Centro Integrado de Cultura foi oficialmente nomeado com placa em homenagem a Julio Batschauer, o Juca

Na noite de quarta-feira (27) foram celebrados os 10 anos do Teatro Municipal Bruno Nitz, marcados pelo descerramento da placa que define que o Centro Integrado de Cultura, que engloba o Teatro, a Praça Bruno Nitz e o Boulevard da Rua 200, agora se chama Julio Batschauer. A lei foi aprovada em 2022. 

Juca em cena (Foto: Divulgação)

Julio era mais conhecido como Juca e faleceu em julho/2020, aos 47 anos, vítima de uma parada cardíaca, e foi uma figura emblemática da cultura de Balneário Camboriú, dirigindo e atuando em muitos espetáculos. 

Atriz e ex-esposa de Juca espontaneamente teve a ideia de nomear o teatro em homenagem a ele, e depois o CIC.

A artista Potyra Najara foi casada com Juca e a vida dos dois se cruzou justamente pelo teatro – ela começou a atuar aos 12 anos, em Balneário Camboriú, e alguns anos mais tarde entrou para a Companhia Ensamble Produções Artísticas e acabou se relacionando com Julio, com quem se casou e teve uma filha. “Nós estivemos juntos por 13 anos fazendo teatro na cidade com a Companhia Ensamble Produções Artísticas. No momento da sua partida, do seu falecimento, nós continuávamos amigos. Não éramos mais casados, mas compartilhamos uma vida nas artes. E eu fiz uma homenagem para ele, como amiga, como artista, falando da perda desse artista que nós tivemos. E no final, do fundo do meu coração, acalorada por aquele momento de homenagem, eu falei, ‘o nosso teatro podia se chamar Júlio Elysio Batschauer Filho’”, relembrou.

Potyra e Luciano, dupla de amigos e companheiros de Juca (Foto: Renata Rutes)

Potyra apontou que todos os anos em que esteve na Ensamble, todo final de espetáculo, quando iam na frente do palco diziam ‘Balneário Camboriú precisa de um teatro’. 

Ela contou que se apresentavam na areia da praia, na Avenida Atlântica, e que na época nem existia Pontal Norte ou Pontal Sul do jeito que é hoje. 

“Em todo lugar estávamos – até na escadaria do Departamento de Cultura, pois não tínhamos espaço para trabalhar. E quando ele partiu, não tinha como eu não lembrar desses momentos. E foi onde eu falei, não foi uma sugestão, foi do meu coração mesmo. Só que temos muitos colegas, artistas, que também achavam a mesma coisa e acabou virando um movimento dos artistas, solicitando que o teatro viesse a se chamar Julio Batschauer. Mas claro, o teatro já é nomeado e não tinha como tirar o nome de uma pessoa que está homenageada para colocar outra, mas então veio essa ideia do CIC, que não era nomeado”, disse.

Com apoio da ex-vereadora Marisa Zanoni, os artistas conseguiram contato com o vereador Nilson Probst e o projeto de lei foi aprovado em 2022, com o CIC sendo nomeado em homenagem à Juca – mas o teatro entrou em reforma e só foi reinaugurado oficialmente na noite desta quarta (27), quando a placa foi revelada. 

“Isso é de uma importância absurda para cada um dos artistas dessa cidade, porque quando a gente lê o nome do Júlio ali, nós todos estamos um pouco cravados nessa placa. Isso é uma homenagem ao artista, à cultura da cidade. Eu fiquei muito feliz disso virar realidade. O Júlio merece muito e carrega a gente com ele nesse ato também, para a posteridade”, completou.

Prêmio em homenagem à Juca também foi lançado

O ator e escritor Luciano Estevão, que lançou na noite de quarta o livro ‘A História do Movimento teatral de Balneário Camboriú’, foi amigo de Juca por muitos anos e pontuou que a homenagem é ‘perfeita, gigante e maravilhosa’ para um grande ator, empreendedor e produtor cultural da cidade. 

“Foi mais do que merecida essa homenagem. E a Câmara Setorial de Teatro e o Movimento Teatral de Balneário Camboriú lançam também, no Dia Internacional do Teatro, o Prêmio Julio Batschauer para as grandes celebridades do Teatro de Balneário Camboriú, que será escolhido durante todo o ano e entregue no final do ano para os melhores. Será um prêmio anual e essa é a primeira edição”, disse.

Pedido para homenagem ser adiada é feita por artistas

O ator Eduardo: “Queríamos fazer um evento específico, dos artistas para o Juca” (Divulgação)

Porém, apesar de reconhecer a importância da homenagem assim como Potyra e Luciano, outro artista e amigo próximo de Juca, Eduardo Hora, que era também seu sócio e herdou a Ensamble, disse que a ideia para descerrar a placa era diferente. 

“Quando nós recebemos o aval que foi aprovado o nome do Juca no CIC, nós começamos a organizar para fazer uma grande homenagem para o descerramento da placa. A ideia era fazer em julho, que foi quando ele faleceu, e coincidentemente mês de aniversário da cidade. Não fizemos o ano passado em decorrência de uma licitação, fomos informados que estava em andamento para uma reforma na fachada, então a gente ficou aguardando. Quando nós resolvemos que íamos lançar a pedra filosofal para começar a movimentar os trabalhos de homenagem ao Juca, a Fundação fez isso que está fazendo hoje (o descerramento da placa), sem nos consultar”, informou. 

O descerramento da placa feito pelo prefeito, pela presidente da Fundação, na presença da mãe de Juca (Foto: Renata Rutes)

A placa foi descerrada pelo prefeito, Fabrício Oliveira, pela presidente da Fundação Cultural, Denize Leite e pela mãe de Julio, Amândia.

Segundo Eduardo, os artistas que planejavam a homenagem para Juca e descerrar a placa, não foram informados que a cerimônia -política, como definiu Eduardo- seria na noite de quarta (27) – eles ficaram sabendo pela divulgação da prefeitura. 

Eduardo tentou pedir que fosse adiado, se apresentou como representante da família. Ele tinha 30 anos de amizade com Juca e foi o ‘herdeiro’, em Cartório, da Ensamble. 

“Todas as montagens que o Juca fez, desde meados dos anos 90 até agora, eu participei de alguma outra forma. Nós tínhamos uma justificativa plausível perante o público. Ignoraram meu pedido. Nós queríamos fazer um evento específico. O que está sendo comemorado hoje é 10 anos do teatro, que o Juca está por trás, é claro, mas não é o Juca. Pedimos que a cerimônia fosse um direito nosso, com o apoio da Fundação. Nunca se descartou a participação da Fundação, muito pelo contrário, e obedecendo os protocolos administrativos, evidentemente, porque nós somos pessoas informadas, inteligentes, e conhecemos os trâmites. Mas o que foi feito foi uma realização da Fundação. O meu repúdio é que foi um ato de arrogância da Fundação, de fazer o negócio, de se apropriar das nossas relações de trabalho, de amizade com o Juca, que é o homenageado da noite, e fazer a homenagem deles, e não nos consultar”, comentou, citando que o desejo era que os artistas que viveram com Juca estivessem no palco – a exemplo da peça ‘Arrox cum Ovu’, protagonizada por Potyra e Bruna Froehner, dirigida por Juca.

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