A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou, na tarde desta quarta-feira, 14 de maio, o I Seminário de Compartilhamento de Ações de Combate à Evasão e Promoção da Permanência Estudantil. Organizado pela Assessoria de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos, da Pró-Reitoria de Graduação e Educação Básica (Prograd), o evento teve como objetivo apresentar iniciativas adotadas pelos cursos de graduação da instituição para enfrentar a evasão e fortalecer a permanência estudantil. O seminário ocorreu no Auditório do Centro Socioeconômico (CSE) e também foi transmitido por meio de sala virtual da Prograd.

Reitor da UFSC Irineu Manoel de Souza (centro), pró-reitora Dilceane Carraro (esq.), e assessora de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos, Andressa Sasaki Vasques Pacheco (dir.) na abertura do seminário. Foto: Secom/UFSC
A evasão universitária representa um desafio com impactos significativos para a sociedade, tanto em termos econômicos quanto sociais. Ciente dessa realidade, a UFSC tem acompanhado esse fenômeno de perto, especialmente diante de seu crescimento nas últimas duas décadas. A gestão atual da Universidade tem se empenhado ativamente em enfrentar essa questão, desenvolvendo estratégias para mitigar os prejuízos econômicos, sociais e institucionais que ela acarreta.
Com o intuito de aprofundar a discussão e propor soluções concretas, o evento reuniu diferentes setores da UFSC. Na mesa de abertura, estiveram presentes o reitor, Irineu Manoel de Souza; a pró-reitora de Graduação e Educação Básica, Dilceane Carraro; e a professora e assessora de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos, Andressa Sasaki Vasques Pacheco. No auditório, participaram representantes das direções dos centros de ensino, coordenações e secretarias de cursos, estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes, bem como de outras instituições.
O reitor abriu as falas destacando que “a discussão sobre a evasão estudantil é de extrema relevância para a sociedade, pois impacta diretamente a qualidade e o alcance da educação superior. Sabemos que a evasão é um fenômeno global, presente em todos os cursos, e, embora seja impossível eliminá-la completamente, é nosso dever buscar formas concretas para minimizá-la”. Irineu também enfatizou o desafio de redefinir o conceito de evasão, afirmando que “essa clareza é essencial para que possamos desenvolver estratégias eficazes e alinhadas à nossa realidade”. Por último, reforçou a necessidade de um esforço coletivo, afirmando que “o tema exige o compromisso de todos nós. Apenas com diálogo, pesquisa e ações coordenadas poderemos avançar rumo a uma Universidade mais inclusiva, capaz de acolher e manter nossos estudantes”.
A pró-reitora Dilceane, por sua vez, ressaltou que “a tarefa de combater a evasão transcende o trabalho da Prograd”. Segundo ela, por meio de ações integradas, “seremos capazes de promover a permanência dos estudantes em articulação com a assistência estudantil e, ao mesmo tempo, combater a evasão”. Para avançar nessa missão, explicou que é essencial construir uma política institucional de combate à evasão de forma colaborativa, envolvendo todos os setores da Universidade.
Após essas falas, a professora Andressa apresentou um panorama sobre as ações voltadas à evasão e retenção estudantil na Universidade, relatando o trabalho desenvolvido pela comissão responsável na UFSC. Segundo a pesquisadora, “em nenhum momento buscou-se ainda as causas, por enquanto foi só levantar os números”. A partir desse diagnóstico quantitativo, os dados foram divulgados para a gestão e os centros de ensino, além de estarem disponíveis em uma página específica (evasão-prograd.ufsc.br), onde relatórios gerais e específicos podem ser acessados. Andressa ainda explicou que foram realizadas visitas aos centros de ensino, onde foram identificadas práticas já existentes nos cursos, muitas das quais poderiam ser compartilhadas e ampliadas para outras áreas. Essa troca de experiências inspirou a realização do seminário e a implementação de um projeto-piloto de matrícula assistida no Centro Tecnológico (CTC), focado no acompanhamento de frequência, indicadores e busca ativa de estudantes, com o objetivo de criar protocolos de atendimento e encaminhamento.
Andressa expõe a criação de três comissões para tratar do problema da evasão. A primeira está elaborando uma política de combate à evasão, baseada em experiências internas e externas, com previsão de finalização em julho deste ano, seguida de consulta pública e encaminhamento para o Conselho Universitário. A segunda comissão está desenvolvendo dashboards com indicadores de evasão, incluindo painéis para acompanhamento em tempo real, com dados específicos para coordenações de curso e diretores de centros, respeitando as exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Por fim, a terceira comissão trabalha na elaboração de uma política de gestão de egressos, também com entrega prevista para julho.
