Polícia prende um dos procurados há mais tempo no Brasil; crime ocorreu há 30 anos


Homem é suspeito de homicídio, era alvo de um mandado de prisão expedido há mais de 30 anos e foi encontrado após g1 perguntar à polícia porque a ordem não havia sido cumprida até hoje. ‘A estrutura [ou falta dela] disponível pela polícia também pode contribuir’, disse o delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, Manoel Almeida Neto. João Ferreira dos Santos era procurado há 30 anos por crime de homicídio
Divulgação/Polícia Civil
A Polícia Civil do Maranhão prendeu, na noite da última quarta-feira (13), um dos homens procurados há mais tempo no Brasil: João Ferreira dos Santos, conhecido também como ‘João Gomes’, que era foragido da Justiça há mais de 30 anos.
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A prisão aconteceu após o g1 realizar um levantamento inédito sobre os mandados de prisão que estão há mais tempo pendentes de cumprimento no país, com base nos dados do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), portal mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ao todo, são mais de 10 mil procurados. Um dos casos era relacionado a dois irmãos que teriam matado um homem a facadas em Timon, na Região Leste do Maranhão, em 1991.
Na época, as investigações apontaram que, no dia 1º de dezembro de 1991, João Ferreira e seu irmão, João Maria Ferreira, estavam caminhando para casa no Povoado Cão-Açu, na Zona Rural de Timon, após ingerirem bebida alcoólica.
No caminho, por volta do meio-dia, os irmãos se depararam com um homem chamado Manoel Rodrigues de Oliveira, e sem nenhum motivo, começaram a ofendê-lo. Manoel foi tomar satisfações com João Ferreira, mas acabou sendo mobilizado por João Maria. Com isso, João Ferreira desferiu 17 facadas por todo o corpo de Manoel, na frente da filha de nove anos, e da esposa da vítima.
Após o crime, os irmãos fugiram do local e se mantiveram foragidos por três décadas. Na época, João Ferreira tinha 18 anos de idade, enquanto João Maria tinha 31. Atualmente, estão com 52 anos e 64 anos, respectivamente.
Investigações e prisão
A Polícia Civil concluiu as investigações do crime e a Justiça determinou a prisão preventiva dos dois, no dia 14 de dezembro de 1993. No entanto, mesmo vivendo ainda recentemente na cidade vizinha, Teresina, os irmãos não tinham sido presos.
Na última semana, após o contato do g1 com o delegado de Timon, Cláudio Mendes, informando sobre os dados e o processo, a Polícia Civil montou uma operação e descobriu que João Ferreira estava trabalhando como estivador e conseguiu localizar o alvo em um local de descarga de mercadorias no bairro Cidade Nova, em Teresina.
“Montamos uma campana e ele [João Ferreira] foi preso na rua, por volta das 19h. (…) Deixamos de cumprir o mandado de prisão contra o réu mais velho, hoje com 64 anos, pois segundo informações ele encontra-se em estado vegetativo por conta de um AVC”, afirmou o delegado Cláudio Mendes.
Delegado Cláudio Mendes, do 2º DP de Timon (MA)
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Com a prisão de João Ferreira, somente agora a Justiça poderá dar prosseguimento ao processo por homicídio, pois ambos sequer foram julgados. O g1 não conseguiu contato com a defesa dos réus.
“Eles são réus porque o Ministério Publico ofereceu denúncia à Justiça, mas nunca foram julgados. Era só a prisão preventiva. Porém agora, com a prisão, processo criminal terá prosseguimento e o réu deverá ser submetido a Júri Popular”, declarou o delegado.
O g1 também entrou em contato com a Polícia Civil para saber o motivo pelo qual os dois irmãos ficaram tanto tempo foragidos, mesmo com um mandado de prisão em aberto há 30 anos.
O delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, Manoel Almeida Neto, disse que diversos fatores podem fazer alguém não ser preso, e que é preciso considerar que os criminosos também são responsáveis por isso porque se esforçam para fugir da Justiça.
“Atualmente, temos 500 mil mandados de prisão para cumprir no Brasil e, quando alguém está foragido, o dever da prisão não é só da polícia, mas de todo o sistema de Justiça. Mas, a estrutura [ou falta dela] disponível pela polícia [para cumprir os mandados] também pode contribuir”, declarou Almeida Neto.
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