Na reestruturação da Nestlé, o ingrediente principal é um corte de custos de US$ 2,8 bilhões

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Com um novo CEO global desde agosto deste ano, a Nestlé apresentou mais ingredientes e projeções dentro do seu plano de reestruturação, na tentativa de reverter uma das piores crises dos seus 158 anos de história.

O pacote anunciado nesta terça-feira, 19 de novembro, em evento voltado a investidores, incluiu a meta de alcançar uma redução incremental de custos de 2,5 bilhões de francos suíços (US$ 2,8 bilhões) até o fim de 2027, para financiar mais investimentos na operação.

A gigante suíça de alimentos informou também que vai ampliar os investimentos em marketing para o patamar de 9% das suas vendas até o fim de 2025, um nível que a empresa não registra desde 2019. Em 2023, esse índice foi de 7,7%.

Em uma terceira linha, o plano envolveu o anúncio de que os negócios de águas e bebidas premium do grupo, que inclui marcas como Perrier e SanPellegrino, passará a operar como uma estrutura global e independente a partir de 1º de janeiro de 2025, sob a liderança de Muriel Lienau.

A companhia também ressaltou que irá avaliar a estratégia para essa operação, que representou 3,6% do seu faturamento global em 2023. Essa abordagem passará pela exploração de oportunidades de parceria para permitir que suas marcas e plataformas de crescimento “atinjam seu potencial máximo”.

“O crescimento é essencial”, afirmou Laurent Freixe, CEO da Nestlé, em apresentação na sede da companhia, na Suíça, segundo o jornal americano  The Wall Street Journal. O executivo ressaltou que, nos últimos anos, o grupo não investiu o suficiente para impulsionar a demanda por seus produtos.

Há três meses no posto, Freixe, um veterano da indústria de alimentos, com quatro décadas de experiência no setor, substituiu Mark Schneider. Com o antigo CEO, o grupo registrou trimestres consecutivos com vendas abaixo do esperado, perdendo participação para marcas mais baratas.

Na empresa desde 1986, Freixe liderava, até então, a operação da América Latina. E, em outubro, em sua primeira divulgação de balanço trimestral como CEO, procurou acalmas os ânimos dos investidores, em meio aos tempos amargos vividos pela companhia.

“A Nestlé não está quebrada, está em pleno funcionamento e garantiremos que todo nosso potencial seja realizado daqui para frente”, afirmou o executivo, na oportunidade.

Os números mais recentes mostram, no entanto, que Freixe terá trabalho pela frente. No acumulado de janeiro a setembro de 2024, a Nestlé reportou uma queda de 2,4% em sua receita global, para 67,1 bilhões de francos suíços (aproximadamente US$ 80 bilhões). A  empresa atribuiu o recuo à demanda mais fraca por parte dos consumidores.

Com as medidas anunciadas, a Nestlé divulgou que estima alcançar um crescimento orgânico das vendas de 4% ou mais no médio prazo, em um “ambiente operacional normal”. A empresa também projeta uma margem de lucro operacional de 17% ou superior a esse índice.

O grupo reafirmou ainda seu guidance para 2024, com um crescimento orgânico das vendas de cerca de 2% e margem de lucro operacional de aproximadamente 17%. Para 2025, a projeção é de uma melhora na receita, mas com uma margem de lucro “moderadamente menor” em relação a esse ano.

Após os anúncios, as ações da Nestlé recuavam 1,89% na bolsa de valores de Zurique, por volta das 13h30 (horário local), cotadas a 76,70 francos suíços. Em 2024, os papéis têm uma desvalorização de 21,3%, dando à empresa um valor de mercado de 197,2 bilhões de francos suíços (aproximadamente US$ 222 bilhões).

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