Festa a motor

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Eles mantinham uma tradição de só subir ao palco se chegassem em um opala conversível, tocando em eventos que iam de festas de aniversário a inaugurações de postos de gasolina. Com 18 anos de estrada, e a despeito do hiato de uma década em sua história, a banda Caronas do Opala comemora a “festinha de Niver da maioridade” amanhã, a partir das 21h, na Vila do Porto, no Varadouro, em João Pessoa, com abertura da DJ Claudinha Summer. O show marca o retorno do baterista Nildo González ao grupo, e os ingressos antecipados podem ser adquiridos no site Shotgun, a partir de R$ 20.

Formada em 2006, a banda construiu uma trajetória que mescla influências do rock n’roll, da jovem guarda e do brega, estilos que marcaram a juventude dos integrantes e dialogam com a nostalgia das décadas de 1970 e 1980. Com a volta da formação composta por González, Degner Queiroz (baixo) e Valter Pedrosa (guitarra), a cantora Val Donato também assumiu o vocal, o que trouxe um novo perfil para a sonoridade do grupo.

Val, conhecida na cena do rock e MPB, aceitou em 2022 o convite do grupo para reavivar o projeto com satisfação. “Foi um desafio grande. Me enviaram cerca de 40 músicas que eu não cantava nenhuma e também nunca havia me aventurado nesse estilo. Mas eu adoro um desafio. Foi um processo muito prazeroso de criar essa nova persona para cantar o repertório da banda. Além da responsabilidade de assumir o vocal de uma banda que marcou época na cidade, impondo também a minha marca”, afirma a cantora.

Nessa nova fase, a banda inclui também músicos convidados, como Felipe Gomes (trompete), Daniel Lima (trombone) e Bruno Benites (teclados), que completam o time e colaboram na formação de um show com sonoridade mais encorpada.

 O rebelde começo

Degner Queiroz é um nome já bem conhecido na cena musical pessoense. Cercado pela música, o baixista, detentor de uma coleção de mais de dois mil discos em vinil, toca não apenas no Caronas, mas em outros três projetos — a banda de hardcore Dead Nomads, o grupo RetroHollics e o In The Mood Hard Blues. “Não sei dizer quem é Degner sem música. O Caronas do Opala possui a influência do rock, com seus estilos mais juvenis na veia, só que com essa coisa nostálgica na vida da gente, que é o brega”, explica, lembrando que o estilo musical sempre esteve presente em bares de bairro e nas memórias em família.

O nome da banda surgiu como uma homenagem ao automóvel que, como lembra Degner, simbolizava o sucesso profissional dos artistas da época, um símbolo de conquista e prosperidade para músicos de brega e outros estilos populares do passado. O conceito por trás do grupo é o de pegar carona no universo nostálgico do cancioneiro popular, mantendo viva a memória musical e trazendo um toque contemporâneo às canções.

Entre os antecessores na experiência com o brega na cidade, Degner lembra da banda Omelete, dirigida pelo professor Sinfrônio Lima, como uma influência. “Só que era uma coisa mais hilária e a gente fazia uma coisa mais séria. Era uma banda mais histórica e era uma inspiração, porque os caras eram grandes músicos da universidade”.

Ao longo dos anos, a banda passou por várias transformações, desde os momentos de maior rebeldia até a maturidade adquirida após o retorno, com uma abordagem mais profissional. “Já teve um show em que o vocalista estava com um microfone sem fio e de repente ele desapareceu do ginásio onde estávamos tocando. Ele foi pro meio da rua e cantou sentado num boteco. De repente ele sobe no último banco da arquibancada. A gente tava saindo do underground e às vezes tínhamos alguns problemas porque o pessoal não tava acostumado com essa loucura de rockeiro jovem”, conta.

Em sua fase inicial, a banda gravou algumas faixas de um disco que não chegou a ser completado. O decênio em suspenso do Caronas se deu em meio a um momento de reformulação do grupo, que passou por mudanças na formação e foi interrompido pela saída de integrantes, como o antigo sintetizador do grupo, Fabiano Formiga, o Furmiga Dub, além da pausa médica do baterista Nildo González. Dado o esforço envolvido na atividade percussiva e diante de sua cardiopatia, Nildo precisou suspender as atividades por orientação médica, submetendo-se, em seguida, a uma cirurgia.

O retorno da banda, portanto, é marcado por uma escalada no profissionalismo, com mais experiência de vida e responsabilidade por parte dos integrantes, porém com a energia que sempre deu partida no Opala. “Esse show, além de ser um aniversário da banda, é um retorno dele [Nildo] aos palcos. O retorno dele à música, inclusive. É uma celebração em dobro: da volta da banda e da recuperação do Nildo”, acrescenta Degner.

Opalão 24

Degner já acompanhava a carreira de Val Donato há bastante tempo, com participações dos dois em mútuas apresentações. Diante da suspensão da banda em decorrência da saída do antigo vocalista, Degner conta que sentou com Nildo para pensar em nomes para o possível retorno.

“O primeiro nome que penso é Val Donato. Aí Nildo disse: ‘Pare por aí, nem precisa falar mais. Vamos já nela’. Eu liguei, e ela topou, dizendo que ia ser um desafio, já que nunca teve experiência com os artistas do cancioneiro popular”. O baixista comenta que, apesar disso, a artista vestiu a camisa do projeto. “Faço isso em tudo que decido fazer. Se eu topo, mergulho”, assevera Val.

Com uma carreira que inclui apresentações ao lado de grandes nomes do brega, como Agnaldo Timóteo, Reginaldo Rossi e recentemente com Odair José, pelo Projeto Seis & Meia, o Caronas do Opala possui lugar de destaque em festivais e eventos no Nordeste, como a tradicional Festa das Neves na capital. No repertório, a banda combina canções autorais com clássicos do brega, criando um espetáculo que agrada tanto à nova geração quanto ao público da velha guarda.

Agora, os integrantes planejam retomar e lançar gradativamente novas músicas, incluindo composições que estavam guardadas e inéditas criadas a partir da nova formação. “O público pode esperar muita diversão, além das homenagens aos artistas que a gente toca, como Roberto e Eramos Carlos, Diana, Bartô Galeno, Baltazar, Reginaldo Rossi e muito mais”, adianta Degner. “Os shows com o Carona são sempre maravilhosos. O repertório da banda desperta muito as memórias afetivas de várias gerações, e isso reflete na alegria das pessoas curtindo o show”, confirma Val Donato.

CARONAS DO OPALA
– Amanhã, às 20h.
– Na Vila do Porto (Praça São Frei Pedro Gonçalves, 8, Varadouro, João Pessoa).
– Ingressos: R$ 20, antecipados na plataforma Shotgun.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 13 de novembro de 2024.

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Fonte

A União

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