Perda de memória afeta paraibanos

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Imagine esquecer, de forma súbita, tudo o que ocorreu recentemente. Os rostos familiares, o lugar onde você está, as últimas conversas que teve — tudo se transforma em um vazio. Essa experiência pode parecer tema de um filme de ficção, mas é uma realidade enfrentada por pessoas que sofrem de amnésia global transitória (AGT). Embora seja passageira, essa condição é preocupante e se caracteriza pela perda repentina da memória recente.

O neurologista Matheus Gurgel relata que recebe, pelo menos, um paciente por semana com essa condição. “Pegamos casos compatíveis com esse problema semanalmente, tanto no serviço público quanto no privado, mostrando que a patologia não tem uma relação direta com classe social”, diz o especialista, que, atualmente, é coordenador do setor de Neurologia do Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, localizado em João Pessoa.

Alerta
Especialista explica que não há causas específicas para a condição e que, quando um episódio ocorre, é necessário intervenção médica urgente 

O profissional explica que a síndrome é caracterizada pela perda súbita de memória e pela incapacidade de adquirir novas informações de forma momentânea. “A amnésia, neste caso, dura poucas horas, menos de um dia. É mais comum em pessoas com mais de 50 anos e não há relação com o sexo do paciente”, explica.

Segundo o médico, o diagnóstico da doença é complexo e envolve uma série de exames.

“Temos que realizar exames de imagem [tomografia ou ressonância] e exames laboratoriais, com finalidade de excluir diagnósticos diferentes, como AVC, encefalites, distúrbios metabólicos, infecções, entre outros”, complementa Matheus Gurgel.

Por isso, o especialista reforça a necessidade de procurar um serviço de urgência assim que o episódio ocorrer.

 Causas e tratamento

Não há uma causa específica que possa levar à AGT. “Em relação à fisiopatologia, ela não é tão bem esclarecida. Estudos mostram que, por algum motivo, essas pessoas têm uma fragilidade nos neurônios de uma estrutura chamada hipocampo, que leva a um estresse metabólico local e os referidos sintomas”, detalha o médico.

Embora sem motivo definido, os episódios costumam estar associados a fatores como estresse e ansiedade, principalmente em mulheres, salienta o neurologista. De acordo com Matheus Gurgel, não existe um tratamento específico para a condição. “Temos que excluir outras patologias e se, por acaso, identificarmos algum possível fato desencadeante, como ansiedade, tentar tratá-lo”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 22 de novembro de 2024.

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A União

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