Entre as ações futuras previstas para o segundo semestre, Andressa evidenciou a ampliação dos projetos-piloto para outros cursos, a institucionalização das ferramentas e dashboards, a aprovação e aplicação das políticas em desenvolvimento, e a realização de uma pesquisa qualitativa para identificar os fatores relacionados à evasão, complementando os dados quantitativos já levantados.
Na continuidade do seminário, foram apresentados os trabalhos selecionados de:
- Roniéry Rógeris Oliveira dos Santos: Relatório do CTS sobre evasão, análise, propostas e comissão organizada;
- Janaina Santos de Macedo: Projeto UFSC Sem Fronteiras e o Programa Institucional de Apoio Pedagógico aos Estudantes (Piape);
- Camila Araújo e Simone de Souza: Boas práticas no combate à evasão e promoção da permanência estudantil no Curso de Pedagogia;
- Andressa Pacheco, Larissa Kvitko e Raphael Schlickmann: Ações do curso de Administração;
- Marta Corrêa Machado: Tutoria individual: será que conseguimos?;
- Janaina Macedo, Ana Araújo e Grace da Silva: Programa de Monitoria Indígena e Quilombola;
- André da Silva Nascimento: Uso de fluxograma para visualização e acompanhamento do currículo.
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Destaques principais do Relatório Geral de Evasão e Retenção
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou uma análise abrangente sobre evasão e retenção nos cursos de graduação presenciais entre 2008 e 2023. Baseado em dados extraídos do Sistema de Controle Acadêmico da Graduação (CAGR), o relatório abrange mais de 103 mil matrículas e identifica fatores que impactam a permanência e o desempenho acadêmico. Abaixo estão os principais destaques:
Taxas de evasão e formação
- Entre 2008 e 2023:
- 45,6% das matrículas resultaram em evasão parcial;
- 31% em formação;
- 23,4% permanecem com status regular.
- A evasão é mais frequente nos primeiros semestres, com a maioria dos estudantes abandonando o curso antes do sexto semestre.
- Cursos com notas mais altas no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) apresentaram taxas menores de evasão e maior índice de formados.
Perfil dos estudantes
- Idade: A maior parte dos ingressantes tem entre 16 e 19 anos. Estudantes acima de 27 anos apresentam taxas mais altas de evasão em relação à formação.
- Sexo:
- Estudantes do sexo masculino representam a maioria das matrículas, mas têm taxa de evasão maior (49%) em comparação às mulheres (42%).
- Mulheres apresentam maior índice de formados (35%) em relação aos homens (28%).
- Raça:
- Estudantes autodeclarados “brancos” representam a maior parte das matrículas e evasões.
- A categoria “não informado” possui a maior taxa de evasão (71%).
Formas de ingresso
- O Vestibular é o principal método de ingresso, seguido pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU).
- Estudantes ingressantes pelo SISU têm a menor taxa de formados (15%) e a maior taxa de status regular (41%).
- O retorno de graduados apresentou a maior taxa de evasão parcial (64%).
Evasão por cursos, campi e centros
- O campus de Florianópolis concentra o maior número de matrículas, mas apresenta a menor taxa de evasão (44%).
- Campi como Joinville e Blumenau registram índices de evasão superiores a 59%.
- Centros como o de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM) e o Tecnológico de Joinville (CTJ) registraram as maiores taxas de evasão.
- Em contrapartida, os centros de Ciências Jurídicas (CCJ) e Ciências da Saúde (CCS) possuem os menores índices.
Retenção e tempo de conclusão
- A maioria dos estudantes formados conclui seus cursos entre oito e 11 semestres.
- A evasão se concentra majoritariamente nos dois primeiros anos.
- O tempo médio para ingresso na UFSC após a conclusão do Ensino Médio é de um ano.
Sobre
A Assessoria de Acompanhamento de Evasão, Permanência e Egressos foi criada para subsidiar as ações da Prograd no combate à evasão nos cursos de graduação. O trabalho é realizado em diálogo com outros setores da UFSC e com as coordenações de cursos.
Mais informações no site da Assessoria ou entre em contato pelo e-mail [email protected].
Rosiani Bion de Almeida / SECOM
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