Nas poucas horas de folga que tenho durante a semana, mergulho em filmes, séries e documentários.
Dos mais diversos gêneros.

Como a 1ª rodada da Série B teve três jogos no último domingo (26) no mesmo horário (15h), me senti na obrigação de assistir as partidas que não tive condições de acompanhar em tempo real.

Vi no sábado (25), ao vivo, pelo canal da FCF TV, Santa Catarina 1 x 0 Atlético Tubarão.
O representante de Rio do Sul confirmou o favoritismo (mesmo com um jogador a menos após a expulsão do volante Marcão aos 20 minutos do segundo tempo).
Mostrou conjunto e individualidade.
No entanto, pela expectativa criada com 45 dias de preparação, que incluiu cinco jogos-treino, esperava mais.

O Atlético Tubarão visivelmente estava fora de sintonia.
Sem ritmo de jogo, cansou.
Só que tem um bom time.
Tem tudo para ganhar corpo e confiança dentro da competição e chegar na fase decisiva.
O Metropolitano terá um adversário duro pela frente no próximo domingo (2), às 15h, no Estádio Domingos Silveira Gonzales.

Horas depois, pela mesma plataforma no Youtube, parei para ver Camboriú 1 x 0 Guarani, direto do Estádio das Nações, em Balneário Camboriú.

Uma partida bem diferente.
Arrastada, cadenciada, burocrática e chata.
No fim, prevaleceu a imposição física e a experiência da equipe da casa.

No dia seguinte estive em Ibirama.
In loco, ao lado do cinegrafista Alexandre de Oliveira, cobrimos para a NDTV, Metropolitano 0 x 2 Blumenau.

Jogo feio também.
Pegado, truncado, faltoso.

Nove cartões amarelos distribuídos.
Cinco para o Metropolitano – zagueiros Zemarcio e Raul, meia Pedrinho e os atacantes Perea e Baianinho.
Quatro para o Blumenau – goleiro Pedro Nagel, os zagueiro Lucas e Gabriel e o atacante Sávio (que jogou de volante/meia).

Rodrigo Cascca já havia advertido durante a semana, por conta do pouco tempo de preparação (menos de 20 dias) e da falta de condições para trabalhar (teve uma semana chuvosa que o grupo intercalou academia e treino em campo reduzido), que enfrentaria dificuldades na arrancada.
Mas acredito que ele e muito menos os torcedores imaginavam que seriam tantas.
Lento, pesado, descompassado e sem criatividade, o Metrô foi envolvido pela molecada do BEC.
Sobretudo pela rapidez do rival em recuperar a bola, se recompor e armar o contragolpe.

No fim do jogo, o treinador desabafou:
“A gente sabe da realidade. A gente não tem como tapar o sol com a peneira. A gente já viu torcedor xingando, brigando, gritando…Se alguém não fizer alguma coisa pelo Metropolitano vai ser assim. Eu, sinceramente, aceitei o desafio, aceitei ter vindo, mas eu não vou mentir, eu vou falar a realidade. Hoje a gente entrou em campo com nossos 11 titulares com um valor de R$ 35 mil (folha mensal). No segundo tempo eu fiz uma conta rápida e nós tínhamos R$ 6 mil em campo”.

O Metropolitano precisa melhorar muito (muito mesmo) se quiser chegar entre os seis primeiros colocados que se classificam para o mata-mata.
Contudo, convenhamos, Cascca não deixa de ter razão.
Não dá para fazer mágica – nenhum técnico vai fazer.
Mesmo com a promessa da chegada de três reforços na próxima semana – um lateral esquerdo, um volante e um atacante.

O Blumenau, por sua vez, surpreendeu.
Manteve seis jogadores do Fluminense de Joinville e buscou os reforços no nosso mercado mesmo e no Paraná.
A maioria, molecada.

Victor Rosa, lateral esquerdo, é o mais experiente: 25 anos.
A média de idade dos titulares é de 21 anos – a mesma dos 9 reservas, que estiveram em Ibirama.
Contra 28 anos dos 11 do Metropolitano que começaram o jogo – incluindo os 11 jogadores que ficaram no banco, a média de idade fica em 25 anos.

Se nenhum problema extracampo atrapalhar, como salário atrasado (e isso vale para todos), o tricolor tem tudo para incomodar e até se classificar depois do que observei nos cinco duelos.
Pois Atlético Catarinense 1 x 1 Carlos Renaux foi sofrível.
O clube de São José, que está mandando seus jogos no Estádio Mário Balsini, em Criciúma, já é um candidato ao descenso.
A equipe de Brusque, por sua vez, também não empolgou.

O BEC vai ter neste domingo (2), às 15h, no Estádio João Marcatto, em Jaraguá do Sul, a chance real de somar mais três pontos.
Embora o gramado deva estar bem judiado.
Já estava na vitória de 3 x 2 do Juventus sobre o Caravaggio.
No melhor e mais equilibrado jogo da rodada.

O Juventus foi quem mais me impressionou (a exceção é o sistema defensivo).
Os cerca de 40 dias de pré-temporada foram suficientes para o técnico Gelson Conte armar um time habilidoso, ágil (do meio para frente) e competitivo.
Prova em contrário, é favorito ao acesso.
O Caravaggio é outro que mostrou virtudes.
Vai brigar por vaga.

Me pergunto se não estou sendo exigente demais.
Foi só o começo.
A tendência, no geral, é melhorar.
Mesmo assim, tem coisa que não muda.
Como o passe, o trivial.
Foi o fundamento que mais me assustou.
Além da ligação direta.
O famoso chutão!

Acredito que a entrevista que fiz com Vitor Gabriel, que foi o autor do golaço de fora área em Ibirama, diz muito sobre o momento.
“Eu estava em casa, sem clube, pedindo a Deus para que aparecesse uma oportunidade, um clube para disputar, um clube para competir, para voltar ao cenário. E Deus abriu essa porta”.
O volante, revelado no Atlético Tubarão, não tinha jogado este ano.
Em 2023, disputou a 3ª divisão do Paraná pelo Prudentópolis.

Igual a ele temos vários jovens que passaram e ainda enfrentam o mesmo drama.
Bem como veteranos em fim de carreira.
Isso não é exclusividade nossa.
Existe em qualquer lugar com divisão inferior.

Milhares de atletas e clubes ligados a empresários.
Que precisam colocar seus produtos na vitrine.

Um depende do outro.
E uma mão só vai lavar a outra se os dois alcançarem os mesmos objetivos.

Emerson Luis é jornalista. Completou sua graduação em 2009 no Ibes/Sociesc. Trabalha com comunicação desde 1990 quando começou na função de repórter/setorista na Rádio Unisul – atual CBN. Atualmente é apresentador, repórter, produtor e editor do quadro de esportes do Balanço Geral da NDTV Blumenau. Na mesma emissora filiada à TV Record, ainda exerce a função de comentarista, no programa Clube da Bola, exibido todos os sábados, das 13h30 às 15h. Também é boleiro na Patota 5ª Tentativa.


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