Emerson Luis. Esporte: Lutas e lutos

Semana passada destaquei a dura realidade do vôlei feminino adulto que, temporariamente, fechou as portas.

Outras modalidades também agonizam.

Uma delas poderia ter o mesmo fim, não fosse a Lei de Incentivo ao Esporte do governo federal de (que ainda precisa ser aprovado).

Contudo, por conta da tragédia com o time de remo de Pelotas RS, não dá para ignorar um tema tão triste e preocupante.

Que atinge a maioria de atletas e técnicos.

Acidente na BR-376. Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Afinal, nem todo mundo pode se dar ao luxo de ir para uma competição, em São Paulo, por exemplo, de avião.

Tem gente que pode.

Profissionais que não dependem do dinheiro do município para sobreviver ou mendigar apoio por meio de rifas, vakinhas, feijoadas, pasteladas, macarronadas, hamburgadas, venda de doces, pedágios…

Muitas vezes, quem possui esse perfil, pratica uma atividade por hobby.

Com o tempo, até por ter locais ideais de treinamento e naturalmente melhores equipamentos, acaba se destacando.

Mesmo assim, vive pedindo ajuda.

No fundo, não quer é tirar dinheiro do bolso – se empatar, está no lucro.

Não dá para tirar a razão.

Até porque ninguém deveria trabalhar de graça ou colocar dinheiro do bolso para representar um clube ou um município.

O que incomoda é o falso vitimismo.

Foto: Mike Ehrmann/Getty Images

Atletas e técnicos e até familiares correm vários riscos para seguir em frente.

Pegam estrada o tempo todo.

Com vans e ônibus alugados ou mesmo veículos particulares.

Fazem isso porque acreditam que um dia vão ser valorizados.

Correm perigo, não jogam a toalha, porque precisam disputar torneios de ponta.

Para aumentar índices, encarar adversários, no mínimo, do mesmo nível, buscar vagas em competições no exterior, onde estão os melhores, e aprende-se muito.

Equipe de remo se destacou em São Paulo. Foto: Clube Náutico América

Esse foi o objetivo do Centro Português 1º de dezembro e do América ao participarem, do Campeonato Brasileiro Interclubes (CBI) de Remo e Para-Remo Unificado, na raia da Universidade de São Paulo (USP).

Atletas do Para-Remo de Blumenau. Foto: Clube Náutico América

O representante blumenauense conquistou 14 medalhas (uma de ouro, três de prata e sete de bronze).

O resultado expressivo foi bastante comemorado.

Pelo menos até Guaratuba PR.

A delegação passou pelo acidente, que tirou a vida de oito atletas, do coordenador do projeto “Remar para o Futuro”, além do motorista.

Helena, no fundo, e as atletas de Pelotas, à frente. Foto: CN América

Por uma coincidência, duas das vítimas fatais, Nicole da Cruz, 15 anos, e Algel Souto Vidal, 16 anos, ganharam a medalha de prata, junto com a blumenauense Helena Beatriz Ewaldt D’Avila, também de 16 anos, na guarnição quatro sem timoneiro, categoria Sub 19.

A remadora do América ficou bastante abalada.

Tanto é que na entrevista que concedeu para o esporte do Balanço Geral da NDTV, disse que clubes do interior recebem poucos recursos. Sempre falta dinheiro para levar os atletas para os eventos. No fim, eles precisam se virar sozinhos.

Helena Beatriz Ewaldt D’Avila e o técnico Roque Zimmermann. Foto: Clube Náutico América

Com a idade você passa a não culpar Deus (ou o destino) pelas tragédias que acontecem.

Um inquérito policial vai apurar a causa do acidente.

Mas, se o freio não funcionou é porque houve falha mecânica/humana (faltou manutenção). Se houve excesso de velocidade (quem errou foi o condutor).

Foto: Luciano Chinasso/ND

Mesmo assim, 1.380 km de ida para São Paulo e mais 1.380 km de volta para Pelotas é muito chão.

É muito sacrifício. É muito injusto. É muito revoltante.

Foto: Reprodução/SBT News

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de repórter/setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é apresentador, repórter, produtor e editor de esportes do Balanço Geral da NDTV Blumenau. Na mesma emissora filiada à TV Record, ainda exerce a função de comentarista, no programa Clube da Bola, exibido todos os sábados, das 13h30 às 15h. Também é boleiro na Patota 5ª Tentativa.     

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