Morre Paulo Konder Bornhausen, ex-vice-governador de Santa Catarina

Morreu nesta sexta-feira (22), Paulo Konder Bornhausen, aos 94 anos, ex-vice governador e deputado estadual por Santa Catarina. Nascido em 6 de setembro de 1929, ele é filho de Irineu Bornhausen, ex-governador do Estado, e de Marieta Konder Bornhausen. Seus irmãos são Jorge Konder Bornhausen, ex-governador e ex-vice-governador do Estado, e Roberto Konder Bornhausen.

“Com pesar, informo o falecimento do querido PKB. A tia Ivete e aos meus queridos primos Ricardo, Paty e filhos um beijo no coração. Aos amigos que puderem, peço uma oração para uma passagem em paz do nosso amigo e líder”, escreveu Paulo Bornhausen, o Paulinho, sobrinho do ex-vice-governador.

Advogado, empresário e escritor, ele também exerceu outras funções na vida pública, entre elas o cargo de secretário do Interior e Justiça de Santa Catarina em 1958, no governo de Heriberto Hülse, e foi presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama, que na época se chamava Instituto Nacional do Pinho), durante a presidência de Jânio Quadros. Veja abaixo parte da trajetória do ex-governador:

Paulo Konder Bornhausen

Do nascimento no Rio de Janeiro a 6 de setembro de 1929 percorreu um longo caminho e preencheu um valioso currículo, onde estão evidenciados os múltiplos interesses de um homem afinado com seu tempo. Primeiro a família. Filho de Irineu Bornhausen, empresário, duas vezes eleito Prefeito de Itajaí, Governador eleito de Santa Catarina em 1950, Senador da República, de 1959 a 1967, e de Marieta Konder Bornhausen. É casado desde 4 de fevereiro de 1954 com Ivete Theresinha Dalcanale Bornhausen, e tem dois filhos, Ricardo e Patrícia, cinco netos, Eduardo, Daniel, Fernando, Olívia e André.

Seus dois irmãos, são Roberto Konder Bornhausen, que foi Diretor do Banco INCO (Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S/A); Diretor, Vice-Presidente e Presidente do Unibanco e Presidente da FEBRABAN (Federação Brasileira de Bancos); Jorge Bornhausen, ex Vice-Governador de Santa Catarina; Presidente do BESC; Governador de Santa Catarina; Senador eleito em 1982-1990; Ministro da Educação do Governo Sarney; Ministro da Casa Civil do Governo Color; Embaixador do Brasil em Portugal no Governo Fernando Henrique Cardoso; Senador eleito em 1998, 14 anos Presidente Nacional do PFL, dos Democratas e agora sem filiação partidária.

Paulo Konder Bornhausen fez seus estudos primários no Colégio Cristo Redentor, emoldurado pela paisagem da Urca, e dali transferiu-se para o curso ginasial do Colégio e Internado São José, dos irmãos maristas, na Tijuca, completando seus estudos no tradicional Colégio Santo Inácio, dos padres jesuítas em Botafogo – todos no Rio de Janeiro/RJ.

Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), em sua terra natal, passando a exercer a advocacia no Rio – trabalhou na COBAST, empresa holding detentora do capital da Light – e depois em 1953 em Joinville/SC; com escritório próprio de advocacia com seu colega de turma Plínio Bueno.

A vida pública veio como uma sequência natural. Eleito Deputado Estadual em 1954, dois anos depois ascendeu à Presidência da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. Na condição de Presidente Legislativo, foi Vice-Governador do Estado até a eleição do Vice-Governador Heriberto Hülse, tendo exercido ainda Vice-Presidência das Comissões de Constituição e Justiça e de Educação. Foi Vice-Presidente do I Congresso de Assembleias Legislativas, realizado em São Paulo/SP, em 1956.

