Operação Contragolpe: entenda a origem da apuração da PF sobre plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Ação dos policiais nesta terça-feira (19) teve como base a análise de material colhido na operação Tempus Veritatis, de fevereiro deste ano, que teve como alvo militares e ministros do governo Bolsonaro. No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal afirmou que as investigações sobre o plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes são um aprofundamento das apurações da operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro deste ano.
“Com a análise do material apreendido durante a operação ‘TEMPUS VERITATIS’, a investigação identificou informações relevantes acerca de ações operacionais ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (FE).
Pelo que se obteve, as ações operacionais tomadas no pós-eleições tiveram como finalidade viabilizar o Golpe de Estado, na tentativa de impedir a posse do governo legitimamente eleito e restringir o livre exercício do Poder Judiciário brasileiro”, pontuou o documento.
PF prende 4 militares e um policial federal suspeitos de tramar golpe de estado para impedir a posse de Lula
Parte dos presos na operação Contragolpe, desta terça-feira (19), já tinha sido alvo da Tempus Veritatis. São eles: o major Rafael Martins de Oliveira, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e o general da reserva Mario Fernandes.
De acordo com os investigadores, a análise dos dados armazenados em telefone apreendido com Rafael Martins de Oliveira no começo do ano permitiu “identificar novos elementos de prova que evidenciaram a efetiva realização de atos voltados ao planejamento, organização e execução de ações de monitoramento do Ministro ALEXANDRE DE MORAES”.
Até então, os policiais contavam com “indicativos de que o Ministro ALEXANDRE DE MORAES estava sendo monitorado no período pós-eleições de 2022”. Estes elementos iniciais surgiram a partir da análise de dados no celular do tenente-coronel Mauro Cid, especialmente as mensagens compartilhadas entre ele e Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mas, naquele momento, segundo os investigadores, “embora de extrema relevância no contexto apurado, as informações alcançadas a partir dos mencionados diálogos não foram suficientes para revelar alguma ação concreta envolvendo o monitoramento em torno do Ministro ALEXANDRE DE MORAES”.
“Esse cenário informacional se altera após a deflagração da operação ‘TEMPUS VERITATIS’, especialmente após a análise de dispositivos eletrônicos vinculados a militares com formação em Forças Especiais (FE), coloquialmente denominados ‘kids pretos'”, disse o relatório policial.
“As informações consignadas […] revelaram que as ações direcionadas ao Ministro ALEXANDRE DE MORAES não se restringiram ao monitoramento de seu itinerário durante o mês de dezembro. Em verdade, os dados obtidos demonstram que militares, em perceptível integração criminosa, planejaram e executaram uma operação clandestina com emprego de técnicas típicas de agentes de forças especiais”, informou a PF.
“Pelo que se obteve, as ações desse grupo tiveram seu ápice no dia 15 de dezembro de 2022, data em que, possivelmente, seria realizada a prisão/execução do Ministro ALEXANDRE DE MORAES na cidade de Brasília/DF. O evento clandestino executado nessa data foi identificado em razão de diálogos que estavam armazenados no aplicativo de mensagens SIGNAL, instalado no aparelho celular de RAFAEL DE OLIVEIRA”, completou a polícia.
Operação Tempus Veritatis
A operação Tempus Veritatis foi deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro deste ano e teve como alvos militares e ex-ministros suspeitos de participar da tentativa de golpe de Estado para manter no poder o ex-presidente Jair Bolsonaro. O político do PL teve seu passaporte apreendido na ocasião.
Investigações sobre golpe de Estado
As investigações da Tempus Veritatis, por sua vez, tratam de um dos eixos de atuação de uma organização criminosa identificada pela PF no âmbito de outro inquérito, o que trata das milícias digitais. No âmbito deste caso, os policiais verificam as ações do grupo nas seguintes áreas:
– ataques virtuais a opositores;
▶️ ataques às instituições (como ao STF, ao TSE), ao sistema eletrônico de votação e ao processo eleitoral;
▶️ tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
▶️ ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia;
▶️uso da estrutura do Estado para obter vantagens (uso de cartões corporativos para pagamento de despesas pessoais, falsificação de cartões de vacina, negociação das joias sauditas).
As apurações das operações Tempus Veritatis e Contragolpe, segundo os investigadores, estão dentro do eixo de atuação que trata da tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
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