No U20, Wellington Dias, diz que 70% das famílias atingidas por problemas climáticos no Brasil são as mais vulneráveis


A prefeita de Abaetetuba, Francineti Carvalho, ressaltou que as cidades amazônicas não conseguem enfrentar sozinhas o desmatamento nem sustentar uma economia verde. Tainá de Paula, uma das relatoras do Plano Diretor do Rio, defendeu a criação de um fundo para favelas impactadas por eventos climáticos. Wellington Dias e Thainá de Paula
Rafael Nascimento/g1
Um pacto entre as cidades em prol da resiliência climática do Brasil foi um dos principais pontos discutidos durante o primeiro dia de debates no Urban 20 (U20), uma das agendas paralelas do G20, que reúne as principais economias do mundo para discutir fome, clima e sustentabilidade no Rio de Janeiro.
Durante o U20, que reúne prefeitos e delegações de mais de cem cidades, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, destacou que 70% das famílias afetadas por problemas climáticos no Brasil são as mais vulneráveis. Ele enfatizou que, além de garantir comida e renda, é fundamental proporcionar moradia de qualidade, considerando as mudanças climáticas.
“Não é possível conter os efeitos das mudanças climáticas sem trabalhar em conjunto com as pessoas mais vulneráveis. Nos desastres climáticos, mais de 70% das pessoas afetadas são aquelas que já enfrentam dificuldades. No Brasil, no Rio, no Rio Grande do Sul, no Piauí, são elas que pagam o preço. Portanto, é necessário um plano, e temos recursos do PAC para isso. Já disponibilizamos mais de R$ 84 milhões para contenção de encostas no Brasil. Precisamos pensar na qualidade de vida dessas pessoas. Não se trata apenas de comida ou renda; é essencial que elas possam viver em locais seguros, com os recursos necessários para a vida”, afirmou.
A prefeita de Abaetetuba, Francineti Carvalho, ressaltou que as cidades amazônicas não conseguem enfrentar sozinhas o desmatamento nem sustentar uma economia mais verde. “Ou nos unimos e melhoramos, ou vamos todos sucumbir juntos”, declarou durante uma das mesas de debate.
Em outra discussão, foi enfatizado que é preciso enfrentar as resistências de alguns opositores quando se propõem mudanças, como novas legislações que podem impactar a economia, mas beneficiar o meio ambiente. Contudo, também foi destacado que o Brasil precisa lidar com feridas ainda abertas, como a falta de saneamento básico e infraestrutura adequada em muitas cidades para enfrentar as mudanças climáticas.
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Fundo para favelas
A vereadora Tainá de Paula, uma das relatoras do Plano Diretor do Município do Rio, defendeu a criação de um fundo para favelas impactadas por eventos climáticos. Ex-secretária do Meio Ambiente e Clima da cidade entre 2023 e 2024, Tainá foi vice-presidente da comissão que discutiu o novo plano diretor, que estabeleceu um novo zoneamento e definiu instrumentos para o desenvolvimento urbano carioca.
Ela explicou como funcionaria o fundo: “Do ponto de vista privado, já existe investimento nas favelas por pequenos comerciantes e negócios locais. Todo imposto arrecadado vai para a cidade como um todo, e eu defendo que sejam criados fundos específicos que recolham esses impostos pagos pelos moradores e que esse investimento seja direcionado diretamente para cada favela, especialmente aquelas com grandes pontos comerciais”.
“Se pensarmos no mercado imobiliário e no comércio da Rocinha e do Alemão, a escala é impressionante. O PIB das favelas é maior do que o de vários municípios brasileiros. No entanto, pouco se retém e pouco se destina a subsídios para investir na infraestrutura, não apenas para adaptação às mudanças climáticas e deslizamentos, mas também para atrair mais investimentos”, acrescentou.
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