Amigo pessoal do saudoso e inesquecível homem público Carlos Lacerda, por sua interferência adquiriu do Senador Mario Martins, pai do ex-ministro Franklin Martins, o titulo do jornal “A Resistência”, editando-se em Florianópolis, do qual se tornou diretor. Neste mesmo ano, liderou a UDN (União Democrática Nacional) na Assembleia.

No governo de Heriberto Hülse, ocupou o cargo de Secretário do Interior e Justiça de Santa Catarina em 1958. Voltou a Advocacia e tornou-se empresário, sócio-diretor das Máquinas Raimann S.A, em Joinville, e da Carbonífera Treviso S.A., no atual município de Treviso/SC.

Foi sócio concessionário da Ford em Lages e da Volksvagem em Itajaí, Blumenau e na Dipronal Ford de Florianópolis. Sócio da firma de aparelhos eletrodomésticos, Pimpa Representações Ltda. em Itajaí e da Macoita Ltda. também em Itajaí, de material de construções.

Em 1960 foi candidato a Prefeito de Joinville, tendo recebido 49,52% dos votos do eleitorado, perdendo as eleições na apuração das três ultimas urnas. Jânio Quadros nomeou-o para a Presidência do Instituto Nacional do Pinho, atual IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em 1961, cargo que ocupou até a renúncia do Presidente da República. Durante aquele período participou, como Vice-Presidente, da Missão Comercial que foi a Cuba e da Missão Econômica Brasil-Itália, entregando o cargo no dia do seu regresso, em face da renúncia de Jânio, ao já Ministro de Indústria e Comércio, Ulisses Guimarães.

No governo Castelo Branco, recebeu em 1964 a missão de dirigir a Carteira de Crédito Geral do Banco do Brasil – 3ª Zona, com jurisdição sobre os Estados do Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sendo reconduzido ao posto em abril de 1968.

Em janeiro de 1969, foi designado para a Carteira de Crédito Geral e Crédito Industrial – 3ª Região, abrangendo os Estados da Guanabara, Rio de Janeiro, Espírito Santo e as agências do banco no exterior. Reconduzido, em 1972, para um período de mais quatro anos, renunciou ao cargo no dia 12 de agosto do mesmo ano por discordar da transferência de sua Carteira para Brasília/DF.

Foi responsável pela construção de mais de 15 agências do Banco do Brasil em Santa Catarina onde implantou outras dez novas agências. Na COBEC (Companhia Brasileira de Entrepostos Comerciais) construiu o Entreposto aduaneiro de Itajaí e foi grande estimulador das exportações do Estado.

De 1964 a 1972, representou o Banco do Brasil no Gerca, no Grupo Executivo da Indústria do Livro, no Conselho Consultivo da Indústria Siderúrgica, no Conselho Consultivo das Empresas Siderúrgicas Estatais, e no Conselho Deliberativo da Superintendência do Desenvolvimento da Pesca. No mesmo período, participou como “adviser” da delegação brasileira junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional) na reunião realizada em setembro de 1971 em Washington, sendo ainda designado membro do Conselho de Representação do Projeto Rondon e do Conselho Estadual de Agricultura do Rio de Janeiro.

Como diretor das agências do Banco do Brasil no exterior, foi responsável pela abertura das agências de Hamburgo, Londres, Tóquio, Paris, Lisboa, São Francisco da Califórnia, Panamá e pelo escritório no México.

Paulo Konder Bornhausen é cidadão Honorário das cidades de Bom Jesus, Taquara, São Leopoldo e Caxias, no Rio Grande do Sul; Londrina, Nova Esperança, Pato Branco, Medianeira e União da Vitória, no Paraná; São Miguel do Oeste, São Lourenço do Oeste, Chapecó, Xanxerê, Brusque, Joaçaba, Concórdia, Caçador, Porto União, Canoinhas, São Bento, Timbó, Ibirama, Araranguá, Tubarão, Braço do Norte, Campos Novos, Capinzal, Ouro, Jaraguá do Sul, Mafra, São Joaquim, Tangará, Rio do Sul, de Santa Catarina.

