Qual o impacto no Carrefour do boicote da carne? Bancos fazem as contas

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A ação do Carrefour chegou a abrir o pregão de segunda-feira, 25 de novembro, em queda próxima a 5%. Esse forte movimento de baixa foi melhorando ao longo do dia e no início da tarde o papel perdia 0,75%, sendo negociado a R$ 6,59.

Embora o Carrefour Brasil tenha afirmado que nada muda na operação no País, a declaração do CEO global da rede varejista, Alexandre Bompard, de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul, continua ecoando no agro brasileiro.

Representantes de 44 entidades da cadeia produtiva publicaram uma carta aberta em repúdio às declarações de Bompard, sobre a suspensão da compra de carnes do Mercosul. E frigoríficos como JBS (que representa 80% do fornecimento de proteínas), Marfrig e Masterboi interromperam a entrega dos produtos.

“A potencial interrupção surge num momento em que a inflação alimentar deverá elevar a alavancagem operacional dos varejistas”, escreveram os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, analistas do BTG Pactual.

A venda de proteínas em geral tem uma participação que vai além das vendas totais. Esse é um item importante para todo o tráfego dentro das redes varejistas.

Para o Goldman Sachs, assumindo uma margem bruta de carnes em linha com a média da empresa, sem alterações no SG&A (vendas, despesas gerais e administrativas, na sigla em inglês) e com expectativa de que todos os dias do trimestre tenham a mesma relevância para as vendas globais, a participação das carnes fica entre 6% a 12% do mix de total vendas.

“Cada dia de interrupção representaria -0,07% a -0,13% de queda nas estimativas de vendas do quarto trimestre e uma queda de -0,19% a -0,39% no EBITDA e de -0,54% a -1,09% de queda no lucro líquido”, escreveram Irma Sgarz, Felipe Rached e Gabriela Leme, analistas do Goldman Sachs.

No terceiro trimestre deste ano, a venda bruta total do grupo Carrefour no Brasil foi de R$ 29,5 bilhões, o Ebitda foi de R$ 1,54 bilhão e o lucro líquido, de R$ 412 milhões.

“Em nossa recente reunião com o CEO do Carrefour Brasil, a empresa mencionou que a inflação reacelerou em setembro, o que já ajudou as vendas daquele mês, efeito que tende a continuar no quarto trimestre (já observado em outubro) – e que poderá ser afetados por possíveis interrupções nas lojas”, escreveram os analistas do BTG.

Segundo eles, no Atacadão, que é responsável por cerca de 70% das vendas do Carrefour, “estimamos que a carne bovina represente 5% das vendas, e as proteínas representam cerca de 10% das vendas totais”

Na visão dos analistas do Citi, João Pedro Soares e Felipe Reboredo, é parece improvável que os frigoríficos imponham uma paralisação extensa, dada a dimensão do Carrefour no Brasil, com vendas superiores a R$ 100 bilhões por ano.

“Esperamos que a empresa esteja praticamente garantida (em termos de estoque) para o quarto trimestre. Dito isto, este é um debate complexo e não podemos descartar a reação negativa das ações”, pontuaram os especialistas.

A recomendação de BTG e Citi para a ação CRFB3 é neutra. Já o Goldman tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 12,5 – um upside aproximado de 88%.

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