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A expectativa de que a Netflix estaria “blindada” do tarifaço de Donald Trump caiu por terra após o presidente dos Estados Unidos anunciar, no domingo, 4 de maio, a imposição de uma tarifa de importação 100% sobre filmes produzidos fora do país e importados.
As ações da companhia registravam forte queda antes da abertura do mercado americano, recuando 4,93% perto das 10h28, aos US$ 1.114. Era a maior queda entre os nomes de mídia, que também sofriam com a decisão – a Disney recua 3,02%, a US$ 89,70, e a Warner Bros Discovery caia 4,33%, a US$ 8,17.
A avaliação de analistas e investidores é de que a Netflix será bastante prejudicada pela medida, considerando a forte presença de produtores internacionais em sua base e de filmes americanos feitos no exterior.
A expectativa de que a Netflix pudesse passar incólume às medidas de Trump foi levantada pelo Bank of America (BofA). Em relatório publicado em abril, o banco avaliou que o crescimento expressivo do volume de assinantes no mundo oferecia uma blindagem para a empresa.
A empresa fechou 2024 com um total de 301,6 milhões de assinantes, um aumento de 16% em relação a 2023 – a Netflix deixou de informar o número de usuários neste trimestre. A receita cresceu 12,5% no primeiro trimestre, em base anual, para US$ 10,5 bilhões e a projeção é fechar o ano com faturamento entre US$ 43,5 bilhões e US$ 44,5 bilhões.
Os analistas do BofA, porém, não consideravam a possibilidade de Trump impor uma tarifa sobre o setor, fator que deve pesar sobre a linha de despesas da Netflix e de outros estúdios. No primeiro trimestre, o lucro operacional da empresa subiu 27,1%, para US$ 3,3 bilhões.
Apesar de Los Angeles ter a reputação de ser a capital mundial do cinema, os estúdios de Hollywood transferiram produções para outros estados e países para reduzirem custos. Nenhum dos dez filmes concorreram ao prêmio de melhor produção na recente edição do Oscars foram filmados na cidade californiana.
O analista Barton Crockett, analista da Rosenblatt Securities, disse à agência de notícias Reuters que a tarifa pode “aumentar os custos de produção, levando os estúdios a produzirem menos conteúdo”, além de retaliações de outros países.
A decisão de Trump carece de detalhes. Divulgada através de sua conta na rede social Truth Social, a medida não informou se as tarifas serão destinadas a filmes e produções nas plataformas de streaming ou se apenas para filmes nos cinemas. O presidente também não divulgou como essas tarifas serão calculadas.
Segundo Trump, a medida foi tomada porque a “indústria cinematográfica americana está morrendo muito rápido” e que outros países estão oferecendo incentivos para atrair produções americanas. Ele diz que o objetivo é que os filmes sejam feitos nos Estados Unidos novamente.
Mesmo com muita produção migrando para outros países, a indústria cinematográfica dos Estados Unidos apresenta números robustos. Dados mais recentes da American Motion Picture And Television Industry, entidade que representa os estúdios, apontam que as exportações de filmes americanos somaram US$ 22,6 bilhões em 2023.
A indústria registrou um superávit de US$ 15,3 bilhões, com as exportações superando as importações em 3,1 vezes.
As ações da Netflix acumulam alta de 13,9% no ano, levando o valor de mercado a US$ 476 bilhões.
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Neofeed