Em 1973, foi eleito presidente da COBEC – Companhia organizada com a associação do Banco do Brasil que detinha a maioria das ações e 45 bancos privados, que operavam em câmbio, cargo em que permaneceu até 1977, ao completar seu segundo mandato, renunciando ao convite do Ministro Mário Henrique Simonsen para retornar à iniciativa privada. Neste período, foi eleito também presidente do Boardo Directors, respectivamente, da COBEC – Brazilian Trading & Ware Hause Corporation of the USA, em Nova Iorque, COBEC In – Und. Export GMBH em Hamburgo, Cobec UK Limited, em Londres, e COBEC – Rotterdam BV, em Rotterdam. Implantou entrepostos e escritórios no país e em Nova Iorque, São Francisco da Califórnia, Caracas, Buenos Aires, Ilhas Canárias, Londres, Paris, Madrid, Hamburgo, Panamá e Havre (França). Foi também membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Exportadores e do Conselho da Associação Comercial no Rio de Janeiro.

Eleito membro do Conselho Fiscal da Caixa Econômica Federal em 1974 exerceu essas funções até 1976, ao lado de dois outros ilustres homens públicos Otávio Gouveia de Bulhões e Osvaldo Pieruccetti (ex-Ministro da Fazenda e ex-Prefeito de Belo Horizonte, respectivamente).

Em 1976, foi Vice-Presidente da TV Coligadas de Blumenau, na época coligada a TV Globo, depois RBS e hoje NSC. Foi fundador da Palmas Ltda. que iniciou o planejamento e construção da atual Praia de Palmas. No ano seguinte foi Vice-Presidente do Grupo Atlântica-Boavista Seguros, permanecendo neste posto até a fusão da empresa com a Bradesco Seguros, da qual foi Vice-Presidente de 1980 a 1996, licenciando-se por um período em 1982, para exercer as funções de Presidente da CODESC (Companhia de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina), a época holding do sistema financeiro do Estado. Antes disso, em 1979, integrou o Conselho de Comércio Exterior da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Neste período foi sócio e Diretor da Santa Clara Veículos Ltda., concessionária da Chevrolet em Blumenau, e Santa Rita, concessionária da Fiat em São José. Sócio também da Fábrica de Telhas Capivari de Baixo/SC. Fundou em 1986 o Clube dos Gourmets de Florianópolis/SC, que é até hoje uma referência brilhante e vitoriosa da gastronomia da Grande Florianópolis.

Foi membro dos seguintes Conselhos de Administração: SANTIVEST (Santa Catarina Empreendimentos e Participações S/A); Eletromotores WEG S/A; PROCAPE (Programa Especial de Apoio à Capitalização das Empresas); Processamento de Dados/Conselho de Política Financeira; representante de Santa Catarina na SUDESUL (Superintendência de Desenvolvimento da Região Sul) e Cônsul Honorário do Chile em Florianópolis.

Integrou, até 2008, no escritório “Bornhausen, Amarante e Zimmer Advogados”, onde exerceu a profissão de advogado.

Em 2011, foi eleito Conselheiro do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico).

Atualmente é Sócio da “Bornhausen & Palma Advogados Associados” e da BPM Assessoria Empresarial Ltda., e também trabalha como Consultor da São Roque Energética S/A.

Há algum tempo dedicou-se às artes literárias e escreveu:

  • Retrato Político de uma Época 1954-1960.
  • Retrato Político de uma Época 1960-1982.
  • Pesquisas e Arquivos Políticos do PKB.
  • Banco do Brasil dos meus tempo.

Autor de livros de receitas culinárias e roteiros gastronômicos:

  • Receitas de um Chef Amador.
  • Novas Descobertas do Chef Amador.

* Texto enviado pela assessoria do Deputado Paulo Konder Bornhausen para a Memória Política da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc).

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