É grande a probabilidade de faltar água em Camboriú durante as festas de final de ano

O prefeito eleito de Camboriú, Leonel Pavan, admitiu ao Página 3 nesta segunda-feira, que é grande  o risco de faltar água em Camboriú na virada do ano, porque a cidade não possui uma estação de tratamento, compra o produto de Balneário Camboriú, onde o consumo e a capacidade de produção estão no limite da escassez.

No governo Elcio Kuhnen, numa decisão heterodoxa, a concessionária Águas de Camboriú foi desobrigada de construir uma estação de tratamento de água, mesmo com todos os envolvidos sabendo que haveria problemas de abastecimento.

Para a concessionária é um negócio ótimo, ela compra água da Emasa ao preço de R$ 1,97 o metro cúbico (mil litros) e vende para a população camboriuense por até R$ 7,94, dependendo do enquadramento do consumidor (veja tabela mais abaixo).

Consumo em Camboriú não para de crescer

Nos últimos 35 meses, a quantidade média de água que a Emasa forneceu  a Camboriú ficou sempre acima dos 180 litros/segundo, que é o mínimo garantido em contrato para o vizinho município.

Entre o verão de 2022 e o de 2024, somados janeiro, fevereiro e março, o consumo aumentou quase 23% e ficou, na última temporada, com demanda média

61% acima do fornecimento garantido.

É uma situação insustentável pelo crescimento da demanda, pois em Balneário Camboriú ela também aumenta continuamente e precisa ser ampliada, com urgência, a estação de tratamento, para a qual não existe nem projeto.

Vazão média em Camboriú

Preços são bem mais altos em Camboriú

O preço da água em Camboriú é bem mais alto do que em Balneário Camboriú. Péssimos negócios -para a população- feitos pelos políticos da vizinha cidade nos últimos 15 anos, levaram à situação do município não ter rede de esgotos, não possuir tratamento de água e o povo ainda pagar mais caro.

Tarifa social tem regras bem restritivas

Segundo a Organização das Nações Unidas, uma pessoa precisa de 110 litros por dia para atender necessidades básicas, portanto uma família com quatro integrantes já gastaria mais do que os 10m3 que é a faixa mais econômica, a chamada tarifa social.

Além disso, para usufruir da tarifa social, o consumidor não pode ter renda familiar superior a um Salário Mínimo, não possuir outro imóvel nem veículo automotor; a residência não pode ultrapassar 70m² e ter consumo médio de 10m3 nos últimos 12 meses.

Isso quer dizer que o cidadão não pode ter uma motocicleta para se locomover ou ganhar a vida, se quiser ter água a preço “social”.

Preços por m3 (1 mil litros)  sem impostos

O que diz a Águas de Camboriú

Reginalva Mureb, presidente da Águas de Camboriú, respondeu por escrito as indagações do Página 3, confira:

Sobre desabastecimento no final do ano

Nas cidades de veraneio, nunca sabemos a variação da população flutuante e o respectivo consumo a cada ano, já que depende de muitos fatores. Camboriú compra água de Balneário Camboriú e o rio que fornece esta água é o mesmo. Hoje, Balneário Camboriú tem uma limitação de fornecimento para a concessionária Águas de Camboriú nesta época do ano. Queremos comprar mais, mas a cidade vizinha também precisa atender a sua própria demanda. Desta forma, imaginamos que, na virada do ano, é possível que tenhamos sim alguma dificuldade no abastecimento. Mas, a exemplo de outros verões recentes, será muito rápido e pontual e, logo nos primeiros dias do ano, o abastecimento deve ser normalizado.

Sobre valores aplicados

Os valores de tarifa consideram todos os investimentos da concessionária ao longo do período de concessão. 

Sobre construir ETA em Camboriú

A construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) para Camboriú estava prevista no plano original, mas acabou sendo retirada pelo atual governo. No entanto, se o novo prefeito entender que é necessário retomar o plano de construir a ETA para Camboriú, a estrutura poderá ser construída sim, basta realizar os devidos ajustes e entendimentos para que isso ocorra. Importante lembrar também que é preciso avaliar o  volume de água disponível no rio Camboriú para se obter a outorga necessária para captação e tratamento de água na cidade.