenvolvimento pelo Ministério da Fazenda para assegurar uma tributação mínima sobre todas as fontes de renda “não é ruim”. No entanto, ele acredita que pode ser difícil obter a aprovação, devido aos lobbies que operam no Congresso.

Stuhlberger vê cenário positivo com eleição de Trump

Na entrevista, Stuhlberger também discutiu a eleição do republicano Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, afirmando que o novo governo pode ser “melhor do que a gente imagina”.

“O mundo se preparou para o Trump, achando que os juros dos títulos americanos iriam para 5%, mas não foram”, disse. “A minha opinião é que vai ser melhor do que a gente imagina. Ele já foi presidente, vai executar algum aumento de tarifas, talvez vá começar com a China, e vai dar um tempo para negociar com Europa, para não gerar duas inflações consecutivas.”

“E acho que esse trabalho de reduzir o tamanho do Estado com a equipe do Elon Musk pode ser muito interessante”, acrescentou. “Ele não é um líder bom para o mundo, mas é um líder forte, enquanto os democratas são fracos. Trump é um cara tipo Alexandre de Moraes [ministro do STF]: sou ‘cachorro louco’, então tenha medo de mim. Achei melhor essa mudança do mundo, de sair da esquerda.”

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