Professor da UFSC organiza livro em homenagem a Nelson Wedekin, símbolo da resistência à Ditadura em SC

Em homenagem aos 80 anos do ex-senador Nelson Wedekin, a Fundação Catarinense de Cultura (FCC), o Museu Histórico de Santa Catarina (MHSC) e o Governo do Estado lançam o livro Liber Amoricorum Nelson Wedekin, organizado por Remy J. Fontana, professor aposentado do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O evento de lançamento da obra, que trata da vida e da trajetória política de Wedekin, ocorre na próxima quarta-feira, 27 de novembro, das 19h às 21h30, no Palácio Cruz e Sousa, sede do MHSC, no Centro de Florianópolis. A entrada é pública e gratuita.

Nascido em Mondaí (SC), Nelson Wedekin cursou Direito da UFSC entre 1966 e 1969, tendo concluído sua formação na Faculdade de Direito de Mogi das Cruzes em 1970. Nesse período, foi eleito vereador por Joaçaba (SC) em 1969, porém, no ano seguinte, deixou o cargo após ser pressionado pelo regime da Ditadura Civil-Militar. Sua transferência acadêmica também foi consequência da perseguição política sofrida por ele e sua família. Wedekin foi processado pela Lei de Segurança Nacional por três anos e, ao final, foi absolvido. Posteriormente, estudou Jornalismo em São Paulo e, na volta à Santa Catarina, em 1976, advogava em favor dos presos políticos locais. Teve um papel de destaque ao defender os estudantes da UFSC envolvidos no episódio da Novembrada, em 1979. Foi deputado federal por Santa Catarina de 1983 a 1987, eleito pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), e também senador constituinte pela 48ª e 49ª legislaturas, de 1987 a 1995. A partir de 2003, passou a atuar na iniciativa privada e deixou de militar na política partidária.

Em evento promovido pela Ordem dos Advogados do Brasil de Santa Catarina (OAB/SC) em 2013, Wedekin falou sobre sua trajetória de militância política e narrou fatos relacionados ao período da Ditadura. Segundo ele, os primeiros anos após o golpe de 1964 se caracterizaram “por uma violência menos física, e mais intimidatória, um processo sutil, mas eficaz”. O ex-senador disse, porém, que a operação conhecida como Barriga Verde, em 1975, que prendeu 42 militantes comunistas no Estado, inaugurou um novo momento do regime em Santa Catarina. “Um período sombrio, de tortura e violência física e psicológica. Um período que merece ser melhor estudado, onde as pessoas simplesmente sumiam.”

De acordo com Fontana, o livro reúne elementos biográficos que contemplam uma exposição e registro de um período da histórica política nacional e estadual em suas inflexões conjunturais. “É, em alguns aspectos, a partir de uma coleção de depoimentos de seus amigos, um retrato de uma época”, afirma.

Além de estar disponível durante o evento de lançamento, o livro pode ser adquirido no site da Editora Insular.

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