
Nesta
quinta-feira, 24 de abril, mais de 60 mil pessoas passaram pela capela-ardente
do Papa Francisco, montada na Basílica de São Pedro, no Vaticano. A multidão
prestou suas últimas homenagens ao pontífice que marcou uma era na Igreja Católica
com sua simplicidade, postura acolhedora e defesa dos mais vulneráveis.
A
capela-ardente foi aberta ao público na quarta-feira e seguirá acessível até
esta sexta-feira (25), às 19h (horário de Roma), quando será realizada a
cerimônia de fechamento do caixão. O corpo do Papa repousa em um caixão de
madeira simples, como ele próprio havia solicitado, sem a tradicional
plataforma elevada, em mais um gesto de humildade que marcou seu pontificado.
O
funeral de Estado do Papa Francisco está marcado para este sábado, 26 de abril,
às 10h (horário local), com a Missa Exequial presidida pelo cardeal Giovanni
Battista Re. Após a celebração, o corpo será conduzido em procissão até a
Basílica de Santa Maria Maior, também em Roma, onde será sepultado — desejo manifestado
por Francisco, que optou por não ser enterrado dentro do Vaticano.
Voz
capinzalense no coração da Itália
Para
compreender mais sobre o clima na capital italiana neste momento histórico, a
reportagem conversou com o padre Sérgio Durigon, scalabriniano e atual diretor
da Pastoral Migratória na Diocese de Vicenza, no norte da Itália.
Padre
Sérgio nasceu em Anita Garibaldi, em Santa Catarina, mas possui raízes
profundas no município de Ouro, no Meio-Oeste catarinense. Seus pais, Carpi
Durigon e Ida Delazari Durigon, são naturais da cidade, e seus avós paternos
estão sepultados na comunidade de Linha São Paulo, enquanto os maternos
descansam na comunidade de Nossa Senhora da Saúde, ambas em Ouro.
Em
2013, padre Sérgio estava na Praça de São Pedro, em Roma, quando Francisco foi
eleito Papa. Na ocasião, ele concedeu entrevista à Capinzal FM, comentando a
comoção dos fiéis e a expectativa para aquele novo momento da Igreja. Agora,
novamente presente, ele testemunha outro capítulo da história: a despedida do
pontífice.
Com
uma longa trajetória como missionário scalabriniano — congregação voltada ao
atendimento de migrantes e refugiados — padre Sérgio vivenciou diversos
momentos próximos ao Papa Francisco, sobretudo em encontros e audiências que
envolviam temas sociais e de acolhimento. Ele recorda que, enquanto religioso
scalabriniano, sentia-se representado pelo Papa, que dava voz aos que não
tinham vez.
Relembrando
o Conclave e o futuro da Igreja
Durante
a entrevista, padre Sérgio também relembrou sua vivência em Viterbo, cidade que
sediou o primeiro Conclave da história, em 1268. “Naquela época, como os
cardeais não chegavam a um consenso, o povo decidiu trancá-los e oferecer apenas
pão e água até que houvesse uma escolha. Foi assim que surgiu o Conclave como
conhecemos hoje”, explicou.
Sobre
o novo processo de escolha, que deve ocorrer nas próximas semanas, ele lembrou
que os últimos dois pontífices — Bento XVI e Francisco — não estavam entre os
favoritos, reforçando que a decisão é conduzida não apenas por critérios
humanos, mas pela ação do Espírito Santo.
Ouça a entrevista: