Pesquisa identifica nova espécie de ave pré-histórica a partir de fóssil encontrado em Presidente Prudente

Ossada foi encontrada no Sítio Paleontológico “José Martin Suárez”, em 2015. Uma pesquisa científica publicada, nesta quinta-feira (14), na revista “Nature” identificou uma nova espécie de ave pré-histórica. O Navaornis hestiae foi encontrado no Sítio Paleontológico “José Martin Suárez, no ano de 2015, em Presidente Prudente (SP).
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O artigo é assinado pelos pesquisadores Luis Chiappe, do Instituto de Dinossauros da Califórnia, e Guillermo Navalón, da Universidade de Cambridge, em conjunto com Agustín Martinelli, do Museu Argentino de Ciências Naturais “Bernardino Rivadavia”, Ismar de Souza Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rodrigo Miloni Santucci, da Universidade de Brasília (UnB), Yun-Hsin Wu, do Museu de História Natural de Los Angeles, e Daniel Field, da Universidade de Cambridge.
Descoberta ⛏
O paleontólogo William Nava disse ao g1 que escava a área há 20 anos e, durante um trabalho de campo em 2015, encontrou o crânio do pássaro e parte do esqueleto.
“Foi uma grande surpresa, me deparar com ossinhos de morfologia diferente, formando um crânio, contendo inclusive o bico preservado, as órbitas e outras estruturas ósseas, preservadas em 3D. Crânios fósseis são muito raros de se encontrar nas rochas sedimentares de idade Cretácea do Brasil, portanto esse achado foi especial” disse Nava.
Conforme o paleontólogo, o crânio está “excepcionalmente bem preservado”, o que possibilitou informações relevantes para entender a origem das aves modernas. Ele explicou ao g1 que o grupo dos pássaros foi o único que sobreviveu à extinção em massa que marcou o fim da Era Mesozóica, também conhecida como a “Era dos Dinossauros”, há 65 milhões de anos.
“As aves mais ‘primitivas’ possuíam características que não são mais vistas nas aves modernas, como cérebros menos desenvolvidos, dedos com garras, cauda longa e até dentes no crânio e na mandíbula”, explicou Nava.
Evolução das aves
O paleontólogo relatou que a nova espécie faz parte do grupo Enantiornithes, um dos mais diversos e bem-sucedidos da Era Mesozóica, e o fóssil possibilitou conhecer detalhadamente a anatomia do crânio após a reconstrução do cérebro, ouvido interno e outras estruturas.
“O detalhe dessa anatomia é sensacional e preenche uma lacuna que existe entre a ave mais antiga conhecida do Jurássico, o Archaeopteryx, e as aves modernas. A estrutura cerebral do Navaornis é quase exatamente intermediária entre a do Archaeopteryx e a das aves modernas”, salientou Nava ao g1.
O artigo científico explicou a origem do nome da nova espécie. O termo “Navaornis” é uma homenagem ao paleontólogo William Nava, que é responsável pelo Museu de Paleontologia de Marília (SP) e quem fez a descoberta do fóssil. Já “hestiae” faz alusão à Héstia, a deusa grega da arquitetura, que é considerada, simultaneamente, a mais velha e a mais jovem dos deuses, refletindo essa dualidade por pertencer a uma linhagem arcaica, porém com uma geometria craniana essencialmente moderna.
“Fico bastante grato e feliz por estarem batizando um fóssil raro com meu nome. É um reconhecimento ao meu trabalho de 31 anos de escavações”, finalizou Nava ao g1.
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